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Resenha do Documentário: "O caso do homem errado"

Por:   •  26/4/2019  •  Resenha  •  624 Palavras (3 Páginas)  •  143 Visualizações

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Resenha do documentário “O Caso do Homem Errado”

          Em 14 de maio de 1987, Júlio César de Melo Pinto (1957-1987) foi morto em Porto Alegre por ser negro, isto é, por estar no estereótipo que a sociedade considera perigoso, suspeito, violento. O documentário “O Caso do Homem Errado” conta a história de como ocorreu a morte de Júlio César, destacando os fatos que mostram que realmente ele foi morto por possuir a cor da noite.

 

          Através de depoimentos de testemunhas, é contada a história que começou com um assalto em um supermercado, sendo que os assaltantes ainda estavam no local quando a Polícia Militar chegou. Ocorreu uma concentração de pessoas na frente do supermercado, e entre eles estava Júlio César, que acabou tendo um ataque epiléptico. Acabou ocorrendo um confronto com a polícia e, com a confusão, alguém gritou que Júlio César, que estava no chão sofrendo um ataque epiléptico, estava envolvido no assalto. Consequentemente, os policiais bateram nele e o levaram para a viatura. O fotógrafo Bernardi, do jornal Zero Hora, registrou todo acontecimento, inclusive no filme, pode-se ver as fotos de Júlio César com apenas um ferimento na boca. Porém, quando os policiais chegam no Hospital com Júlio César, ele está morto. Ele havia tomado dois tiros.

         Júlio César foi confundido, foi dado como suspeito, foi julgado, foi agredido, foi sequestrado e foi executado. O caso do homem errado foi o termo criado pela imprensa local na época, que acabou sendo tema do documentário. Com o filme, é possível refletir sobre a situação do homem negro no Brasil e da constante violência policial, sem julgamento, sem leis, sem consequências. Além disso, a mostra questiona o tempo todo se existe um homem certo para sofrer o que Júlio César sofreu. Não há legitimação na brutalidade racial da polícia. Há uma neutralização do negro como se ele fosse um perigo iminente. Mesmo o caso de Júlio César tendo acontecido num período bem próximo da época da ditadura militar, a maneira como os responsáveis pela execução foram protegidos revolta a todos nós, pois vemos que isso continuando acontecendo ainda hoje. O preconceito, a discriminação e o racismo, que estruturam a sociedade brasileira apresentam-se em todas as instâncias. Não há garantia à integridade física, moral e humana dos cidadãos que não têm pele clara, que não pertencem às classes dominantes. Vemos que o Estado falha não só porque não protege, mas porque ele próprio mata.

          No final do documentário, alguns dados sobre genocídios de pessoas negras no país são expostos nos créditos, além de mostrar dados sobre a violência contra a comunidade negra, mostrando que nada mudou desde então. Júlio César acaba sendo o símbolo de uma luta constante em um país desigual que insiste em dizer que não existe racismo, o que é uma mera ilusão. Os negros lutam por um direito básico: o de não ser tratado como ameaça e de que a sua vida tem valor. O perfil do negro como um ser violento e uma ameaça para a sociedade ainda hoje figura na mente das pessoas. Negros estão sendo mortos no Brasil descontroladamente, tudo por causa do racismo. Infelizmente, apesar do racismo ser crime, um pedido de desculpas é suficiente para resolvê-lo. Isso precisa mudar! O filme serve como uma denúncia do perigo que os negros sofrem e solicita uma mudança no sistema. Ver o que aconteceu com Júlio César, com o sofrimento dos seus familiares e amigos, e a execução da vereadora Marielle recentemente só nos faz observar que o segregacionismo continua vigorando no Brasil.

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