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A CONTEMPLAÇÃO E A INTUIÇÃO ESTÉTICA DE ARTHUR SCHOPENHAUER

Por:   •  15/4/2019  •  Artigo  •  2.116 Palavras (9 Páginas)  •  252 Visualizações

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A CONTEMPLAÇÃO E A INTUIÇÃO ESTÉTICA DE ARTHUR

SCHOPENHAUER:

Ensaios sobre o livro III de “O mundo como vontade e representação”

Gian M. de Carvalho *

1

Resumo: O foco aqui dado é em fazer uma análise do que, especificamente, o pensador

alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) nos atesta no livro III de “O mundo como

vontade e representação” sobre sua concepção acerca da estética, mais especificamente

sobre o papel da intuição no processo até o instante contemplativo, e como isso pode ser

uma suspensão do sofrimento humano.

Palavras-chave: Intuição, Estética, Vontade, Contemplação, Schopenhauer.

1 INTRODUÇÃO

O presente texto pretende elucidar como o conceito de intuição apresenta no

filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) um meio puro de poder contemplar a

arte. Para poder ser claro e sistemático ao que me proponho expor, primeiramente

elucidarei brevemente os princípios da filosofia schopenhaueriana; em segundo

momento tratarei sobre o que o pensador entende por contemplação; e, por fim, como a

intuição (segundo o que ele mesmo pressupõe que seja) pode ser um caminho pleno

para a experiência estética.

2 TRAÇOS E INFLUÊNCIAS DA FILOSOFIA SCHOPENHAUERIANA

Schopenhauer propõe um dado pensamento filosófico muito peculiar e

fortemente influenciado por dois grandes nomes: Immanuel Kant (1724-1804) e Platão

(428/427 a.C. - 348/347 a.C.). Por isso, creio ser plausível fazer uma explicação

superficial da importância do pensamento de ambos na filosofia schopenhaueriana.

Podemos dizer que Schopenhauer vai além de Kant – ou ao menos tenta. Da

mesma forma que ambos concordam sobre o princípio de que somos meros

1* Graduando em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos); pesquisador

acadêmico nas áreas de biopolítica e alteridade. gmdc_97@hotmail.com / decarvalhogian@gmail.com

2

espectadores do mundo fenomênico, Schopenhauer procura responder o que Kant não

conseguiu: o que é

a coisa em si? Aquilo que Kant chama de coisa em si e que não pode ser

descoberta e explicada por não fazer parte de uma esfera cognoscível, Schopenhauer irá

chamar de vontade, que por sua vez é representada em todo o mundo como seu

constituinte abstrato. Ou seja, o mundo não é fundamentalmente real, mas

metafisicamente real.

O mundo fenomênico (a representação), por sua vez, pode ser conhecido e

constituído por dois princípios: o princípio da individuação (principium individuationis)

e o princípio da razão. Esses dois princípios regem o mundo da representação, mas não

são capazes de alcançar, digamos assim, a coisa em si. Por individuação Schopenhauer

quer dizer a pluralidade de individualidades delimitadas no tempo-espaço e suas

causalidades. Já o princípio da razão é o motivo pelo qual conseguimos compreender a

individuação tal por causa de sua definição espaço-temporal.

Schopenhauer acrescenta, ainda, que a vontade posta em objetivação é o que

forma a existência em si do mundo, e isso nada mais é do o que Platão chamava de

Ideias, ou forças imutáveis (ειδη). Sim, o pensador alemão irá fazer uma junção desses

dois filósofos que, segundo ele, são os “[...] maiores filósofos do Ocidente”

(SCHOPENHAUER, 2001, p. 179, §31) na tentativa de explicar a realidade. Em suas

próprias palavras:

Eis, portanto, a vontade identificada para nós como a coisa em si; a ideia, aliás, não é mais do que a

objetidade imediata desta vontade, objetidade realizada num grau

determinado [...] Esses dois grandes paradoxos são mesmo o melhor dos

comentários um para o outro; isso deve-se precisamente ao fato de que,

apesar de todo o acordo profundo e do parentesco que os une, por causa da

extrema diferença que separa as individualidades respectivas dos seus

autores, eles diferiram ao máximo na sua expressão: são como dois caminhos

completamente separados que conduziram à mesma meta.

(SCHOPENHAUER, 2001, p. 179, §31)

A síntese que Schopenhauer faz de Platão e Kant trata-se de interpretar a idéia como

sendo o que faz o mundo fenomênico possível, através da objetivação da vo

3

Abranger esses pontos se faz intrinsecamente necessário para a compreensão do que me

proponho desenvolver adiante.

Notavelmente a filosofia de Arthur Schopenhauer traz um teor pessimista, e

isso se explica por ele ver as nossas vontades como inundadas por paixões e desejos a

coisas obsoletas. A vida, nesse sentido, é caracterizada pelo sofrimento, visto que a

mera vontade humana nos faz olhar os objetos e desejá-los, mas não de maneira

...

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