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Raízes Do Brasil: O Papel Da Cultura Na Formação Brasileira

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Por:   •  29/11/2013  •  1.507 Palavras (7 Páginas)  •  549 Visualizações

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Se de médico, louco e sociólogo todo mundo tem um pouco - como diz a adaptação de um dito popular - , no Brasil não seria diferente. Logo alguém já deve ter se perguntado o porquê de nosso país ser como é hoje, por que não se desenvolveu economicamente como os da América Anglo-Saxônica, por que sofre com tantas mazelas políticas e sociais; Esse trabalho busca interpretar o Brasil de hoje através da sua formação, destacando o papel que a cultura desempenhou nesse processo, tomando por referência a obra “Raízes do Brasil” de Sérgio Boarque de Holanda.

Pontuando os principais costumes que assimilamos de nossos colonizadores – e que muito deles eram inadequados às regiões tropicais, segundo Boarque de Holanda – podemos destacar a sua hierarquia fraca. Distinguir uma classe de outra em Portugal por privilégios, alimentação, vestimentas...era uma missão difícil, até mesmo questões como submissão e subordinação eram de pouca intensidade nesse povo, e depois, com a ascensão precoce da burguesia, com seu individualismo, por exemplo, só fez cada homem ibérico se sentir o dono da própria moral, solidificando e cristalizando essa cultura.

Valores medievais como divisão de status e trabalho muito bem delimitados por leis irrefutáveis nunca foram de forte influência nessa região, pelo contrário, eram considerados repulsivos, juntamente com qualquer tipo de dependência. Era como um 'individualismo radical' praticado por todos, enfraquecendo as formas de organização que tinham por base a solidariedade, ordenação e associação, até mesmo dominação governamental, pois “Em terra onde todos são barões não é possível um acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida”(Holanda, 1936, pag 5); esse tipo de “cultura de personalidade” sempre foi de grande aceitação no território tupiniquim, de tal forma que na atualidade, passado mais de 70 anos da publicação de Raízes do Brasil, ainda encontramos esse costume na nossa identidade nacional. Não é raro ver pessoas levando a fundo o principio de liberdades individuais, descumprindo pequenas regras no cotidiano(furando filas, desrespeitando lugares reservados...), ou até mesmo dando um “jeitinho” para burlar outras maiores(corrupções, sonegações...). Fazer cumprir ordens e regulamentos sempre foram grandes desafios para as organizações em países com essa tradição.

Essa falta de 'medievalização' em Portugal e Espanha, acarretou numa mentalidade de ascensão social comum a seus habitantes, a burguesia e camadas populares almejavam uma vida de nobre, de trabalhos leves com recompensa rápida, de vida mansa e ostentada, era uma “Ética do Ócio” - muito diferente da ética protestante de países como EUA -, deveras mais próxima da Antiguidade Clássica, que de seu passado mais recente.

Esse foi outro costume 'transplantado' aqui durante a colonização, pouco foi o esforço do português de implantar em sua colônia os meios e modos de vida europeus, seu ócio o fez contentar-se com as atividades que os próprios indígenas já desempenhavam e/ou com poucas inovações, até mesmo habituou-se a usar as redes no lugar de camas e comer comidas dos índios com preguiça de fazer do Brasil a cópia de Portugal, como outras metrópoles tentaram em suas colonias.

Os nativos também, em sua antropologia, prezavam pelo trabalho com pouco esforço, por isso muitas de suas técnicas e métodos de caça, pesca e plantio foram bem aceitas pelo colonizador - em sua forte plasticidade, não se acanhavam em misturar-se com outros povos, tampouco tinham a linha dura de um etnocêntrico de não absorver o conhecimento dos “inferiores” - , mas adaptadas numa dinâmica capitalista de produção em grande escala. A técnica de fertilização do solo e plantio foi o maior exemplo. Os indígenas queimava áreas da floresta e por cima dos dejetos plantavam culturas de mandioca, ervas, frutas e outras para sua subsistência. O europeu idem, mas de maneira mais intensa, até esgotar os recursos, e em seguida buscar outras áreas.

Nota-se aí um espírito aventureiro preconizado pelo ibérico, fomentado pela busca frequente por lucros imediatos, um fator que fora determinante para a modificação geográfica brasileira e a formação do país no âmbito territorial.

Já dizia o estudioso José Carlos Reis:

“Ele ignora fronteiras, é espaçoso, invasor, ladrão, aceita riscos, ignora obstáculos e, quando os encontra, transforma-os

em trampolim. É audaz, imprevidente, criativo, ocioso e vê longe. Quer a recompensa sem esforço. Não visa a estabilidade, à paz, à segurança pessoal.” (REIS).

Dessa forma ele ignorou fronteiras e se lançou por territórios antes inexplorados. Boa parte da Região Amazônica se formou através da extração das drogas do sertão e da borracha, e do Centro-Sul pela mineração.

A consequência imediata disso fora a concentração de grandes terras, e consequentemente poder, nas mãos de poucos, criando aristocracias “donas de gente”, aumentando ainda mais a soberba do aventureiro católico. Soberba essa que vai além da recusa ao trabalho manual, dito indigno(uma das causas da implantação da escravidão), está relacionada a busca por influência, poder, ser um 'coronel' em sua área controlada, ter um nome de família a ser respeitado ou temido.

Esse tipo de poder por muito tempo se manteve sem intervenções; até a descoberta do ouro no século XVIII, quando Portugal se interessou por intervir mais na política brasileira; contudo ele nunca desapareceu.

Nesse contexto de sociedade patriarcal, com uma elite política atuante, era inevitável a invasão do funcionalismo público pelos interesses privados. Sem uma organização burocrática densa e superioridade técnica, o controle racional da esfera pública era afrouxado ou até mesmo inexistente, ficando ao bel prazer de quem dominasse a política, as decisões dessa importante máquina administrativa. Até mesmo a escolha do corpo técnico do Estado era feita informalmente, ou seja, “de acordo com a confiança pessoal que

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