TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A noção de cultura nas ciências sociais

Por:   •  23/6/2017  •  Resenha  •  3.392 Palavras (14 Páginas)  •  1.269 Visualizações

Página 1 de 14

FACULDADE VICENTINHA

BACHARELADO EM FILOSOFIA

PATRICK HENRIQUE VAZ

ANTROPOLOGIA CULTURAL

CURITIBA

2017

PATRICK HENRIQUE VAZ

SÍNTESE DE “A NOÇÃO DE CULTURA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS” DE DENYS CUCHE

Trabalho apresentado na matéria de Antropologia Cultural.

CURITIBA

2017

“Nada é puramente natural no homem. Mesmo as funções humanas que correspondem a necessidades biológicas [...] são informadas pela cultura”

Denys Cuche.

 1. GENESE SOCIAL E CIENTÍFOCO DO TERMO CULTURA

O termo cultura, muito provavelmente, tem sua evolução semântica decisiva para o significado atual na língua francesa. Na França, já no século XIII, se utilizava deste termo etimologicamente latino[1], compreendendo-o como uma parcela de terra que fora cultivada. Seguindo um processo de evolução natural das palavras, na primeira metade do século XVI por cultura passa-se a inferir a ação, o ato de cultivar. Sendo na segunda metade do referido século que passa-se a pensar no termo cultura num sentido figurado, enquanto o ato de cultivar uma faculdade, “isto é, trabalhar para desenvolvê-la (DENYS, Cuche. Pg. 19.) .

        Mas é apenas em 1718 que o termo cultura se “impõe” em seu sentido figurado ao ser publicado no Dicionário da Academia Francesa. De forma gradativa o termo cultura passa a se libertar de complementos e começa a significar uma formação do espirito, depois passa-se a ação de instruir, sendo aqui cultura o espirito instruído.

        Em 1798 o Dicionário da Academia passa a conceber cultura como algo contrário a natureza. Oposição aprofundada pelo iluminismo que explicita a cultura enquanto saber acumulado e transmitido no curso da história. A palavra cultura participa neste contexto do otimismo do progresso, progresso este que nasce da instrução, ou seja, da própria cultura.

        Já no século XVIII ganha força no vocabulário francês o termo civilização, que participa do mesmo campo semântico e reflete concepções iguais às de cultura. Mas cultura é aplicada no âmbito pessoal enquanto civilização ao coletivo. Porém com a ascensão de pensadores burgueses civilização passa a ser compreendida enquanto afinamento de costumes, processo que tira a humanidade da ignorância.

        Impregna-se no povo pouco a pouco, com o termo civilização, a concepção de que existem povos mais adiantados e outros mais atrasados em relação ao progresso, cabendo aos primeiros ajudarem aos segundos. Frisa-se ainda a criação do termo etnologia por Alexandre de Chavannes em 1787, disciplina que estuda a história do progresso.

        Ainda no contexto do século XVIII, cultura passa também a ser empregada pela burguesia alemã, mas enquanto sendo aquilo que é próprio do povo, estando em contraposto pejorativo a palavra civilização, que e compreendida como aquilo que é próprio da corte, corte esta, fechada e afastada do povo.

        No século XIX a evolução semântica da palavra pouco evolui. Na França se compreende cultura enquanto sendo aquilo que é próprio do homem, cultura da humanidade. Enquanto na Alemanha por cultura se entende aquilo que é próprio de seu povo. Neste sentido busca unificar os pensamentos sobre tal e sobre adoção da reflexão positiva sobre o homem surge a sociologia e a etnologia, afirmando que antes de cultura de um povo, da França, da Alemanha, existe a cultura humana. Mas ainda assim, no século XX estoura entre a França e a Alemanha um enfrentamento brutal, que exacerbam o debate ideológico cultural.

        

1.1 Definição Etnológica De Cultura

         

A primeira definição etnológico de Cultura foi devinda do antropólogo Eduard B. Taylor, o primeiro antropólogo britânico. Para ele cultura e civilização são o conhecimentos, as crenças, a arte, a moral e o direito. Deste modo, por cultura se compreende enquanto caráter inconsciente adquirido por meio da vida social. Para o pensador em questão, a cultura dos povos atuais demonstram globalmente a cultura dos povos originários, por isso a sociedade contemporânea é entendida enquanto povos primitivos contemporâneos.

        Ao passo contrário de Taylor o antropólogo Franz Boas (1858-1942) busca compreender as culturas antigas, não pela observação das vigentes em sua época, mas através da observação “in situ”, isto é, em sítios arqueológicos, sendo ai, o surgimento da etnográfica. Boas também foi pioneiro ao compreender que toda diferença entre os homens se dava pela cultura, por isso não seria possível, por exemplo, compreender ao homem cultural a partir de características físicas, o que posteriormente foi retificado pelo estudo da genética.

Boas compreende assim que a diferença entre o homem primitivo e o civilizado são apenas diferenciações culturais adquiridas, logo não existe também para ele a concepção de uma cultura inata no homem. Boas também inovou ao ser o primeiro a inventar o método monográfico de antropologia. Para ele, as pesquisas de campo deveriam serem feitas, muito mais do que em entrevistas, onde as respostas podem não serem autenticas, mas pela observância, pela anotação da anotação, pelo domínio da língua local e se necessário até mesmo ouvindo conversas por detrás das portas. Mas talvez o que de mais rico que fora colocado por este grande pensador ao findar de sua vida é que na medida que cada sociedade exprime um modo único ela deve ser respeitada, estimada e protegida.

1.1.2 Etnocentrismo

Este termo foi criado pelo sociólogo Willian G. Summer, sendo utilizado pela primeira vez em seu livro Folkways. Tal termo, visava designar o pensamento de um determinado grupo enquanto se compreendendo “centro de todas as coisas”, sendo assim os outros grupos medidos em relação ao primeiro.

Lévi-Straus, por exemplo, sobre isto, expõe que os povos tem dificuldade de encarar a diversidade das culturas enquanto um fenômeno comum, natural. Mas o que se percebe é que na busca de exaltar seus costumes (folkways), se busca menosprezar aos dos outros povos. Neste sentido, a antropologia cultural visava mostrar ao homem que não existe uma hierarquização das culturas, como compreendia o evolucionismo do século XIX, mas sim uma relatividade cultural, sendo impossível sua hierarquização.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (20.8 Kb)   pdf (117.5 Kb)   docx (21.3 Kb)  
Continuar por mais 13 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com