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COMUNICADORES EM "BBB": COMO O HOME OFFICE VIRTUALIZA E ALTERA A ROTINA PROFISSIONAL

Por:   •  16/8/2020  •  Artigo  •  1.719 Palavras (7 Páginas)  •  188 Visualizações

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COMUNICADORES EM "BBB": COMO O HOME OFFICE VIRTUALIZA E ALTERA A ROTINA PROFISSIONAL

Marcelo Narcizo Bueno Junior[1]

Mayra Fernanda Ferreira[2]

        A proposta deste trabalho é debater como os comunicadores, em tempos de pandemia e home office, tiveram sua rotina profissional alterada com uma maior visibilidade de sua ambiência doméstica e de sua vida privada, já que a utilização de câmeras e microfones, em especial para as reuniões de trabalho, exibem um pouco dessa privacidade.

        A partir da experiência de profissionais no mercado de comunicação no interior do estado de São Paulo, como o são também os autores deste artigo, observa-se uma reconfiguração do trabalho em meio à virtualização dos processos, das rotinas e da própria vida, o que nos leva a questionar a visibilidade e a exposição como ocorre nos reality shows, ao estilo do Big Brother Brasil (BBB).

Contextualização do tema

        A atuação do profissional de comunicação está passando por diversas transformações, em especial com a adoção de tecnologias digitais na rotina profissional e fora dela. No cenário da sociedade em rede, marcada pela digitalização dos processos e das relações humanas, por meio de práticas interativas (CASTELLS, 2002), a utilização das redes digitais é quase obrigatória, modificando as sociabilidades.

A Internet propõe um espaço de comunicação inclusivo, transparente, universal, que dá margem à renovação profunda das condições da vida pública no sentido de uma liberdade e de uma responsabilidade maior dos cidadãos (LÈVY, 2004, p. 367).

        

        Ao transformar a sociedade e ser constantemente transformado por ela, o mercado de trabalho em comunicação também é afetado pela digitalização e pela virtualização. Lèvy (1996) afirma que, quando se está presente no ambiente das tecnologias, ou seja, no mundo virtual, uma pessoa ou uma informação se virtualizam, desterritorializam-se. Elas não mais pertencem a um espaço físico ou geográfico ou à demarcação do calendário e do relógio.

        Com a rotina profissional e doméstica alteradas pelo contexto da pandemia do coronavírus, essa desterritorialização se materializa no teletrabalho ou home office e na conexão digital ubíqua. O que antes era o conforto do lar com rotinas domésticas transformou-se no espaço do trabalho, revelando um pouco da ambiência familiar aos demais profissionais por meio das videochamadas e reuniões à distância. Conforme nos coloca Fígaro (2014), a comunicação e o trabalho se integram à atividade humana e revelam os valores que constroem uma sociedade. Desse modo, pode-se destacar uma reconfiguração do profissional, aqui neste estudo em específico o da área de comunicação, diante das demandas de um home office que virtualiza as relações e apresenta um “eu” profissional em tempo e espaço desterritorializados e, de certo modo, com maior visibilidade vide a exposição de seu lar e de uma conexão ubíqua que, implicitamente, chega a ser exigida.

        Considerando os avanços das tecnologias de informação e comunicação (TIC) neste século, a legislação brasileira regulamentou definitivamente a prestação de serviço remoto recentemente na Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017):

Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo.

Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho.

        A experiência do home office adotada por algumas empresas temporariamente pode ser estendida como uma prática habitual e pode crescer cerca de 30% nos próximos meses (BOEHM, 2020) e aumentar a produtividade do colaborador entre 15% e 30% (MICELI, 2020). A adaptação ao novo cenário requer, portanto, a criação de processos de trabalho diferentes dos tradicionais para a empresa, os gestores e os colaboradores.

Apresentação do cenário em estudo

        A amostra escolhida para a análise é composta por profissionais de diferentes áreas da comunicação do interior do Estado de São Paulo, como publicitários, radialistas, assessores, jornalistas de veículos impressos e televisões públicas e privadas, além dos profissionais envolvidos em novas áreas ligadas às mídias digitais. Em decreto, a Presidência da República definiu a atuação da imprensa como essencial e que as ações de combate à pandemia não poderiam afetar o exercício de suas funções (VERDÉLIO, 2020). Destaca-se ainda no cenário de pandemia a importância desses profissionais para planejar e executar ações de comunicação através das mídias digitais que possibilitam a manutenção das atividades econômicas de pequenos e médios empresários impactados pelas medidas de isolamento social. No âmbito da comunicação empresarial interna, o profissional de comunicação atua como uma fonte de informação oficial a respeito das medidas adotadas para evitar a disseminação do novo coronavírus e evitar a propagação de informações falsas.

        Nesse contexto, observa-se que os profissionais de comunicação adaptaram suas rotinas de trabalho ao novo cenário imposto pela pandemia com o isolamento social e, ao mesmo tempo, com a continuidade de suas atuações profissionais em home office. Profissionais de televisão e rádio, por exemplo, estão a experienciar a mudança de paradigma que a atuação jornalística seria possível apenas dentro das redações a adequaram seus conteúdos a novos formatos de produção audiovisual com entrevistas e reuniões executadas remotamente.

        Schwab (2019) relata que, em outras épocas de profundas mudanças sociais, como as revoluções industriais, o ser humano mostrou-se capaz de adaptar-se aos novos cenários. A rápida adequação das empresas com a implantação do home office, a autogestão de tempo e a ausência de controles tradicionais de produtividade confirmam as tendências já apresentadas por especialistas sobre as relações de trabalho em livros como A Quarta Revolução Industrial (SCHWAB, 2019), O Privilégio da Servidão (ANTUNES, 2018) e o Relatório da Organização Internacional do Trabalho (ILO, 2019).

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