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Posfácio, Rasgando os véus: O Manifesto Comunista

Por:   •  17/4/2016  •  Resenha  •  814 Palavras (4 Páginas)  •  269 Visualizações

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BERMAN, Marshall. Posfácio, Rasgando os véus: O Manifesto Comunista. 1° ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

A educação comunista foi poderosa e bem-sucedida, em todo o mundo, mas foi distorcida no modo pelo qual canonizou Marx como uma espécie de santo padroeiro oficial. Na maior parte do século XX, em boa parte do mundo, esperava-se de todo candidato a ascensão numa organização comunista que soubesse de cor e fosse capaz de citar certas passagens e certos temas presentes nos escritos de Marx, mas após a queda do muro de Berlim, em 1989, esse sistema desmoronou rapidamente, não permitiam que se seguisse ensinando Marx, porque “1989 é prova de que cursos de marxismo são coisa obsoleta”. Mas o Marx que os estudantes queriam ler era muito mais interessante que o santo padroeiro do passado, estavam procurando um pensador que os conduzisse através da dinâmica e das contradições do capitalismo.

Encontra-se no Manifesto um louvor tão extravagante ao capitalismo que beira a admiração pura e simples, descreve os processos de construção material perpetrados pelo capitalismo e as emoções daí decorrentes, Marx é único na vinculação que estabelece entre processos históricos e emoções, uma sensação de quem se vê no meio de algo mágico, que trouxe imensos benefícios reais, tanto espirituais como materiais, e quer que esses benefícios sejam distribuídos e desfrutados por todos, ao invés de constituírem monopólio de uma pequena classe governante. Mas Marx odiava o capitalismo. Tinha uma visão complexa e nuançada, difícil de suportar se não for adulto o bastante, por outro lado, para o adulto de fato, ligado com um mundo repleto de complexidade e ambiguidade, Marx pode ser mais indicado do que se pensa.

Ele, porém, não foi o primeiro comunista a admirar a criatividade do capitalismo. No entanto, foi o primeiro escritor a inventar um estilo capaz de iluminar essa criatividade antes do início do século XX, junta toda a enorme gama de coisas e ideias num só lugar que ninguém havia pensado em juntar antes, o que mais admira no capitalismo moderno é seu horizonte global, sua textura cosmopolita. De um paragrafo ao outro, dá aos seus leitores a sensação de estar no trem mais rápido e grandioso do século XIX, avançando pelo terreno mais acidentado e perigoso do século. A burguesia moderna tinha desejos banais, mas sua busca incansável de lucro lhe impunha a mesma estrutura pulsional incansável. Marx estarreceu-se com os custos humanos do desenvolvimento capitalista, mas sempre acreditou que o horizonte do mundo criado por ele era um grande feito da humanidade.

A visão de cultura universal reúne várias ideias complexas, como a da expansão das necessidades humanas, o mercado mundial mais complexo e a ideia de cultura como bem comum, raramente discutida, mas uma das coisas mais amplas e esperançosas que escreveu. Compara a burguesia a um feiticeiro já incapaz de dominar os poderes subterrâneos que ele próprio conjurou, mas com veneráveis tradições da magia capaz de transformar seus portadores em homens espetacularmente ricos. Marx não achava que a classe trabalhadora estava encolhendo, em todos os países industriais ela já havia se tornado ou estava a se tornar a grande maioria. Na mesma medida que se desenvolvia o capital, desenvolvia-se o proletariado (classe dos trabalhadores modernos).

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