Resenha Hannah Arendt

Ainda que seja uma temática recorrente nas obras de Hannah Arendt, a própria pensadora inicia o capítulo apontando a dificuldade em levantar a questão “o que é liberdade”. Para a pensadora, a liberdade sempre esteve associada à esfera política, portanto, em sua perspectiva, ela é o que o confere sentido à vida pública, de tal forma que “é na verdade o motivo por que os homens convivem politicamente organizados” (p. 192).

Teoricamente indissociáveis, a política se faz através de liberdade. Nesse sentido, toda palavra e ação são capazes de construir um campo político que possibilita o aparecimento da liberdade. A pólis grega seria o exemplo mais notável de como liberdade e política se identificam em um espaço público, pois possibilitaria que se tenha liberdade para agir, opinar e participar democraticamente da vida pública e, mais do que isso, fomentaria todas essas manifestações de forma plural e consciente, por meio do convívio coletivo dos homens.

A liberdade, portanto, não é algo intrínseco aos homens, mas algo que foi conquistado através do surgimento das primeiras cidades-estado na Grécia e um elemento da vida cotidiana. Com a polis, os gregos descobriram a esfera política e a sua essência, pois era o espaço da palavra, da ação e, consequentemente, da garantia de liberdade.

Dessa forma, um ponto frisado pela pensadora é que a liberdade está altamente correlacionada à ação e ao exercício das atividades públicas. Não haveria política se os homens não fossem capazes de se relacionar uns com os outros. A liberdade não é adquirida de forma solitária, mas exclusivamente através da interação com os seus semelhantes e da existência de um espaço público e organizado que permita que todos os homens possam agir.

Para Hannah Arendt, o conceito de liberdade é um conceito político, acima de tudo e não pode ser deslocado para o campo da interioridade e/ou da privacidade, conforme foi feito a partir da Antiguidade e com a tradição cristã e filosófica. A Antiguidade

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