TV Pirata - Década de 80

TV Pirata

(1988-90 / 1992)

1. Introdução

        Dirigido por Guel Arraes e com roteiro de Cláudio Paiva, reunindo dramaturgos como Mauro Rasi, Vicente Pereira, Pedro Cardoso e Felipe Pinheiro, TV Pirata foi um famoso programa humorístico de televisão brasileiro que contou com a participação de reconhecidos atores como Cláudia Raia, Débora Bloch, Marco Nanini, Denise Fraga, Luiz Fernando Guimarães, Diogo Vilela e Ney Latorraca.

        Foi transmitido pela Rede Globo de 1988 a 1990 e em 1992.

        Seu humor baseava-se, principalmente, na política satirizada mas também em piadas relacionadas com o futebol, economia e celebridades.

        Na época, TV Pirata quase foi cancelado devido a falta de assimilação do público que não estava acostumado com atores dramáticos fazendo comédia. Além disso, a audiência não estava preparada, por assim dizer, para receber um programa de humor diferente dos que eram exibidos, em seus modelos tradicionais – como, por exemplo, Praça da Alegria, programa onde o ator/apresentador nunca finalizava a leitura seu jornal por causa de outras pessoas que sentavam junto a ele e compartilhavam suas histórias.

        Ao longo dos anos, houve várias tentativas de criar uma linguagem específica para a televisão.

2. Estética

        A diversidade dos cenários era grande. O exagero proposital do figurino foi fundamental para o humor escrachado do programa. Com uma pesquisa feita, alguns dos figurinos foram inspirados em pessoas comuns, frequentadoras de lugares comuns e que foram entrevistadas e “representadas” na tela para deixar o programa mais parecido com o povo.

3. Roteiro

        Em 1984 surgiu uma nova proposta de humor com inéditos recursos de texto e imagem. TV Pirata soava inovador para os padrões brasileiros mas apresentava um humor sofisticado semelhante ao programa inglês Monty Python e ao americano Saturday Night Live, que satirizavam a própria programação televisiva: telenovelas, telejornais, seriados, programas de entrevistas e esportivos.

        A Rede Globo foi o alvo principal do TV Pirata.

        Essa sátira da televisão foi um pretexto para que o TV Pirata, com seus variados quadros semanais, pudesse mencionar a realidade do Brasil, a violência urbana, o crime organizado e o repelo infantil.

        Exemplos de quadros que podem melhor citar os temas abordados no programa:

-Supersafo, onde o ator Diogo Vilela interpretou um super-herói malandro que usava o famoso “jeitinho brasileiro” para se safar de inúmeras confusões.

-Black Notícias, inspirado no Jornal Nacional, dois apresentadores davam notícias, - muitas delas fictícias – ao som de hip-hop.

-Relacionamento, Sublime Relacionamento, onde um marido assumidamente “corno” vivia com sua chata e exigente esposa que, escondia seu amante dentro de um armário.

4. Reconhecimento

        Apesar de algumas contradições, na época, o programa foi muito bem recebido pelo público e acabou por dar origem aos programas humorísticos dos dias de hoje que, com comédias algumas vezes e infelizmente vistas como “baratas”, foram muito além de simples piadas, tendo sido fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do humor na televisão brasileira.

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