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Ensaio Filosofico: Temos a obrigação moral de ajudar quem vive na pobreza?

Por:   •  13/6/2021  •  Ensaio  •  1.812 Palavras (8 Páginas)  •  4.516 Visualizações

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Ensaio Filosofico - Será que temos a obrigação moral de ajudar quem vive na pobreza extrema?

A pobreza extrema vivida por algumas pessoas hoje em dia pode ser alterada? Teremos nós a obrigação moral de ajudar pessoas que se encontram em tal situação? 

Este problema consiste em questionarmos e em defendermos se temos ou não a obrigação moral de ajudar quem vive na probreza extrema ou o contrário.

Com este ensaio pretendo responder ao problema em questão através de uma tese em que se fale neste assunto, apresentando as razões e justificações para acreditar no que essa tese defende e ao mesmo tempo responder ás objeções que essa teoria apresenta, podendo ainda apresentar objeções a teses que defendem a posição contraria à que vou defender.

Este ensaio filosófico é de extrema importância na medida em que vai abordar e responder a um dos maiores problemas deste mundo – a pobreza extrema.

No nosso mundo nem todos os países têm o mesmo nível de desenvolvimento económico e social.. Logo será de esperar que haverá pessoas que iram viver em melhores condições e outras em pobreza extrema. As diferenças entre estes paises é muito visivel em setores como a educação e a saude, e, em alguns paises não há sequer acesso a recursos básicos como a água e comida.

Então, o que se irá discutir neste ensaio filosófo é se estas pessoas que vivem em melhores condições têm ou não a obrigação moral de ajudar as outras pessoas que vivem em pobreza extrema.

Existem duas principais respostas a este problema: a Tese de Peter Sing, e a Tese de Thomas Pogge.

A tese de Peter Singer

Peter Singer defende a ideia de que temos a obrigação moral de ajudar as pessoas que se encontram em pobreza extrema.

Um dos agrumentos apresentados por Peter Singer é que somos eticamente responsáveis por todos os acontecimentos calamitosos que poderíamos ter impedido, mas não o fizemos.

Ou seja, somos culpados por haver pessoas a viver em pobreza extrema pois precisamente por nós não ajudarmos essas pessoas, elas irão continuar a viver nessas condições não conseguindo usufruir de uma vida melhor. Logo devemos ter a obrigação moral de ajudar e maximizar o bem-estar da população em geral, tornando assim um mundo um lugar melhor.

Outro argumento por ele apresentado é que a distinção entre actos e omissões não é moralmente relevante, logo, defende que ao não fazermos nada ou quase nada para combarter a pobreza mundial, visto que esta é um dos maiores problemas a nível mundial, cometemos uma grave falha, visto que temos moralmente o dever de nos dedicarmos inteiramente à melhoria de vida daqueles que vivem em grande miséria.

Em suma, estes argumentos apresentados por Peter Singer defendem que a nossa maior obrigação e dever é tornar o mundo um lugar melhor em termos de população geral. Singer pretende demonstrar que doar uma parte dos nossos bens para combater a pobreza, por mais pequena que seja a doação face ao enorme problema que é a pobreza mundial, é uma obrigação. Naturalmente, essa obrigação mantém-se se esta não implicar um sacrifício que coloque em causa um interesse nosso com valor moral equivalente. Como utilitarista que é, Singer defende que a distinção entre atos e omissões não é moralmente relevante, logo, defende que ao não fazermos nada ou quase nada para amenizar a pobreza absoluta, cometemos uma grave falha moral, visto que temos o dever de nos dedicarmos inteiramente à melhoria de vida daqueles que vivem em grande miséria.

Objeções à tese de Peter Singer

 As objeções à perspetiva de Peter Singer sobre a obrigação de ajudar resultam da rejeição do consequencialismo. Temos de ajudar os outros, mas não de uma maneira tão radical como Singer defende. Este acredita que devemos sacrificar o nosso bem-estar em nome dos outros até quase atingirmos uma situação de pobreza. Singer não valoriza nem acredita no direito à propriedade privada. Se o que temos foi conseguido de forma justa temos o direito de usufruir e nada nos obriga a abdicar dos nossos bens. Garret Hardin critica a ideia de Singer apresentando a “ética do bote salva-vidas” que consiste num naufrágio em que as pessoas que se encontram nos botes salva vidas tentam salvar a vida das outras que se encontram a naufragar, afogando-se também. Se isto acontecesse, no caso da pobreza extrema, a economia mundial seria prejudicada, parando a evolução humana.

Tese de Tomas Pogge

 Segundo Tomas Pogge temos dois tipos deveres para com os mais pobres: o dever positivo de erradicar a pobreza e o dever negativo de não contribuir para um mundo injusto onde os nossos atos possam, de alguma forma, manter na pobreza milhões de pessoas.

Pogge parte da ideia que a pobreza é um mal moral que deve ser combatido e que todos nós devemos contribuir ativamente para alterar a situação de milhões de pessoas que vivem sem acesso aos bens básicos e necessários à sobrevivência. No entanto, realça que o princípio ético da dádiva nem sempre consegue, por um lado, obrigar os indivíduos a dar àqueles que sofrem em lugares longínquos e, por outro lado, cada um pensa que tem a liberdade de escolher as causas para as quais pretende canalizar as suas ofertas. Pogge considera que é necessário encontrar uma razão mais forte que leve os indivíduos a envolverem-se ativamente no combate à pobreza. Essa razão tem de ser de natureza ética e passa pela responsabilização dos indivíduos no que se refere às causas da pobreza. Pogge defende que cada um de nós, habitante de um mundo no qual existe prosperidade económica e social, tem a obrigação moral de exercer uma pressão pública sobre os governos nacionais que leve à alteração da ordem institucional global.

Objeções à tese de Tomas Pogge

 Temos muitas dificuldades em imaginar que tenhamos qualquer relação com a pobreza longínqua. A distância, as diferenças culturais e outras levam-nos a focar a nossa atenção nas prováveis causas locais da pobreza (guerras, instabilidade política, desastres naturais ditaduras, governos corruptos...) esquecendo que muitas dessas causas locais são consequência de ações internacionais. Se assim pensarmos, segundo Pogge, não temos a noção que cada um de nós é herdeiro de uma situação social e económica privilegiada que resultou de séculos de exploração e de opressão dos povos mais pobres do mundo. Além disso, Pogge defende que existe uma ordem económica mundial injusta que beneficia sistematicamente os países mais ricos e que mantém os pobres numa situação da qual não têm meios de sair. Os pobres não são pobres porque possuem uma característica genética que explica a sua situação, mas porque não possuem quaisquer recursos que lhes permitam superar a situação de injustiça em que vivem. Os utilitaristas dizem que somos eticamente responsáveis por todos os acontecimentos desastrosos que poderíamos ter impedido, mas não o fizemos.

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