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Um sopro de Destruição

Por:   •  8/6/2016  •  Resenha  •  4.281 Palavras (18 Páginas)  •  383 Visualizações

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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ

CÂMPUS PARANAGUÁ

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Cristiane Santos Ribeiro[1]

SOCIEDADE E AMBIENTE

Docente: Antonio Halinski

PÁDUA, José Augusto — Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). 2ª Edição  Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

Pádua busca uma reconstrução do pensamento brasileiro em torno da reflexão sobre o problema da destruição do ambiente natural por parte de pensadores que atuaram no Brasil entre 1786 e 1888.  (Pádua, 2002, p. 10)

A questão central levantada pelo autor está em identificar quando o debate  em torno da destruição da natureza no Brasil passou a fazer parte do pensamento político.

A temática parece ser atual, e como apontado pelo autor está associada às grandes transformações e são identificadas como grandes transformações do mundo contemporâneo. (Pádua, 2002, p. 10)

De acordo com o autor, há uma nova historiografia que demonstra a importância das colônias tropicais como espaço para aparecimento dos dilemas ambientais, estas descobertas originaram novas reflexões sobre as origens e a identidade ecológica no universo da modernidade. Pádua apresenta ainda uma análise do lugar do Brasil neste processo de  rediscussão.

Através da análise de textos escritos entre 1786 e 1888 Pádua demonstra que havia uma preocupação dos intelectuais do século XVIII e XIX  com o problema da destruição ambiental ainda no Brasil colônia.

O ponto de partida da pesquisa de Pádua se dá com a reflexão do texto de José Bonifácio abordando as consequências  da devastação ambiental, a começar pela ideia do “dia terrível e fatal” em que a “ultrajada natureza” se achasse vingada de “tantos erros e crimes cometidos”. (Pádua, 2002, p. 11)

A pesquisa de Pádua revela que José Bonifácio não era um caso isolado, outros textos na época caminhavam para a mesma direção. (Pádua, 2002, p. 11)

Pádua evidencia o debate das consequências sociais da destruição da floresta, erosão dos solos, esgotamento das minas, desequilíbrios climáticos através da análise de textos escritos por mais de 50 autores em um período de 102 anos. . (Pádua, 2002, p. 11)

O discurso de defesa do ambiente e importância dos recursos naturais se tornam políticas ganhando importância entre os intelectuais e na formação dos discursos de defesa da construção nacional. Os recursos naturais passam a ser sinônimos de sucesso econômico, portanto deveriam ser utilizados de forma adequada.

Conforme Pádua alguns autores foram esquecidos história do pensamento ecológico, tanto no âmbito internacional quanto pela própria memória social do Brasil. (Pádua, 2002, p. 12)

Para o autor a tradição intelectual foi relagada no Brasil, pois se dava importância a intelectuais reconhecidos internacionalmente.

Pádua aponta ainda para certa linha de pensamento comum a todos os autores por ele analisados, o que Pádua identifica como denominador comum teórico, que de acordo com sua leitura seriam essencialmente político, cientificista, antropocêntrico e economicamente progressista. (Pádua, 2002, p. 13)

A visão dominante no contexto analisado pelo autor era a de que a destruição do ambiente natural não era entendida como “um preço do progresso”, mas  sim como um “preço do atraso”. (Pádua, 2002, p. 13)

Entre os autores apontados por Pádua em sua pesquisa, José Bonifácio recebe grande atenção, devido à suas oportunidades de estudar na Europa, fato que o permitiu conviver com principais nomes na cadeia de formação do pensamento ecológico. Pádua enfatiza ainda o teor de seu discurso que condenam a degradação ambiental e enfatizava a reforma ambiental como instrumento de superação do passado colonial. (Pádua, 2002, p. 16)

Capítulo I

“Aniquilar as naturais produções”: Cultura iluminista, crise colonial e as origens da crítica ambiental no Brasil.

No capítulo I  Pádua apresenta uma discussão das origens teóricas da primeira crítica ambiental brasileira, demarcando suas raízes no iluminismo luso-brasileiro.

Em seu pequeno livro - O Discurso para os melhoramentos da economia rústica no Brasil, publicado em 1799 por José Gregório de Moraes Navarro traz reflexões sobre o contraste entre a generosidade da Terra e a ingratidão dos homens, que agem continuamente no sentido de destruir, aniquilar, consumir e enfraquecer as produções e a substância da terra. (Pádua, 2002, p. 34)

Pádua enfatiza as observações críticas presente no discurso quanto à conduta de colonizadores portugueses no país.

Segundo Pádua, as ideias da relação entre a Terra e a humanidade contidas no discurso de Navarro sugerem um antagonismo potencial entre ambas. Para Pádua Navarro não apontava o colapso como fim e sim como possível progresso social e econômico, pois a destrutividade ambiental dos seres humanos não deriva de ações fortuitas e ocasionais, mas sim de uma tendência básica para “continuidade” consumir a “primitiva substância” do planeta. A preocupação de Navarro é nítida para Pádua, pois no caso do Brasil colonial tem-se um período de intensa destruição ambiental. . (Pádua, 2002, p. 35)

Pádua afirma ainda que o colapso de várias comunidades e atividades produtivas não se dava por forma de guerra entre seres humanos, mas por erros da ação humana frente ao mundo da natureza, esta é apontada como a “mãe comum” que possui uma força ativa e passiva, suportando em silêncio a agressão humana e ativa queria vingança pelos males lhes causado. Era necessário que o homem soubesse respeitar a Mãe Natureza, saber conciliar os interesses próprios com os interesses da natureza (Pádua, 2002, p. 36)

Navarro aponta três medidas fundamentais para conciliação dos interesses do homem e Natureza:

“A) A introdução do arado, para recuperar o solo desgastado e dotar a agricultura de um sentido de permanência oposto ao nomadismo das queimadas; B) Reforma das fornalhas, redução do consumo de lenhas e aumento da produtividade dos engenhos; C) Conservação das matas, estabelecimento de reservas florestais, incentivo ao plantio de árvores lenhosas, frutíferas e medicinais.” (Pádua, 2002, p. 20)

Pádua identifica a temática de Navarro como sendo importante para o contexto do pensamento europeu colonial, apesar de não ser inédita tem sua relevância.  No caso do pensamento brasileiro que se tem conhecimento a temática de Navarro tem suma importância, visto que as ideias discutidas no final do século XVIII se aproximam da reflexão ecológica contemporânea. (Pádua, 2002, p. 38)

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