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Resenha do Livro "O Que É Ideologia"

Por:   •  15/6/2020  •  Resenha  •  3.591 Palavras (15 Páginas)  •  614 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

CRP 0444 Ciência Política

 Docente: Prof. Dr. Clóvis de Barros

Prova de Ciência Política

Resenha do livro: “O que é Ideologia” de Marilena Chauí e outras considerações solicitadas para composição de conceito da disciplina

Daniela Alarcon- nºUSP 6439848

5°semestre RP noturno

SÃO PAULO, junho / 2010

1. Resenha do livro “O que é Ideologia” de Marilena Chauí

No livro “O que é ideologia”, a autora Marilena Chaui propõe entender e esclarecer os porquês e conseqüências do existir da ideologia e seus efeitos históricos, sociais, econômicos, políticos e culturais. No primeiro capítulo ela introduz o tema abordando a teoria aristotélica das quatro causas, formulada primeiramente para explicar os fenômenos naturais e mais tarde conservada pelos estudiosos medievais. Para conceituar a idéia de movimento, essa teoria é composta por quatro causas: a causa material (a substância ou matéria que constitui um objeto); a causa formal (a forma que a matéria molda no objeto); a causa motriz ou eficiente (a ação sobre a matéria que transforma a forma do objeto) e a causa final (a finalidade, motivo ou razão da transformação da matéria).

A autora relaciona a teoria das causas à sociedade grega considerando que as quatro causas não possuem o mesmo valor. A causa final nessa hierarquia é superior à motriz: sendo a antiga Grécia uma sociedade escravocrata, a força de produção e de trabalho (causa motriz) é subordinada à vontade e motivação daquele que a ordena, os homens livres,                                                                                                                         (causa final). O mesmo repete-se na Idade Média com os senhores feudais e os servos das glebas.

No pensamento moderno, pós Descartes e Galileu, a teoria das quatro causas foi reduzida apenas às causas motriz e final e eliminando a escravidão e a servidão das relações sociais os valores sofrem mudanças. Com o crescimento da burguesia surge uma nova sociedade que valoriza o trabalho dos homens “livres”. Segundo o pensamento marxista, o homem livre moderno é composto pelo burguês, o proprietário dos meios de produção e pelo não-proprietário e, por isso, trabalhador assalariado. O trabalho, então, passa a ter duas faces: a do burguês - o trabalho como expressão da vontade livre e a do trabalhador, o trabalho como relação máquina-pessoa onde o trabalhador desconhece e não tem acesso à finalidade do processo em que está inserido. Portanto, mantém-se a dicotomia causa motriz x causa final entre trabalhadores e burgueses.

Após fazer tais colocações e contextualizar as definições de realidade, a autora observa que as idéias que surgem ao longo da história, no meio científico ou intelectual, trazem formas de tentar explicar a realidade sem que se perceba sequer alguma analogia com as condições históricas vividas e relações sociais. A verdade é que não são as idéias que explicam a realidade, mas as idéias já são moldadas de forma que a realidade as explique. Essas idéias ou representações tenderão a esconder dos homens o modo real como suas relações sociais foram produzidas e a origem das formas sociais de exploração econômica e de dominação política. Esse ocultamento chama-se ideologia. Chauí comenta que a ideologia faz legitimar as relações de poder nas sociedades e os próprios subjugados aceitam tal dominação como justa.

O capítulo “A concepção marxista de ideologia” é, praticamente, o corpo do livro e explica o conceito de ideologia marxista desde os conceitos hegelianos de dialética, contradição, alienação, etc. A autora comenta que apesar de criticar muitos conceitos de Hegel, Marx concorda em alguns aspectos fundamentais de seu pensamento. Para Hegel a dialética é movida pelo Espírito por meio da contradição, que é o motor temporal da história. Marx conserva o conceito de dialética onde o motor do movimento que produz a realidade é a contradição, porém essa contradição se estabelece entre homens reais por meio da luta de classes e não pelo Espírito, como supunha Hegel. Marx concebe a história como um conhecimento dialético e materialista da realidade social onde a mercadoria é a forma mais simples e abstrata do modo de produção capitalista. A matéria de que Marx fala é a matéria social, ou seja, as relações sociais.

No marxismo o homem é uma mercadoria que vende sua força de trabalho e a mercadoria não é uma “coisa”, mas um valor de troca que vale por seu preço de mercado. A mercadoria é o trabalho social concentrado e seu valor é determinado pelo tempo de toda sua produção, - ou o tempo que levou para ser fabricado e para circular no mercado (transporte, estoque, distribuição, etc) - e pelos gastos econômicos, físicos e psíquicos para produzi-lo. O tempo de trabalho envolve toda a sociedade e fundamenta o valor de troca. O lucro, que movimenta a economia, é a mais-valia que é o tempo de trabalho não pago ao trabalhador, portanto a exploração econômica é a base do capital.

A divisão social do trabalho determina as classes sociais - divisão entre proprietários e não proprietários, trabalhadores e pensadores - e também a separação entre sociedade e política, isto é, entre as instituições sociais e o Estado.

Marx usa o conceito hegeliano de alienação – que Hegel via como alienação religiosa – para a alienação do trabalho. O fato do trabalhador não conhecer o processo de produção, sua função na produção da mercadoria e, muitas vezes, o próprio produto final caracteriza a alienação do trabalho e tal alienação domina e ameaça o trabalhador como um poder alheio a ele.

No capitalismo existe uma inversão de valores entre o homem e a mercadoria. O homem que é explorado e vende seu tempo de trabalho transforma-se em mercadoria ao mesmo tempo em que a mercadoria toma vida própria quando começa a se relacionar com as outras coisas como se fossem sujeitos dotados de poder e vontade própria. A autora cita exemplos de mercadorias que oferecem estilos de vida e conceitos abstratos que fazem as pessoas consumirem as marcas como se estas tomassem formas vivas. Tal fenômeno é chamado no marxismo como fetichismo da mercadoria. Primeiramente a mercadoria é um fetiche pois é uma coisa que existe em si e por si e, num segundo momento, como o próprio fetiche religioso, a mercadoria começa a exercer certo poder sobre quem a consome. Os homens são transformados em coisa e as coisas em “gente”. O capitalismo é um processo no qual os homens não têm mais controle e são controlados e tornados objetos por ele.

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