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Os três tipos puros de dominação legítima - Max Weber

Por:   •  5/11/2020  •  Resenha  •  1.955 Palavras (8 Páginas)  •  225 Visualizações

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O tipo ideal nada mais é o modelo abstrato sobre determinado assunto. A partir de um modelo, ou seja, a partir de um tipo ideal analisar a realidade que é o objeto de estudo no caso. Nessa idéia Weber vai construir um tipo, ou no caso aqui, três tipos ideais de dominação. Não significa ser o tipo ideal de dominações que deveriam existir, mas no sentido de serem projeções "utópicas" que não podem ser encontradas de forma pura na realidade.

Aqui os tipos ideais de dominação servem para que o cientista social possa com base nesses tipos ou nesses modelos analisar de que forma se dá a dominação de um sob o outro. De uma maneira simples poderíamos dizer que dominação é quando uma pessoa manda e a outra obedece.

No caso do Weber, ele vai dizer que o caso de dominação ela não é simplesmente de que um manda e outro obedece, sem a vontade do outro em obedecer. Tanto que o autor usa a expressão "dominação legítima", que é quando o dominado precisa se voluntariar minimamente, aceitando a dominação. Ele coloca que aquele indivíduo que se submete faz o que o outro quer, não importa ali naquele momento os motivos, o que importa é que ele está fazendo. Quando ele está fazendo está aceitando, se submetendo, ou seja, legitimando o domínio do outro. Porque se o mesmo indivíduo não quisesse fazer de forma alguma, nada o obrigaria a fazer o que o líder deseja.

Nesse sentido aqui faria sentido usar a mesma nomenclatura que o jurista italiano Norberto Bobbio utiliza nos seus textos quando vai falar a cerca das relações de poder e autoridade. Ou seja, o Bobbio afirma que existe o A e o B, onde o A seria aquele que manda e o B é aquele que obedece. Então nesse sentido o Bobbio afirma que uma relação de poder é aquela na qual é usada principalmente ali uma ameaça ou a ideia de algum tipo de coerção do A sobre o B, e por sua vez uma relação de autoridade é uma relação na qual o A ele vai mandar em relação ao B, vai dar alguma ordem para que o B o obedeça, mas o B vai fazer e vai concordar, vai aceitar isso. Para Bobbio, poder é um conceito e autoridade é outro conceito.

Não se pode pressupor uma liderança efetiva e eficaz se não houver um mínimo de voluntariedade por parte do liderado.

É esse então o sentido que o Weber, antes do Bobbio, vai analisar essas relações de dominação, ou seja, ele vai levar em consideração não apenas aquilo que o A faz, mas também levará as ações que liderados, o que o B vão em relação com as ordens dos líderes. Isso se torna extremamente relevante, porque na época em que o Weber escreve outros autores escreviam também sobre as relações de dominação, mas esses autores contemporâneos do Weber falavam apenas acerca das ações dos líderes, enquanto Weber inovou, porque leva em consideração não apenas aquilo que os líderes fazem, mas também os motivos que levam os liderados obedeçam aos líderes. Daí então a ideia que a dominação é uma dominação legítima, por exemplo, se pode dizer então que um subordinado obedece ao seu chefe e obedece de mal grado, contra sua vontade, mas está obedecendo, então existe aí uma relação de dominação. E essa relação de dominação é tão válida quanto aquela relação em que o liderado obedece ao líder porque admira o líder, ou seja, de um lado existe um sentimento por parte do liderado de obrigação, talvez de contrariedade até, e por outro lado existe um sentimento por parte do liderado de admiração de vontade de seguir aquele líder. E pro Weber os dois casos vão existir a dominação, não importa se o domínio é por uma obrigação ou por admiração, mas nos dois casos então existirá essa relação de dominação e a relação de dominação será legítima, pois será aceita pelo liderado. Tanto que o Weber afirma que a única situação que não se poderia falar em dominação é uma relação entre um homem livre e um escravo, porque no caso desse escravo não existe a voluntariedade, não existe a ideia que o escravo obedece o seu dono, por que está se voluntariando a obedecê-lo. O escravo obedece de maneira involuntária, é obrigado a obedecer, mas não há esse sentimento de voluntariedade que é um sentimento que pro Weber existe nas relações de dominação que são legítimas na sua visão.

Muitas pessoas consideram Poder e Dominação, como sinônimos, entretanto tais conceitos possuem apenas uma ligação e, portanto, diferem entre si. Assim sendo, diz-se do Poder como sendo a capacidade de induzir ou influenciar o comportamento de outra pessoa, seja utilizando-se de coerção, manipulação ou de normas estabelecidas, ao passo que Dominação (ou Autoridade) é o direito adquirido de se fazer obedecido e exercer influência dentro de um grupo, podendo fundamentar-se, como motivo de submissão, em tradições e costumes institucionalizados, qualidades excepcionais de determinados indivíduos, afeto, interesses ou regras estabelecidas racionalmente e aceitas por todos.

Os três tipos puros de dominação legítima para Weber:

1° tipo: dominação tradicional. – sociedades ditas como primitivas

Significa dizer que o liderado obedece ao líder por uma questão de tradição. Ou seja, tem como base de legitimação, e de escolha de quem a exercerá, as tradições e costumes de uma dada sociedade, personificando as instituições enraizadas no seio desta sociedade na figura do líder. Acredita na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais, em um "estatuto" existente desde o principio, com o poder emanando da dignidade própria, santificada pela tradição, do líder, de forma fiel.

Neste tipo, quem ordena é o senhor e quem obedece são os súditos, as regras são determinadas pela tradição, é regida pela honra e a boa vontade do senhor, que é considerado justo, e há uma prevalência dos princípios de equidade material em detrimento dos formais na atividade administrativa. Exemplos: a dominação patriarcal (tipo mais puro dessa dominação), uma aldeia indígena, a monarquia, os despotismos, o Estado Feudal. Um indivíduo obedece ao líder da sua igreja, porque é uma tradição que os fiéis sigam as lideranças dos líderes religiosos ou espirituais. Ou numa tribo, onde quem é o líder é o mais velho, então o que justifica aquele indivíduo que é mais velho, mais idoso que se transforme num líder, é a ideia da tradição.

2° tipo: dominação carismática

É aquela em que o liderado vai obedecer ao líder porque enxerga nesse líder algum tipo de carisma, algum tipo de sentimento de idolatria ou reconhecimento que aquele líder possui características extraordinárias e que por isso o liderado acaba por segui-lo.

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