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CALEIDOSCÍPIOS PREVISÍVEIS: O QUE HÁ DE FILOSOFIA NA FILOSOFIA CLÍNICA

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Por:   •  7/9/2014  •  3.512 Palavras (15 Páginas)  •  418 Visualizações

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Por Lília Pinheiro

INTRODUÇÃO

Esse pretende ser um ensaio original, fruto de um esforço pessoal e não uma compilação rica em referências.

Como parece prudente fazer com relação a qualquer assunto filosófico, não se pretende aqui tentar colocar a questão de forma definitiva, essa é uma pretensão que, como o próprio texto tornará patente, não parece legítima, interessando-nos aqui apenas defender uma visão de alguns desdobramentos filosóficos que podem dar suporte a construção do que chamamos de Filosofia Clínica. Não é nosso intuito aqui, pois, fazer um apanhado geral de tudo o que se construiu no pensamento filosófico em geral. Não interessa-nos, portanto, abordar todos os desdobramentos do pensamento humano, mas apenas aqueles que parecem dar suporte à Filosofia Clínica.

Inicialmente, interessa-nos tratar de forma bastante geral, de como é considerada a questão do conhecimento em diferentes épocas históricas no intuito primordial de entender o que vem a ser considerado, para nossos propósitos, o conhecimento em nossa época atual. Desta forma, pretendemos situar onde se encontra a Filosofia Clínica diante da Filosofia como tal.

É bom deixar claro que ao abordar a História do Conhecimento aqui, isso se dará de forma generalizada, porque se sabe que diferentes formas de se considerar o que vem a ser conhecimento não são tão definitivamente exclusivas de determinados períodos históricos, e que muitas vezes se encontram filósofos que, mesmo sendo contemporâneos entre si, defendem posturas divergentes, e acima de tudo, que trataremos de abordar apenas a linha de desenvolvimento que dá suporte aos nossos objetivos.

Num segundo momento, pretendemos tratar da Filosofia Clínica propriamente, situando-a em relação à Filosofia Acadêmica e explicitando de maneira breve, sua metodologia.

O CONHECIMENTO NA HISTÓRIA

É comum se atribuir o início da Filosofia aos gregos, quando estes buscaram explicações menos mitológicas e mais racionais para os fenômenos que observavam. As questões fundamentais sobre as quais eles inicialmente se debruçaram eram as que diziam respeito à natureza (physis). Seu objeto de estudo era fundamentalmente o kosmos (universo ordenado), sua filosofia era considerada, portanto, uma cosmologia.

Para os gregos, o conhecimento, era o conhecimento das coisas. Conhecer era uma identidade entre o pensar e as coisas mesmas.

Após essa primazia da Cosmologia, com a influência do Cristianismo, o conhecimento se volta mais para Deus, e a primazia de estudo é a Teologia, o conhecimento torna-se, de modo geral, menos razão e mais revelação.

Com a Modernidade, o homem volta-se mais para si mesmo e a Filosofia se torna mais uma epistemologia, um estudo sobre o próprio conhecimento. Aqui, ocorre uma revolução no pensar e o homem entende que, antes de querer falar sobre o mundo em si, como faziam os gregos, o homem teria que se perguntar sobre suas condições de possibilidade de falar sobre esse mundo, e entender que, nós não podemos saber o que são as coisas em si, porque só as acessamos através de nossos sentidos e de nosso entendimento, e assim, nós é que damos forma ao mundo. Não sabemos o que são as coisas em si mesmas (noumenon), sabemos o que elas são para nós (fenômeno). Nesse sentido, o conhecimento não é uma identidade entre as coisas e o pensamento, porque não sabemos o que são as coisas em si mesmas, mas também não pode ser uma mera construção subjetiva, porque então cada um poderia ter a sua própria e não haveria critérios para defender qualquer uma em particular.

O conhecimento deixa de ser uma mera identificação com o objeto e passa a ser uma adequação entre as coisas – não mais as coisas em si mesmas, mas as coisas tais quais acessadas por nós – e as formas impressas pelos próprios sujeitos.

Após essa fase, adentramos ao que podemos chamar de fase historicista da Filosofia e o pensamento adentra ao período que pode ser conhecido como Pós-modernidade.

O Conhecimento não é mais visto nem como algo passivo – deparamos com objetos e os conhecemos, nem como simples encontro entre um sujeito e um objeto. O Conhecimento é construído dentro de uma comunidade, histórica, que comunga teorias e, ao olharmos para o mundo, já o vemos balizado pelas teorias que adotamos. Nós não somos sujeitos que observamos objetivamente um mundo, mas sujeitos que olhamos o mundo já filtrando aquilo que nos interessa observar, nós vemos o mundo interpretado .

O Conhecimento deixa de ser algo universal, definitivo, e passa a ser algo correto de acordo com uma determinada teoria. Isso acontece de modo a levar o que será considerado conhecimento, cada vez mais pra perto da Ciência, onde este, mesmo possuindo algum conteúdo especulativo e filosófico, não mais prescinde de comprovações experimentais.

A questão do Conhecimento leva, nesse sentido, para duas áreas. Por um lado, para a Lógica, porque se exige das teorias que sejam consistentes, por outro, leva para a Metodologia Científica, onde se exige que essas teorias sejam corroboradas por resultados experimentais.

Conhecer passa a ser, portanto, possuir teorias que, não temos a pretensão de que falem sobre como o mundo é em si, mas teorias que são modelos de mundo. Esses modelos fazem previsões que, ao serem confirmadas experimentalmente, fortalecem a teoria e se mantém, se não acertam as previsões, são aprimorados ou trocados por outros.

O Homem Moderno já sabe que não tem acesso ao mundo em si, porque esse acesso ao mundo é mediado por seus sentidos e por seu entendimento. O mundo é tridimensional? Não podemos saber, o que sabemos é que nós tridimensionalizamos o mundo. Mas esse mundo, para ele, possui uma ordem racional. Nada acontece por acaso e, através de nossa razão, podemos estabelecer as verdades de como esse mundo é.

Mas quais são essas verdades então? Bem, uma verdade deveria ser uma correspondência entre o que se diz e aquilo que ocorre. Para que isso se desse, teríamos que pressupor que a linguagem dá conta do mundo, ou seja, que aquilo que eu digo pode realmente representar aquilo que ocorre. Esse é um pressuposto assumido pelo homem moderno.

Algo que o Homem Pós-Moderno vai questionar é exatamente isso. Quem disse que a linguagem representa o mundo?

Para o Homem Moderno, o significado de um nome que ele usava era o objeto que se encontrava no mundo, ou seja, cada nome tinha uma referência, e assim a linguagem representava o mundo. Para o Homem Pós-moderno, o significado

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