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Os Estudos Culturais

Por:   •  11/5/2019  •  Trabalho acadêmico  •  418 Palavras (2 Páginas)  •  84 Visualizações

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Refletir sobre o nosso tempo histórico pode ser frutífero na medida em que propõe questões sobre as próprias concepções que temos do momento em que vivemos. A sociologia e a história como parâmetros deste tipo de reflexão são essenciais na criação de conceitos explicativos contemporâneos.

Segundo o Anuário Antropológico poucas expressões estão sendo tão discutidas como “crioulização”, seja na, antropologia, nas artes, ou no pensamento político em torno da multiculturalidade. A expressão surge definindo expectativas culturais e ideológicas que invocam ideias de mistura criativa, antirracismo e antinacionalismo, humanismo, igualdade e outras semelhantes. 

São três os principais usos da expressão “Crioulo” em contextos contemporâneos. Em Portugal, a expressão refere-se à língua cabo-verdiana falada pela grande comunidade imigrante daquele país, enquanto em Cabo Verde tem vindo a significar “cultura” e “identidade”. No Brasil carrega a conotação de “Negro” de classe baixa, que não tem o sentido hispano-americano se referente as pessoas de descendência europeia nascidas nas Américas. Em vários contextos africanos continentais refere-se às raízes históricas dos grupos sociais.

O conceito de crioulização pede que pensemos primeiramente sobre outro, o de hibridização. Como ambos são usados para tratar de encontros “não previstos” e misturas “não ortodoxas”, poderia haver interpretações ambíguas na aplicação dos mesmos. Em Zilá Bernd a definição do que seria híbrido “corresponde a uma miscigenação ou mistura que violava as leis naturais. (...) Considera-se híbrida a composição de dois elementos diversos anomalamente reunidos para originar um terceiro elemento que pode ter as características dos primeiros reforçadas ou reduzidas” (BERND, 2004, p.99). Para esclarecimento sobre a crioulidade podemos dizer que  a cultura criada a partir dessa mescla seria sincrética, dita crioula. Essa crioulização pode ser do tipo transcultural, ou seja, quando “grupos subordinados ou marginalizados selecionam ou inventam a partir dos materiais a eles transmitidos pela cultura metropolitana dominante” (HALL, 2008, p.31). A cultura crioula, então, abraça elementos das nações que a geram e, inevitavelmente, a língua que surge com essa nova cultura, carrega traços de mestiçagem e mescla.

Através da crioulização, o intercâmbio de experiências culturais se dá explicitamente, entretanto, “a crioulização não deve ser vista apenas como um processo da natureza composta de um povo, vez que nenhum povo foi poupado do processo intercultural” (GLISSANT, 1989, p. 140), assim como não é mais legítimo se glorificar as origens, especialmente se feito pelo ângulo racial. Essa prática de “crioulização cultural é talvez a que mais tenha se ajustado à delimitação de uma postura de outrização produtiva” (CARVALHO, 2003), pois tenta estabelecer um relacionamento intercultural de um modo renovado e igualitário. 

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