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A Resenha Hannah Arendt

Por:   •  26/6/2019  •  Resenha  •  1.295 Palavras (6 Páginas)  •  198 Visualizações

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Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

HH183 - Introdução ao Estudo de História

Prof Dr. José Alves de Freitas Neto

Julia Maria Trevisan – RA: 238251

Campinas, 2018

ARENDT, Hannah. “Entre o passado e o futuro”. In: A crise na educação. S. Paulo: Perspectiva, 2016.

Uma das maiores pensadoras do século XX, Hannah Arendt foi uma importante filósofa política alemã, de origem judaica, que contribui ainda hoje para os debates contemporâneos de diversas áreas do conhecimento. Nascida no ano de 1906, a pensadora presenciou eventos históricos de extrema relevância, como a ascensão do nazifascismo, o qual irá influenciar na sua posição contra os regimes totalitários e, consequentemente, irá produzir efeitos em algumas de suas obras mais conhecidas, como por exemplo, Origem do Totalitarismo (1951) e Eichmann em Jerusalém (1963).  Além de suas reflexões acerca do totalitarismo, política, violência e liberdade, Hannah Arendt também irá inserir-se no debate sobre a crise na educação.

As discussões do contexto educacional podem ser identificadas em sua obra “Entre o passado e o futuro” (1961), especificamente no capítulo intitulado “A crise na educação”. O seguinte ensaio consta quatro partes, em que Arendt reflete sobre a educação, estabelecendo uma relação com o contexto da modernidade, ressaltando o conflito entre gerações, importância da autoridade para o sistema educacional, conservadorismo e responsabilidade de ressignificação do mundo a partir dos recém-chegados.

A autora inicia suas reflexões a partir da ideia de que a crise do sistema escolar se tornou uma questão política, a qual não é determinada por uma fronteira nacional, ou seja, não é algo específico de apenas um país. Sobre a abordagem do contexto de crises, a pensadora ressalta sobre a oportunidade de reflexões críticas que esta proporciona, sendo inadmissível reagir a este cenário com “ideias feitas” e preconceituosas. Entretanto, mesmo que a crise educacional afete o mundo todo, Hannah Arendt irá utilizar os Estados Unidos como referência, já que segundo a autora, o país apresenta um certo diferencial dos outros países. Tal diferencial é proporcionado devido ao fato dos EUA ser considerado uma terra de imigrantes, o que conduz a educação à desempenhar ativamente um papel de natureza política, já que consiste em fundir os diferentes grupos étnicos presentes no país através da escolarização e americanização dos filhos dos imigrantes, produzindo efeitos inclusive em seus pais.

Arendt irá manifestar-se contrária ao uso da educação na política, já que “na política se lida sempre com pessoas já educadas.” Sendo assim, a autora irá argumentar sobre a impossibilidade de se educar os adultos, e que, qualquer tentativa de exercer tal ato teria um propósito de “coerção sem uso da força” (ARENDT, 2016, p. 3). A autora conclui que, para a instauração de uma nova ordem política sem o uso da coerção ou da força, seria necessário recorrer à uma conclusão platônica, a qual defende a exclusão de todos os velhos do novo mundo que se pretende fundar.

Um ponto destacado como importante agravante para a crise educacional na América seria, segundo a autora, o papel da igualdade desempenhado no país, uma vez que a educação secundária é oferecida para todos, independente das condições de classe do indivíduo. Em contrapartida, a autora cita como exemplo a Inglaterra, que se utiliza de um sistema de meritocracia para distinguir os alunos dotados e os não dotados, selecionando apenas os destaques para dar prosseguimento na educação secundária. Este ideal jamais seria aceito nos EUA, já que consiste em uma reprodução de uma oligarquia, baseada em critérios de talento. Portanto, para Arendt, o aguçamento da crise é causado pela tentativa de apagar as diferenças, entre crianças e adultos e inclusive entre professores e alunos.

Na segunda parte de seu ensaio, a autora irá argumentar sobre as medidas que precipitaram a crise da educação na América, a partir de três ideias-base. A primeira consiste no pressuposto de que existe uma “sociedade formada pelas crianças”, (ARENDT, 2016, P.6) as quais são seres autônomos e devem agir sem a interferência dos adultos. A principal consequência a partir disto seria o fato de que o adulto não é capaz de lidar de maneira individual com a criança, além de se encontrar privado do contato com a mesma, já que é construída a ideia de que as crianças pertencem a um mundo isolado do mundo dos adultos, o que não é verídico, pois crianças e adultos habitam simultaneamente um mesmo mundo. A principal consequência deste isolamento seria “o conformismo ou a delinquência juvenil e, na maior parte das vezes, uma mistura das duas coisas.” (Arendt, 2016, p. 6)

A segunda ideia-base presente no ensaio estabelece uma relação com o ensino. Devido à influência da psicologia moderna, o professor passou a desempenhar um papel no ensino em geral e não em uma disciplina específica. A partir disto, o professor perde a sua autoridade frente aos alunos, já que ele acaba tendo um domínio do assunto pouco significativo. Sendo assim, Arendt defende que, sendo o professor o detentor do conhecimento, deve impor sua autoridade, ou caso contrário ele deixará de existir.

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