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Dowbor E Os Desafios Da Globalização

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Por:   •  12/5/2014  •  1.071 Palavras (5 Páginas)  •  419 Visualizações

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A partir das transformações institucionais geradas pela globalização, Ladislau Dowbor, em seu artigo Globalização e Tendências Institucionais (1997), evidencia cinco eixos contraditórios desse processo. O primeiro eixo, o centro de toda estrutura global, é a tecnologia. Segundo o autor, Adam Smith e Karl Marx estavam certos ao acreditarem que a evolução das técnicas seria responsável pelas transformações sociais. Para ele, o avanço tecnológico, que por um lado contribui para o desenvolvimento da informação e da saúde, resulta numa série de problemas para humanidade quando somado ao atual atraso em termos institucionais. A extinção de animais devido à caça e a pesca industrial, a produção de novas drogas com o desenvolvimento da química e a fabricação de armas cada vez mais letais, são apenas algumas das evidências dos problemas trazidos pela revolução tecnológica. Diante do rápido avanço das técnicas e do lento desenvolvimento das instituições de regulação, o autor acredita na ampliação da nossa capacidade de governo como condição para sobrevivência.

Com a tecnologia, surge a redefinição do tempo e do espaço, aproximando pessoas de todo o mundo através da telemática e criando espaços mundialmente integrados. Ao mesmo tempo em que um pesquisador consegue acessar um banco de dados de uma biblioteca do outro lado do mundo sem sair de casa, mercados financeiros transferem todos os dias trilhões de dólares sem nenhum controle dos bancos centrais. Segundo Dowbor (1997), a mundialização da economia, da mídia, e de uma série de outras áreas, criou um espaço internacional sem governo, uma imensa terra sem-leis. Instituições reguladoras internacionais criadas após a II Guerra Mundial, como as Nações Unidas, o FMI e o BID, estariam ultrapassadas por atuarem apenas no espaço nacional, deixando de lado o fato de que hoje, atuando diretamente no espaço internacional, o capitalismo já não presta contas a ninguém e o Estado Moderno permanece carente de ferramentas de governo com um alcance global.

Esta ausência de instrumentos de regulação da economia global contribui para aumentar o abismo entre ricos e pobres. Assim, a ausência de uma lógica redistribuitiva esgota as possibilidades de melhoria da situação miserável da maior parte da população mundial. De

acordo com Dowbor (1997, p.11), “hoje nenhuma pessoa em sã consciência fala de bolsões de pobreza, quando os bolsões se referem à cerca de 3,2 bilhões de pessoas, 60% da humanidade”, enquanto que no Brasil “1% das famílias mais ricas aufere 17% da renda do país, enquanto os 50% mais pobres, cerca 80 milhões de pessoas, auferem cerca de 12%”. Enquanto isso, o Estado moderno, ao invés de buscar uma administração humanitária, visando o reequilíbrio da sociedade e exigindo que as empresas assumam suas responsabilidades sociais e ambientais, limita-se em administrar esta situação absurda. Diante disso, evidencia-se que essa aproximação cada vez maior entre riqueza e miséria é insustentável a médio prazo e o problema da justiça social se trata de uma questão de sobrevivência.

O autor aponta o processo de urbanização, que alterou profundamente o modo de vida da população mundial, como o quarto eixo da transformação institucional. O crescimento dos grandes centros fez com que aumentassem os problemas específicos do cotidiano dos cidadãos de cada cidade, o que exigiu uma descentralização cada vez maior das políticas e dos recursos, com gestões participativas e organizações comunitárias que assegurassem o desenvolvimento e a qualidade de vida nas regiões. Segundo Dowbor, o que se vê na maioria das vezes são cidades superlotadas enfrentando graves problemas com atrasos de infra-estruturas de educação, saúde, saneamento, preservação ambiental e segurança.

O quinto e último eixo apontado pelo autor é a transformação estrutural do trabalho. O crescimento econômico está longe de ser sinônimo de desenvolvimento econômico e a ascensão da economia de um país não significa a diminuição de suas taxas de desemprego. Percebendo que a divisão das atividades em setores primário, secundário e terciário são pouco significativas para compreender a hierarquização do sistema econômico e social, Dowbor (1997) divide os segmentos modernos de atividades em setores de ponta e de emprego precário. Enquanto no setor de ponta encontram-se os segmentos

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