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Fichamento de Filosofia - Pedagogia da Incerteza

Por:   •  20/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.456 Palavras (6 Páginas)  •  957 Visualizações

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Fichamento de Filosofia

Pedagogia da Incerteza - Japiassu

 Em seu texto, Japiassu menciona as questões de mudança e transformação na educação. Para ele, a pedagogia das disciplinas científicas no sistema de ensino era o grande problema a ser resolvido. Destacou a Interdisciplinaridade como um caminho para que educadores e educando pudessem discutir as verdades científicas. Afirmou que o conhecimento nasce da dúvida e se alimenta da incerteza, por isso já nos convidava a pensar sem aceitar verdades acabadas e absolutas. Para ele, na vida intelectual temos que aceitar os nossos limites do conhecimento e a Interdisciplinaridade dá um passo além para o processo de libertação. Japiassu é contrário à estagnação da mente e não concorda que o ensino tente colocar nos alunos a expectativa de fornecer conhecimento. A ciência, segundo ele, é um produto social como outro qualquer e nele há dominação,

        Postulando metaforicamente como "Porto Seguro" a instauração da  pedagogia da incerteza. da insegurança e da provisoriedade, incapaz de parâmetros dogmáticos e absolutos ou de verdades definitivas, como a história do descobrimento do Brasil, por exemplo.

        Pode se considerar profundamente lamentável o fato de existir. tanto na história da filosofia quanto na das ciências. uma série de portos seguros aos quais muitos cientistas e filósofos se agarram, por vezes desesperadamente, acreditando neles encontrar proteção e segurança contra as intempéries da crítica e as borrascas do questionamento. Ora, quem acredita em certas verdades científicas ou filosóficas como se elas fossem um porto seguro esconde, no fundo, um medo básico não superado e uma angústia não resolvida. Melhor ainda, faz delas um mito.

        O rompimento do cordão umbilical não o torna ainda um ser humano pleno. Diria que, nele, mesmo na idade adulta, nunca cessa a saudade dos tempos passados. Descansa em cada um de nós a utopia do ventre materno. Sonolenta em todos nós a utopia da infância perdida. Por mais que crescemos e amadurecemos, jamais vencemos completamente essa força inconsciente que nos faz regredir a momentos passados de segurança, quando todos estavam à nossa disposição e a vida parasitária constituía,

por assim dizer, a normalidade de nosso cotidiano.

Todos nós levamos uma vida substancialmente incerta. O ambiente familiar pode entrar em colapso, e como tem entrado! O poder político pode ser repressor e castrador, e como tem sido! A inadaptação pode surgir a cada momento e apanhar qualquer um de surpresa. Os desencontros e as frustrações não poupam nem mesmo os mais aparentemente seguros de si. Nem sempre somos o que aparentamos ser. E raramente sabemos 'claramente quem somos. E mais raramente ainda, por que vivemos. Até parece que somos vividos, comandados por um destino que nos escapa, não deixando-nos muitas possibilidades de resistência. Existir, para nós, significa apenas sermos pressionados pela urgência do tempo, num mundo que não mais dominamos, onde não sabemos mais quem somos nem tampouco como podemos falar, muito embora nos vemos forçados a inventar algo para fazer e sobre o que pensar, a fim de nos darmos a ilusão de ainda ser livres. Neste quadro, creio que o neurótico pode ser considerado aquele que não consegue coadunar-se dentro dos limites dos problemas incertos da vida. Seu grande mal consiste em

sonhar com a segurança, com a tranqüilidade total e com a felicidade perdida. Quem acredita poder encontrar a felicidade absoluta, vive na esquizofrenia, e não colhe os melhores frutos da relatividade da vida. Está mergulhado no sono dogmático e faz do parasitismo uma norma de ser.

Assim como todo homem vive diariamente o problema da incerteza e da insegurança, também os cientistas vivem o mesmo drama. Eles fazem compromisso com sua ignorância, com seus limites intelectuais e com os quadros por vezes mesquinhos de sua especialização. Para eles, o mito do porto seguro significa a idéia sempre escondida, em toda produção intelectual, de serem geniais ou de poderem perdurar para sempre muito doloroso descobrirmos ou reconhecermos os limites de nosso pensamento. Não é fácil admitirmos a impossibilidade histórica de realização completa de uma verdade ou da objetividade. E penoso termos que aceitar a impossibilidade da coincidência total entre nosso pensamento e o pensado, do encontro de nossas certezas com a evidência, de nosso conhecimento poder esgotar o real. Mas este é o único ponto de partida realista,  se é que não pretendemos cultivar, em nós, a paranóia: viver certas possibilidades lógicas como se fossem possibilidades reais.

        De modo geral. o aluno ingressa na universidade com uma série de estereótipos que se devem, pelo menos em parte, à própria universidade e a seu corpo de professores. Ele espera ser iniciado num tipo de espécie rara que possa criar-lhe a possibilidade de ascensão social. Percebe que, dentre milhões, constitui um indivíduo bastante excepcional. Evidentemente entre nós, o universitário ainda é um animal raro. E muito mais raro ainda é o professor. No meu entender o encontro de dois animais raros constitui uma experiência emocionante. O importante é que o professor em seu trabalho pedagógico tenha consciência de que também ele padece  insegurança e de incertezas. Mais importante ainda é que de não veja nos alunos potencialmente mais indefesos e menos maduros cientificamente a oportunidade de receber os aplausos que ele não recebe fora de sala, de receber os elogios que seus colegas de profissão lhe recusam sistematicamente, ou de alimentar sua autocomplacência de encontrar-se diante de possíveis vassalos.

        Pessoalmente, não estou convencido de que, no plano de nossa atual pedagogia científica, estejamos realmente empenhados em formar a inteligência de nossos alunos, estejamos utilizando nossa ação pedagógica com o objetivo de promover, 1.inventar ou reinventar nossa cultura, de encarnar a teoria, quer dizer, o poder do conhecimento e da reflexão crítica. Pelo contrário, escandaliza-me o fato de estarmos reduzindo a educação a um mero ensinar o já sabido, a um simples transmitir o já estabelecido ou um puro veicular de informações que não formam e a reproduzir o já produzido. Com isso, ensinamos a conhecer alguma coisa, mas nos impedimos de pensar. Ora, o pensamento é um trabalho. Não se limita a uma mera apropriação de dados empíricos ou conceituais. Sua tarefa fundamental consiste em transformar o não-sabido num saber produzido, em transformar o "saber" do senso comum, da experiência imediata, num saber mediatizado pela reflexão. Por outro lado, não creio que ninguém possa educar-se com idéias ensinadas. Se temos que ensinar algo a nossos alunos, que Ihes ensinemos a pensar, que Ihes ensinemos a aprender, a se construírem e a se reconstruírem, a fazerem perguntas e a questionarem o já

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