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Resenha do documentário: "A história secreta da obsolescência programada"

Por:   •  1/8/2019  •  Resenha  •  1.287 Palavras (6 Páginas)  •  1.444 Visualizações

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Resenha: “A História Secreta da Obsolescência Programada”

O documentário “A História Secreta da Obsolescência Programada”, dirigido por Cosima Dannoritzer e Steve Michelson, introduz ao telespectador o que é a obsolescência programada, através de uma história bem comum no nosso cotidiano: o jovem Marcos se depara com uma falha em sua impressora, e ao mandar arrumar lhe é sugerido por todos os serviços de assistência técnica que ele compre um aparelho novo, pelo custo inviável que teria o reparo da impressora. Insatisfeito com a resposta, Marcos começa a pesquisar por conta própria como resolver seu problema. O desenrolar dessa história somada às citações de influentes pensadores da área que nos são expostos no documentário, nos ilustra de forma bem clara o que é este conceito que tanto se mostra presente na nossa realidade e como isso nos afeta.

A obsolescência programada é a peça chave que define o rumo econômico do qual estamos situados, e foi esse conceito que trouxe ela a esse padrão que podemos observar hoje. Todo o marketing empenhado em estimular psicologicamente os consumidores de que devem adquirir um novo produto - mesmo que já tenha uma versão antecessora do mesmo que ainda possa apresentar utilidade; somado à engenharia destes que tem sido guiada completamente pelos interesses econômicos da industrias - que não tem mais interesse em produtos superiores e duradouros, e sim em produtos de curta vida útil para obrigar o consumidor a adquirir com frequência mantendo o ciclo mercantil operante (sendo essa usada como justificativa para manter a economia crescente e gerando empregos, afinal quanto maior o consumo maior a produção, e quanto maior a produção maior a mão de obra necessária para suprir a demanda); nos traz este modelo comercial que está tão desajeitadamente firmado (para o azar das futuras gerações) na nossa sociedade. Até que faz sentido essa lógica se levantado somente o aspecto econômico, porém chega a ser intuitivo que este conceito se contradiz pelos seus impactos negativos serem tão alarmantes quanto óbvios.

“Para o lucro aumentar, produtos precisam quebrar, tornar-se ultrapassados ou indesejados. Quanto custa? A eterna angústia dos consumidores e devastação da natureza.”

Nesse contexto o consumidor se sente angustiado, pois este é levado a crença de que necessita tal produto por apresentar alguma característica nova, mesmo que esta seja insignificante para seu uso. Muitas vezes esse personagem faz grande esforço e até mesmo se coloca em dívidas para obter o capital necessário para adquirir seu desejado produto. Porém ao tentar projetar, inconscientemente, sua felicidade e satisfação em “coisas”, se vê na necessidade de reproduzir esse comportamento consecutivamente, se endividando cada vez mais em busca de algo intangível: a satisfação. Isso falando apenas da obsolescência psicológica, que ocorre somente pelo desejo do consumidor de acompanhar a inovação eufórica do mercado, porém outro golpe fatal que é dado contra a massa consumidora é a tradicional obsolescência programada, esta que se refere ao quesito tecnológico dos produtos, que vem com uma vida útil limitada e não duradoura, o que de fato obriga, a maior parte da massa consumidora a consumir repetidamente por ter esgotado a utilidade de um produto, que cientificamente poderia ser projetado para durar muito mais.

A estratégia maliciosa das indústrias de diminuir a vida útil de seus produtos para poderem vender mais, teve início nos primórdios do século XX, com o caso da comercialização de lâmpadas. Contextualizando resumidamente, no final do século XIX, as lâmpadas comercializadas tinham uma vida útil média de 1500 horas. Com os avanços em tecnologia não demorou muito para que essa durabilidade fosse prolongada para 2500 horas. Porém esse melhoramento tecnológico das lâmpadas passou a incomodar os responsáveis pelo movimento econômico advindo deste mercado, afinal quanto mais tempo durasse uma lâmpada, mais demoraria para o consumidor comprar uma lâmpada novamente, e visando o lucro e todas as questões econômicas envolvidas, foi criada a PHOEBE, uma organização não oficial, que monitorava e limitava a vida útil das lâmpadas para somente 1000 horas. Esse controle era imposto por multas e boicotes aos fabricantes que não se submetessem a esse limite. A partir desse marco e das cobranças industriais que se originou a inversão de valores por parte de engenheiros e cientistas, que a partir de então, ao desenvolver seus produtos visavam majoritariamente o lucro que este traria e sua relevância na movimentação econômica, que deveria ser crescente. Apesar de suas sequelas sociais e ambientais, essa lógica foi aplicada à muitos outros produtos, afinal naquela época não havia a conscientização que há hoje, e esta já pode ser considerada uma medida que tenta remediar o dano já causado por este modelo.

Dentre as consequências negativas da obsolescência programada, pode se citar o impacto direto à sustentabilidade, e esta problemática talvez uma das mais preocupantes e que mais aflige nossa atualidade. O conceito de consumismo crescente poderia ser compatível de alguma forma com a limitação de recursos naturais finitos do nosso planeta? É claro que não! Por isso esse conceito se torna tão contraditório, muito pelo fato de que o que é produzido e rapidamente dispensado pela sua obsolescência, na maioria dos casos não é reutilizado, sendo descartados como resíduos em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. A aplicação do conceito de obsolescência programada, além de ser responsável pelo crescente lixo global, pode ser visto como um veículo em movimento que aumenta gradativamente sua velocidade, porém cujo destino é chocar-se contra a parede.

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