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A Filosofia

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Por:   •  3/6/2014  •  2.554 Palavras (11 Páginas)  •  196 Visualizações

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Trabalho como conceito filosófico

Nas páginas dos Manuscritos Econômico-Filosóficos, Karl Marx apresentou a sua concepção filosófica de trabalho cujas ideias, segundo Erich Fromm, transformaram-se em um verdadeiro manifesto contra a alienação dos homens

por Kátia Santos*

Trabalho

De acordo com a etimologia, a palavra "trabalho" advém do latim tripalium (ou trepalium), instrumento de tortura formado por três paus (tri + palus), suplício pelo qual os escravos passavam para aumentarem a produtividade.

O trabalho é um dos temas de investigação mais importantes da Sociologia. Nele, estão conjugados diversos aspectos da existência humana, como a História, as condições materiais da vida, as ideologias e até mesmo a religião. Assim, por exemplo, do ponto de vista material, estuda-se o modo como a atividade assalariada está ligada à sobrevivência do trabalhador e, do ponto de vista ideológico, investiga-se como o trabalho deixou de ser uma atividade inferior, a partir da reforma ideológica protestante. Karl Marx foi um dos principais teóricos do trabalho. Na sua teoria, o processo de trabalho ocupa um posto muito importante e tem um aspecto duplo, a saber, o de transformação material e o de valorização do capital. No pensamento econômico de Marx, o trabalho tem de ser tomado com referência a alguma coisa, desvinculando-se da sua utilidade prática imediata. Sua importância, nesse caso, refere-se à maneira como pode se encaixar em um sistema mais amplo, que é o processo de produção material da existência no capitalismo.

Nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos, especialmente no Primeiro Manuscrito, Marx apresenta um conceito de trabalho diferente daquele da crítica ao capitalismo. Nessa obra, ele expõe uma visão filosófica a respeito da existência humana, contrapondo-a ao ponto de vista da economia política, que reduz todas as ações humanas a motivações de ordem econômica. Com efeito, o conceito filosófico de trabalho é formulado por Marx em contraposição, a um só tempo, à concepção deturpada das teorias econômicas e às circunstâncias reais alienadas das relações de produção. De acordo com isso, Erich Fromm, no prefácio de seu livro Conceito Marxista do Homem, afirma que a filosofia de Marx representa um protesto contra a alienação do homem, contra sua transformação em objeto, sua desumanização e automatização, inerentes à evolução do industrialismo ocidental.

Erich Fromm

Psicanalista, filósofo e sociólogo ligado à Escola de Frankfurt, Erich Fromm nasceu em Frankfurt, em 23 de março de 1900, criado em uma família judia praticante. Doutorouse em Sociologia em Heidelberg e teve formação psicanalítica no Instituto de Psicanálise de Berlim. Na década de 1930, dirigiu o Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt e, com a chegada de Hitler ao poder, partiu para Genebra e, de lá, para os EUA - obteve cidadania americana em 1940. Fromm atuou na Columbia University até a década de 1950, quando foi lecionar na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). Escreveu diversos livros, entre os quais A Arte de Amar (1956). Erich Fromm faleceu no dia 18 de março de 1980.

Trabalho e propriedade

"É o trabalho, portanto, que atribui a maior parte do valor à terra, sem o qual ele dificilmente valeria alguma coisa; é a ele que devemos a maior parte de todos os produtos úteis da terra; por tudo isso a palha, farelo e pão desse acre de trigo valem mais do que o produto de um acre de uma terra igualmente boa, mas abandonada, sendo o valor daquele o efeito do trabalho (...)"

John Locke. "Da propriedade", trecho de O Segundo Tratado sobre o Governo Civil incluído no livro Os Clássicos da Política, vol. 1. Francisco Weffort (org.). São Paulo: Ática, 2002.

Valor

Karl Marx reconhece que Aristóteles elaborou em sua Ética a Nicômaco uma concepção precursora na tarefa de compreender o valor como forma. Todavia, no referente ao "trabalho", Aristóteles possuía uma visão compatível à de seu tempo. Ele valorizava a virtude do ócio, não no sentido da preguiça, mas do tempo livre para a atividade política e filosófica.

Marx inicia o Primeiro Manuscrito afirmando que a economia política parte dos fatos, como dados verdadeiros subjacentes à estrutura econômica e social, mas não faz esforços para explicá-los. A teoria econômica concebe somente o processo material segundo o qual se dá a existência da propriedade privada, a separação entre trabalho, capital e terra, a divisão do trabalho, a competição e a conceituação de valor de troca. Todavia, conforme Marx, o que deveria ser explicado é admitido como ponto de partida para a formulação das leis econômicas, sem que haja a preocupação em compreender como essas leis se originam da propriedade privada e da base da distinção entre trabalho, capital e terra. Desse modo, há um círculo vicioso na economia política, uma vez que afirma o que deveria deduzir, analogamente à teologia, quando explica a origem do mal na queda do homem: assegura como fato histórico aquilo que deveria elucidar.

Herbert Marcuse

Filósofo, teórico político e sociólogo alemão naturalizado americano, Herbert Marcuse (1898- 1979), integrou na juventude, o Partido Social-Democrata Alemão, formou-se em filosofia e, no final da década de 1920, foi para Freiburg estudar com Martin Heidegger, com quem sempre manteve um vínculo de admiração e crítica. De família judia, Marcuse deixou a Alemanha em 1933, época em que foi admitido no Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, naquele momento já baseado em Genebra. Com Adorno e Horkheimer, Marcuse vai para os EUA em 1934, onde construiu uma sólida carreira intelectual e universitária: Herbert Marcuse lecionou nas universidades de Columbia, Harvard, Brandeis e California. Durante a Segunda Guerra Mundial, desempenhou papel de analista de relatórios para o serviço de espionagem do governo americano. Com o final do conflito, decidiu permanecer nos EUA e escreveu livros como Eros e Civilização (1955) e O Homem Unidimensional (1964).

Herbert Marcuse, em seu ensaio Sobre os Fundamentos Filosóficos do Conceito de Trabalho Alienado na Ciência Econômica, considera que a teoria econômica prescinde de uma definição

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