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A CONOTAÇÃO FOTOGRÁFICA: ANALISANDO IMAGENS PELO OLHAR BARTHESIANO

Por:   •  10/1/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.883 Palavras (8 Páginas)  •  514 Visualizações

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACVEST

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

ALINE SANTOS SOUZA

A CONOTAÇÃO FOTOGRÁFICA:

ANALISANDO IMAGENS PELO OLHAR BARTHESIANO

LAGES                                                                                                                                                   2018

1. Processos de conotação fotográfica

Motivo de fascínio, encanto e eternização, a fotografia vem há tempos, desde a sua invenção há quase 200 anos atrás, conquistando cada vez mais adeptos e com a sua popularização tornou-se um “hábito” e uma profissão respeitada por milhões de pessoas, que tem anexa em sua essência, a capacidade de “imortalizar” momentos efêmeros, mas de grande importância, que não podem mais serem vividos, mas sim, relembrados e até mesmo “lidos” e “interpretados”.

A conotação é um termo inicialmente introduzido e criado por L. T. Hjelmslev (1953) e aplicado no estudo da gramática, fazendo contraposição ao sentido denotativo da linguagem. Contudo, foi através dos estudos de Roland Barthes, em seu livro Elementos de Semiologia (1964) que os conceitos de denotação e, especialmente, o de conotação, passaram a ser aplicados na análise fotográfica, permitindo deste modo, que a leitura e a interpretação das imagens possam ser realizadas em sentido mais amplo, transpondo o entendimento usual que a representação nos transmite.

Barthes propôs em seus estudos voltados para a área da semiologia, seis processos/procedimentos que estabelecem o sentido conotativo de uma fotografia, sendo estes, a truncagem, a pose, os objetos, a fotogenia, o esteticismo e a sintaxe, cujos quais serão utilizados a seguir como parâmetros para análise das imagens elencadas neste trabalho.  

  1. Truncagem

A truncagem é um procedimento conotativo que consiste na “introdução, modificação ou supressão de elementos numa fotografia”, ou seja, a fotografia em questão passa por um processo de manipulação, de corte ou edição que afeta a interpretação e até mesmo, a veracidade da imagem capturada.  

        Na imagem escolhida abaixo, é possível perceber o processo de truncagem da fotografia, uma vez que esta consiste em uma montagem feita exclusivamente para a edição de nº 2469, da revista Veja, cuja matéria da capa se intitula “O desespero da Jararaca”, fazendo alusão ao “desespero” sofrido pelo ex-presidente Lula, em março de 2016.

        A truncagem desta fotografia consiste na manipulação de uma imagem do ex-presidente Lula, visivelmente irritado e até mesmo fazendo um pequeno trocadilho, “pronto para dar o bote” e a introdução da figura de várias serpentes, alocadas na cabeça do ex-presidente, fazendo uma breve referência a figura mitológica da Medusa e transformando o político em uma figura assolada e desesperada.

        Ainda a respeito da imagem, faz-se necessário salientar, que a mesma passou por mais de um processo de manipulação, senão o da inserção das serpentes, sendo este o escurecimento da fotografia e de suas cores, especialmente do fundo da imagem, das sombras no rosto de Lula, das serpentes e da sua camisa. Este tipo de manipulação, que não é algo inédito, uma vez que já foi um recurso utilizado pela Times em uma foto de O.J Simpson, traz a imagem aqui analisada, maior dramaticidade e a sensação de que Lula é culpado e perigoso.        

[pic 1]

Imagem 1: Fotografia manipulada do ex-presidente Lula para a capa da revista Veja.

Disponível em:

[pic 2]

Imagem 2: Capa da revista Veja, O desespero da Jararaca, da edição de nº 2469, de março/2016.

Disponível em:

1.2 Pose

        Ao realizarmos uma fotografia de uma ou mais pessoas, poderemos identificar que estes indivíduos possuem gestos e expressões significativas próprios de cada ser, sendo estas encenadas de propósito para figurar naquela fotografia ou até mesmo espontâneas, a este processo Barthes deu-lhe o nome de pose.

        A fotografia escolhida para esta análise não possui uma necessariamente uma pose encenada e nem poderia, ela é retrato da brutalidade que assombrou as ruas da cidade de Chicago no ano de 2016 e que fez do garoto Tavon Tanner, de 11 anos, uma das 24 crianças vítimas de bala perdida naquele ano.

Nesta imagem é possível vislumbrar nos rostos das personagens retratadas, a de Tanner e a da enfermeira, que o conduziu às pressas para uma cirurgia de emergência, as expressões de dor, medo, desespero e agitação. Estas são as poses, as expressões da imagem.

         Esta bela e chocante fotografia, foi tão impactante que permitiu que fotógrafo que a fez, E. Jason Wambsgans, do Chicago Tribune não apenas contasse a história de Tanner, que diferente de muitas outras crianças que foram vítimas de bala perdida teve um “final feliz”, mas também que ele fosse contemplado com o Prêmio Pulitzer de Melhor Fotografia, em 2017.

[pic 3]

Imagem 3: Tavon Tanner, por E. Jason Wambsgans (Chicago Tribune).

Disponível em: .

1.3 Objetos

Os objetos presentes em uma fotografia são responsáveis pela construção de sentidos dessa imagem e nesta foto analisada não poderia ser diferente.

Como podemos perceber, a senhora que aparece segurando o cartaz do “pixuleco” do ex-presidente Lula apesar de possuir uma expressão bastante distinta, não é o foco principal da fotografia, mas sim o objeto que ela segura, que ocupa o centro de atenção da imagem.

O objeto nesta fotografia traz uma representação da imagem do boneco inflável do ex-presidente Lula, a qual foi nomeado de “pixuleco”, que é um termo utilizado na gíria popular como sinônimo de “propina” e de “dinheiro sujo”, cujo qual ganhou destaque na 17ª fase da Operação Lava-Jato, mas que nas manifestações contra o Partido dos Trabalhadores (PT) deu nome ao boneco do ex-presidente.

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