TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS EM UM ARTIGO DE OPINIÃO

TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS DE UM ARTIGO DE OPINIÃO

Por

EDDA GODINHO RIBEIRO

Trabalho apresentado a profa. Sandra

Bernardo, na disciplina LET 1090- Comunicação

e Expressão I, do curso de Comunicação Social

da Pontifícia Universidade Católica do Rio

de Janeiro (PUC-Rio).

Rio de Janeiro, 2º semestre de 2015

Introdução

          O presente trabalho – Técnicas argumentativas de um artigo de opinião -  propõe analisar as técnicas de argumentação presentes no artigo jornalístico intitulado “Abaixo Chapeuzinho”, originalmente publicado no jornal O Globo, datado em 11 de Dezembro de 2011 por João Ubaldo Ribeiro.

         A análise foi feita com base no livro “A arte de argumentar”, de Antônio Suárez de Abreu, o qual expõe o conceito de argumentação, teorias e estratégias argumentativas e de convencimento do público. Segue, pois, uma análise acadêmica estratégica, e suas principais conclusões.

Análise

          O artigo Abaixo Chapeuzinho aborda basicamente a interferência do Estado na vida privada das pessoas, e utiliza como exemplo a influência da leitura no universo infantil. Podemos então, segundo Abreu (1999, p. 17), identificar a atuação vigilante e manipuladora do Estado como tese de adesão inicial, e a tese principal sendo a leitura como instrumentalização do controle estatal. É também utilizada a metáfora médica, recurso de linguagem que compara a sociedade ao corpo humano (Abreu, 1999, p. 51), quando o artigo cita os males da prática de comportamentos considerados incorretos pela sociedade, e sua “cura” quando agimos de acordo com os parâmetros determinados pelo Estado. Usa-se também um recurso de hierarquização, com lugar de qualidade, onde Abreu afirma contestar a virtude do número, dando ênfase ao único e superior; nesse caso o Estado é o pensador das ideias e formador dessa interpretação, diante da sociedade – “O Estado sabe o que é bom para nós e não temos direito de contestá-lo” (Ubaldo, 2011).

          A partir disso, o autor utiliza de exemplos claros, citando obras literárias clássicas e a imposição de como interpretá-las. Nesse caso, a técnica utilizada é a argumentação pragmática, pois segundo Abreu (1999, p. 26), “argumento pragmático fundamenta-se na relação de dois acontecimentos sucessivos por meio de um vínculo causal”. Ubaldo compara duas situações, como causa e consequência – basicamente, sendo o indivíduo obrigado a ler e interpretar da forma convencionada, ele provavelmente deixará de estudar. Utiliza-se de metáfora médica também, - “a atitude deles é de um patologista diante de um cadáver” (Ubaldo, 2011) – novamente utilizando a metáfora médica.

          Nos parágrafos seguintes, observamos a ironia como presente e com várias figuras de linguagem. Até a conclusão do artigo, o autor adota argumentos de retorsão, ao passo que trata-se de “uma réplica que é feita, utilizando os próprios argumentos do interlocutor” (Abreu, 1999, p. 21), assim com o argumento do ridículo (p. 21), no qual Abreu afirma consistir em “criar uma situação irônica, ao se adotar, de forma provisória, um argumento do outro, extraindo dele todas as conclusões, por mais estapafúrdias que sejam”. São utilizadas histórias infantis para contextualizar a real intenção nas entrelinhas. Falar as cantigas infantis “Atirei o Pau no Gato” ou “o Cravo brigou com a Rosa” colocando-as como realmente nocivas a sociedade, sendo que não são; ou mesmo enfantizar o ensino de parte “boa” da História nas escolas, ou mesmo modificar sua abordagem. E novamente o recurso de presença no artigo, adicionado de metáfora criativa – “Os assírios, por exemplo, não esfolavam ninguém vivo, faziam peeling” – citando o grupo étnico da região do Oriente Médio.

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