A Décima terceira emenda

Trabalho de Sociologia

° Natália Delamano

“A décima terceira emenda” é o documentário analisado abaixo. O longa metragem trata sobre o excesso de encarceramento nos Estados Unidos, usando a lei do título (que dita todo homem como ser livre desde que não seja criminoso), como uma base para o problema americano, como o fato de um a cada quatro presos do mundo estar em uma penitenciária dos Estados Unidos da América, sendo que a chance de um homem negro entrar nessa estatística é de uma em três, enquanto a do homem branco é uma em dezessete. O filme deixa claro que o problema é histórico! Trazendo dados, personagens, imagens, trechos de vídeos, filmes e músicas para enriquecer o conteúdo.

Os personagens mais destacados podem ser divididos em três:

° As vulneráveis na história, personagens que lutaram ou morreram (até ambos) por sua falta de direitos, e a necessidade de mais atenção à vulnerabilidade da etnia negra, ou então foram usados para beneficiar os brancos. Exemplos:

Fred Hampton, líder do movimento negro que foi assassinado, cujo FBI era inimigo declarado.

Willie Horton, era um assassino negro, mas sua imagem foi usada para alavancar a eleição a favor de George Bush.

Travon Martin, jovem assassinado por um homem branco ao ser considerado “suspeito demais” (o assassino saiu impune devido a uma lei californiana “Defenda seu território”).

Sharanda, declarada a prisão perpétua pela posse de cocaína durante a lei dos Strikes, três crimes graves e você sofrerá pena de morte, sendo que ela foi condenada a tanto cometendo apenas UM delito leve.

Assata Shakur, ativista considerada inimiga do FBI, mandada para Cuba para fugir da perseguição.

Panteras Negras, um partido político de empoderamento negro que surgiu em 66, e foi declarado inimigo pela mídia.

Martin Luther King, ativista e líder do movimento negro, conhecido pelo discurso “I Have a Dream” (Eu tenho um sonho), também assassinado.

Emet Till, adolescente acusado e condenado por “prestar atenção demais” na esposa de um burguês local.

Kalief Browder, jovem negro detido por um crime que não cometeu. Aguardou na cadeia por três anos sob surras de guardas por não aceitar o acordo da promotoria e se recusar a declarar culpa, esperando julgamento. Após dois anos liberto, suicidou-se.

Angela Davis, personagem presente em dois contextos: vulnerável na história e testemunha da história. Hoje é uma professora emérita que opina na longa-metragem, no passado lutou como ativista do movimento negro e, ao ser presa injustamente, venceu a promotoria e foi liberta sem mais condenações.

° As aproveitadores da história, estadunidenses brancos que, de alguma forma, participaram ativamente na condenação negra, favorecendo o deterioramento da imagem e condição de vida dessa etnia injustiçada. Exemplos:

Ku Klux Klan: seita que pregava a supremacia branca, popularizada próxima do fim da escravidão e pregava ódio aos negros.

Nixon, ex-presidente, trava uma guerra contra os criminosos e contra as drogas (“Foi quando decidimos declarar dependência química como crime ao invés de problema de saúde” é dito na longa), sendo os negros uma imagem clara dos perseguidos pela mídia sob seu governo.

Bill Clinton, enquanto estava na presidência era apoiador da lei de 94 que fortificava o sistema criminal (maior número de penitenciárias, por exemplo) e aumentava a quantidade de policiais nas ruas, além da lei d”Os três strikes”, após essa quantidade de crimes graves, você pode ser condenado à prisão perpétua/pena de morte.

Ex presidente Reagan, guerra física contra as drogas. Na maioria das vezes as punições acabavam sendo ainda piores para os delinquentes de cor.

George Bush aparece na presidência a fim de declarar seu apoio e proteção à comunidade branca, a base de sua campanha foi o ódio aos criminosos, usando como exemplo um assassino negro que ganhou condicional de dois dias liberada pelo seu adversário. A imagem dos afrodescendentes como perigosos foi essencial na sua eleição.

J. Edgar Hoover, policial do FBI que declarou inimizade a vários líderes do movimento negro, como Angela Davis e Dr. King.

George Zimmerman, o assassino de Travon Martin.

Alec, um conjunto empresarial que fornece leis que favorecem penitenciárias privadas para os legisladores, visando lucros em cima dos prisioneiros.

° As testemunhas dessa história. Pessoas dispostas a expor os muitos lados e explicar didaticamente o problema tratado pelo documentário. Exemplos:

Professores como Henry Gates, Jelani Cobb, já citada Angela Davis, John Hagan, Michele Alexander...

Executivos, por exemplo Lisa Graves, Malkia Cyril, Nicholas Turner.

Ativistas, dentre eles Pat Noal, Cory Greene, Lisa Peterson.

Políticos, como Charles Rangel, Cory Booker, David Keene.

Ex presidiários e família, exemplificado por Craig TheRosh e Dolores Canales.

No filme, o fim da escravidão é o começo da trama. Antes os negros talvez não fossem considerados sujeitos vulneráveis, já que não eram tratados como pessoas e sim mercadoria. Mas a partir da décima terceira emenda, a base econômica e o ideal de grande parte da nação estavam quebrados. Além de se tornarem cidadãos, os afrodescendentes agora eram livres e poderiam fazer o que bem entendiam (que era, basicamente, sobre nada, já que oportunidades jamais apareceriam e o estilo de vida era desconhecido há muitas gerações). Sendo assim, a engrenagem principal da economia estadunidense não existia mais: mão de obra. Era preciso que eles continuassem sob controle, e acima de tudo trabalhando para manter erguido o

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