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Por:   •  2/9/2015  •  Relatório de pesquisa  •  3.440 Palavras (14 Páginas)  •  111 Visualizações

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 METODOLOGIA TERAPÊUTICA

I - INTRODUÇÃO

  • Pressupostos

O uso inadequado e/ou o abuso de substâncias psicoativas, passa a ocupar um lugar central na vida de um indivíduo (ou grupo social), na medida em que haja um estreitamento das demais alternativas e oportunidades, seja em função da  predisposição orgânica, algum mal-estar psíquico, ou da falta de perspectivas de engajamento pessoal e social, em atividades de lazer, profissionais ou afetivas. Nestes casos, a droga deixa de ser um elemento a mais na vida de uma determinada pessoa ou grupo, para ser o elemento em torno do qual se organiza a vida e a sociabilidade.

Em suma, utilizar drogas de forma abusiva e danosa, é geralmente fruto de uma dinâmica descontínua e complexa, daí a magnitude dos desafios postos à prevenção, tratamento, e reinserção social, e  o fracasso de inúmeras iniciativas meramente informativas, ou que enfocam a questão de uma única perspectiva.

O grande desafio para trabalhar a questão das drogas, num enfoque  mais contemporâneo, consiste em fazê-lo sem preconceitos, com informações suficientes para que o cidadão e sua família, mantendo sua autonomia, façam sua opção consciente por uma melhor QUALIDADE DE VIDA. Esta, tem como pressuposto a Saúde Mental, componente da definição geral de SAÚDE da OMS: "Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de  doença ou enfermidade".

Por sua vez, a Saúde Mental pode então ser definida como um "estado de bem-estar no qual o indivíduo percebe suas próprias habilidades, consegue lidar com os estresses cotidianos da vida, consegue estudar ou trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para o ambiente familiar e/ou comunitário."

Para elaborarmos uma proposta de “Reabilitação Psicossocial”, entendendo-a como o processo que ajuda as pessoas à atingirem seu grau de funcionalidade mais elevado possível (e , logicamente, com qualidade de vida), é necessário refletirmos: “Qual o melhor método ou teoria científica a ser utilizado? Qual o melhor tratamento e modelo? O melhor momento? O melhor profissional?”, esclarecendo que as respostas para essas questões dependem de outras questões, tais como: “Para quem? Quando? Com que grau de comprometimento? Depois de quantas intervenções?”, lembrando-nos que o modelo e o método dependem de elementos e combinações que requerem um grau de conhecimento e cuidado acentuado e que, mesmo assim, não significam  respostas absolutas.

Para se propor um tratamento é necessário levar em consideração que cada ser humano é único e apresenta o seu quadro de comprometimento, somando a esse quadro toda a sua história e sua construção cognitiva e comportamental, além de suas características individuais. A partir disto, podemos perceber que as possibilidades de ações podem ser diversas, combinadas, sistematizadas e acompanhadas/monitoradas de diferentes formas, em diferentes momentos para diferentes alcances dentro do processo. Ou seja, de alta complexidade.

  • Forma e abordagem

Uma forma de tratamento da dependência de álcool e outras drogas, que vem  sendo muito utilizada  em todo o território nacional  e apresentando bons resultados, é a de “serviços públicos e privados, de atenção às pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas, segundo modelo psicossocial”, também conhecidos como Comunidades Terapêuticas.                                          

Uma abordagem que vem apresentando resultados positivos nas “Comunidades Terapêuticas” é a sistêmica. O conceito de dependência na perspectiva sistêmica é entendido como um mecanismo natural de adaptação inerente ao ser humano, o qual se encontra intimamente ligado ao conceito de autonomia. Tal abordagem propõe que não devemos tratar de forma isolada a questão da drogadição, e sim dentro da visão que a focalize como manifestação de uma síndrome maior: a ADICÇÃO, vista não só sob seu aspecto biológico e pessoal, mas também como resultante de uma patologia social.

  • O Modelo Minnesota – 12 Passos

A partir destes pressupostos de uma abordagem sistêmica, dentro da metodologia a ser utilizada no CREMA, estaremos pautando nossas intervenções terapêuticas no modelo mundialmente utilizado e reconhecido como eficiente, que é o Modelo Minnesota. Tal modelo surgiu nos EUA, após a abolição da Lei Seca e os transtornos da Segunda Guerra Mundial, que contribuíram para uma epidemia de alcoolismo e outras drogas, sem que houvesse qualquer previsão para tratamento institucional, a não ser o encaminhamento para manicômios.

Assim, com o término da guerra em 1945, o sistema de saúde mental americano estava sobrecarregado, sem pessoal e sem verbas. No Manicômio Estadual em Minnesota, 80% dos internos  foram diagnosticados como alcoólatras (ou ébrios, como eram chamados naquela época), e diante da falta de pessoal e de uma metodologia eficaz, tomaram uma medida inédita: convidaram leigos,  alcoólatras em recuperação - membros de Alcoólicos Anônimos,  para tentar administrar essa população.  Os resultados foram tão expressivos que alguns desses leigos foram contratados como os primeiros “conselheiros” ou “consultores em alcoolismo”.

Então, desenvolveram um modelo totalmente diferente do tratamento tradicional,  que era individual e analítico.  O processo tornou-se essencialmente grupal, no qual as pessoas trocavam suas histórias.

O Modelo Minnesota baseia-se nas seguintes concepções:

- Dependência química é uma doença e não um sintoma de outra patologia.

- É uma doença multifacetada e multidimensional.

- O motivo inicial que leva ao alcoolismo (ampliado para ADICÇÃO) não está relacionado com o resultado.

O Modelo Minnesota rege-se pelos seguintes princípios:

  • A meta é tratar e não curar.  O paciente é motivado a aprender a viver com seu alcoolismo (sua Adicção), que é uma condição crônica, e não a procurar as causas e esperar por uma cura.
  • Baseia seu programa de tratamento no Programa dos Doze Passos dos Grupos de Ajuda Mútua, especialmente nos cinco primeiros Passos.
  • Cria um ambiente onde a Comunidade Terapêutica seja totalmente aberta e honesta, o que propicia uma troca de experiências em todos os níveis.
  • Tem uma equipe multidisciplinar que inclui um profissional denominado "conselheiro em adicção”, que pode ser um dependente químico em recuperação.
  • Apresenta um programa essencialmente didático que é aplicável a qualquer pessoa, mas se utiliza um plano de tratamento que é específico para cada paciente.

Neste Modelo são utilizados três enfoques:

I - Programa dos 12 Passos – Os residentes são encorajados a praticá-lo e a frequentar reuniões de grupos de ajuda mútua, porque:

1- Estão numa linguagem simples e acessível a vários níveis culturais.

2- São numerados, indicando um processo e não um momento de “cura”.

3- Aborda princípios fundamentais, para mudança de atitudes, incluindo espiritualidade.

4- Normalmente são encontrados grupos próximos, que propiciam  reforço na manutenção da abstinência. Há grupos de apoio no mundo inteiro.

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