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FILOSOFIA Relações entre o Oriente e a Grécia

Seminário: FILOSOFIA Relações entre o Oriente e a Grécia. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  3/9/2014  •  Seminário  •  887 Palavras (4 Páginas)  •  353 Visualizações

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Durante muito tempo o problema do começo histórico da filosofia e da ciência foi colocado em termos de relação Oriente - Grécia. Desde a própria Antiguidade confrontaram-se duas linhas de interpretação: a dos "orientalistas", que reivindicavam para as antigas civilizações orientais a criação de uma sabedoria que os gregos teriam depois apenas herdado e desenvolvido; e a dos "ocidentalistas", que viam na Grécia o berço da filosofia e da ciência teórica.

Interessante é observar que os próprios gregos dos séculos V e IV a.C., como Platão e Heródoto, estavam ciosos da originalidade de sua civilização no campo científico-filosófico, embora reconhecessem que noutros setores, particularmente na arte e na religião, os helenos tivessem assimilado elementos orientais. Nos gregos do período alexandrino ou helenístico, porém, desaparece essa pretensão de absoluta originalidade: a perda da liberdade política e a inclusão da Grécia nos amplos impérios macedônio e romano alteram a visão que os próprios gregos têm de sua cultura. Já não se sentem — como pretendia Aristóteles — dotados de uma "essência" própria e completamente diferente da dos "bárbaros" orientais. Assim é que Diógenes Laércio, em sua Vida dos Filósofos, já se refere à fabulosa antiguidade da filosofia entre persas e egípcios.

Foi, porém, entre os neoplatônicos, os neopitagóricos, com Filo, o Judeu, e com os primeiros escritores cristãos que surgiu, mais definida, a tese da filiação do pensamento grego ao oriental. Em nome de afirmações nacionais ou doutrinárias, passou-se a atribuir ao Oriente à condição de fonte originária da tradição filosófica, que os gregos teriam apenas continuado e expandido.

Ainda no século XIX os historiadores se dividem a respeito do começo histórico da filosofia e da ciência teórica. Ao orientalismo de Roth e de Gladisch opõe-se, por exemplo, o ocidentalismo de Zeller ou de Theodor Hopfener. As disputas continuariam indefinidamente em termos da relação "empréstimo" ou "herança" entre Oriente e Grécia, examinada frequentemente com bases apenas conjeturais, se dois fatores não viessem, a partir do final do século XIX, deslocar o eixo da questão: a expansão das pesquisas arqueológicas e o interesse pela natureza da chamada mentalidade primitiva ou arcaica.

A arqueologia veio substituir muitas das elucubrações por indicações bem mais seguras e convincentes, demolindo preconceitos e, às vezes, propondo hipóteses novas de trabalho. O interesse pela mentalidade arcaica veio, por sua vez, mostrar que o principal aspecto da questão da origem histórica da filosofia reside na compreensão de como se processa a passagem entre a mentalidade mito-poética ("fazedora de mitos") e a mentalidade teorizante.

Embora a questão do início histórico da filosofia e da ciência teórica ainda contenha pontos controversos e continue um "problema aberto" — na dependência inclusive de novas descobertas arqueológicas —> a grande maioria dos historiadores tende hoje a admitir que somente com os gregos começa a audácia e a aventura expressas numa teoria. Às conquistas esparsas e assistemáticas da ciência empírica e pragmática dos orientais, os gregos do século VI a.C. contrapõem a busca de uma unidade de compreensão racional, que organiza, integra e dinamiza os conhecimentos. Essa mentalidade, porém, resulta de longo processo de racionalização da cultura, acelerado a partir da demolição da antiga civilização micênica. A partir daí, a convergência de vários fatores — econômicos, sociais, políticos, geográficos — permite a eclosão do "milagre

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