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RESENHA: O URBANISMO, ESSE (DES)CONHECIDO SABER POLÍTICO

Por:   •  12/12/2017  •  Resenha  •  1.287 Palavras (6 Páginas)  •  310 Visualizações

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RESENHA: O URBANISMO, ESSE (DES)CONHECIDO SABER POLÍTICO – SÉRGIO MARTINS E A ILUSÃO URBANÍSTICA (CAP. VIII A REVOLUÇÃO URBANA).

Nayara Jamine Silva – 2o Período – Licenciatura em Geografia

O texto escrito por Sérgio Martins expõe o processo de urbanização na Europa durante a industrialização; seus motivadores; sua relação com o poder, a sociedade e o Estado; e as principais críticas, sendo opositoras ou não (de direita), de outros autores como, por exemplo: Leonardo Benevolo, Lewis  Mumford, Marx, Engels e Henri Levebre. Já o segundo texto, escrito por Henri Levebvre tem como foco a exposição das diferentes ilusões advindas do urbanismo e seus personagens. É uma crítica ao urbanismo moderno que tem o caráter de encobrir e modificar a realidade, impedindo a real reflexão.

Inicialmente, o texto O Urbanismo, esse (des)conhecido saber político, o autor expõe a crítica moral feita por Lewis Mumford ao urbanismo que surgia motivado pela industrialização das cidades e tomava rumo livre pois era comandado pelo capitalismo liberal. Um exemplo dessa crítica pode ser expresso pelo seguinte trecho: “a crença de que uma providência divina regulava a atividade econômica e assegurava... o máximo de bem público, através dos esforços dispersos e não regulados de cada indivíduo que buscava promover seus próprios interesses. O nome não teológico dessa harmonia preordenada era laissez-faire.” (Mumford, 1961, p.575). Sem dúvidas essa liberdade concedida ao capitalismo permitiu que a ordem vigente fosse a ordem da força do dinheiro, onde o trabalhador era o oprimido e se alojava em qualquer lugar e os detentores do capital industrial ditavam os rumos econômicos e do espaço urbano. Mesmo com toda a crítica, Mumford não ataca a raiz do urbanismo. Ele expõe situações, disserta sobre os problemas, mas não propõe de fato, uma solução imediata. Em suas observações percebe-se que para ele, o fim dessa liberdade através da imposição do Estado, seria o que traria a devida ordem às cidades. De fato, o Estado tem o poder de trazer certa estabilidade para os problemas no uso de sua autoridade e legitimidade, pois se originou da sociedade civil e teoricamente seu trabalho é para as necessidades dela, tem força o suficiente para interferir em diversas situações, até mesmo no interior das casas.

O urbanismo deixa de ser simplesmente uma expansão de edifícios e espaços para se tornar urbanismo moderno após a presença do Estado. A classificação como saber político provém dessa presença, das intervenções feitas por ele nos processos de urbanização, e da reprodução das necessidades.

As cidades da Europa estavam com tal carga de problemas que era considerada como enferma. A falta de saneamento, de condições básicas de sobrevivência, conflitos sociais, a rápida disseminação de doenças principalmente entre os pobres (para os mais ricos viver tão perto do proletariado que tinha toda a sorte de problemas sociais isso era um agravante) caracterizava a doença dos centros urbanos. A interferência do estado para minimizar ou mascarar tais condições é classificado por Michel Foucault como medicalização das cidades. O Estado começa a controlar e dominar principalmente a população pobre seja para torná-las menos perigosas às classes superiores ou para torná-las aptas ao trabalho. A segregação social aumenta e os centros urbanos passam por modificações. As classes pobres são tiradas do centro da cidade que de acordo com todo o planejamento e a criação de ruas bem ornamentadas, largas e iluminadas, propícia para a circulação de carros e para intervenção da força de repressão em caso de conflito, deixa de ser para o cidadão ou para o trabalhador, mas sim para o comércio e para o turismo, ou seja, para a circulação de capital.

Com a contribuição dessa modificação das cidades o Estado se segrega da sociedade civil, se tornando autônomo e com a urbanização moderna se consolida como algo poderoso e inquestionável, pois ela nasce essencialmente das necessidades do Estado.  No texto é possível encontrarmos trechos de grandes autores que criticam essas modificações principalmente as que ocorreram em Paris através do acordo do Estado com Hausseman e que foram pioneiras e modelo para todo o mundo. Marx caracteriza como um ato de vandalismo que arrasara a Paris histórica “para dar lugar à Paris do visitante” (1871, p.260).

Uma nova classe social surge no processo de urbanização e melhoramento das cidades, que é classe dos construtores civis. Os espaços se consolidam como mercadorias e fonte de capital. Conceitos se transformam, como a pobreza que passa a ser miséria, que é “a soma de necessidades, desilusão e de insatisfação pela situação local atual”, segundo A. Bevan. Essa citação é um exemplo que mesmo com a interferência e consolidação do Estado, os problemas sociais não desaparecem. Podem ter passado por certo disfarce ou marginalização, mas não é resolvido de fato.

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