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Filosofia Da Educaçao

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Por:   •  21/9/2014  •  2.522 Palavras (11 Páginas)  •  398 Visualizações

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VIOLÊNCIA, PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO.

INTRODUÇÃO

A violência é um fenômeno social complexo, que compromete o direito fundamental à vida, à saúde, ao respeito, à liberdade e à dignidade humana. Está relacionada com questões de natureza socioculturais e político-ideológicas, constituindo-se num poderoso indicador de qualidade de vida, pois diz respeito às condições gerais de existência, de trabalho, de sociabilidade. Por outro lado, ela eclode de fatores geradores de tensões como desemprego, desestruturação familiar e uso de drogas.

O preconceito e a discriminação são formas de violência, a pior de todas as formas de agressão, não é a que causa dor física, é a que dói na alma cuja ferida custa a cicatrizar, a humilhação.

VIOLÊNCIA

Violência é um comportamento que causa propositalmente dano ou intimidação moral a outra pessoa ou ser vivo. Tal comportamento pode invadir a autonomia, integridade física ou psicológica e até mesmo a vida de outro. Violência é uso excessivo de força, além do necessário ou esperado. E, também, quando se faz emprego excessivo de força, contra qualquer coisa.

Deste modo, a violência diferencia-se de força, palavras que costumam se misturar no cotidiano. Enquanto que força nomeia, em sua interpretação filosófica, a energia ou "firmeza" de algo, a violência caracteriza-se pela ação corrupta e impaciente, baseada na ira, que convence ou busca convencer o outro, simplesmente o agride.

Quando assistimos a algum programa de televisão sobre violência, é perceptível o enfoque sobre a violência nos centros urbanos. Como se, a violência do dia-a-dia se resumisse apenas no que é repassado para sociedade pela mídia. A violência vai muito além, vai desde agressão do homem a natureza, provocando graves desequilíbrios ecológicos, até o homem contra si próprio, em que o suicídio é o exemplo extremo.

Existem diversos tipos de violência, cinco delas são:

• Violência física: a violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes. Usa-se, geralmente, a força quando o violador quer assaltar, ferir ou matar ou constranger alguém a realizar atos contra a sua própria vontade. São exemplos: murros, estalos e agressões com uso de diversos objetos e queimaduras.

• Violência passiva: também podendo ser denominada como omissão. Esta ocorre toda vez que deixamos de fazer determinadas ações necessárias para salvar vidas ou evitar sofrimentos. É exemplo: Um motorista que causa um acidente diz que não causou danos a vítima por ter sido involuntariamente, mas é necessário verificar se não houve descuido ou omissão da parte dele.

• Violência indireta: acontece quando o ato visa um fim próximo que não é violento em si, mas pode desencadear um efeito posterior de perigo. É exemplo: se sabemos que clorofluocarbono (CFC) destrói a camada de ozônio da Terra e com isso provoca câncer de pele, usar desodorante spray contendo CFC significa agressão não só aos contemporâneos, como também às gerações futuras.

• Violência simbólica: resulta da força da natureza psicológica que atua sobre a consciência, exigindo a adesão irrefletida, só aparentemente voluntária. Ou seja, não existe violência quando tentamos superar os conflitos convencendo, por meio da persuasão, os que pensam de maneira diferente da nossa. No entanto, há violência quando mesmo sem usar o chicote ou a palmatória, o pai ou o professor conseguem o comportamento desejado doutrinando as crianças, impondo valores e dobrando-as para a obediência cega e a aceitação passiva da autoridade. Enfim, constitui violência simbólica toda manipulação ideológica que obriga a adesão sem criticas das consciências e das vontades de modo que o individuo acredita estar pensando e agindo por livre vontade.

• Violência branca: aquela violência que é diferentemente da vermelha, ou seja, não derrama sangue. Às vezes não é possível conhecer o agente causador, outras vezes a ação nem é prevista nos códigos penais, e, portanto a tendência é não a reconhecer como violência propriamente dita. É exemplo: a violência da desigualdade social decorrente da injusta repartição das tarefas e dos privilégios que levam ao irregular aproveitamento dos bens produzidos pela comunidade.

A disseminação da violência na sociedade está ligada diretamente a uma cultura própria, que estimula e ratifica atos violentos como algo “natural”. Elementos como individualismo, consumismo e competição exacerbada, entre outros, criaram um padrão de relacionamento entre as pessoas que coloca em xeque, por exemplo, características como a cordialidade e a solidariedade. No Brasil não tem sido possível evitar o desenvolvimento da cultura da violência. A cultura da violência também transparece nos atos coletivos de linchamento em que a “justiça é feita com as próprias mãos”. Tráfico, homicídios, assaltos, extermínio de crianças e adolescentes são os efeitos mais visíveis do quadro de disseminação e banalização de atos violentos. Manifestações mais sutis da cultura da violência aparecem em todas as classes sociais.

Não se pode acabar com a cultura da violência sem que surja algo em seu lugar. Precisamos resgatar sentimentos que hoje são tidos como ultrapassados ou fora de moda. É necessário resgatar a importância da utopia, seja ela qual for. O que se vê hoje, e a cultura da violência se aproveitam disso, é a falta de utopias. Tudo é muito individual.

Há pesquisadores que atribuem a maior parte da “culpa” ao ambiente e aqueles que responsabilizam a constituição biológica dos indivíduos.

Em um grupo estão os que atribuem a causa dessa crise de violência às condições de organização da sociedade: o abismo entre ricos e pobres, a falta de oportunidades e de emprego para os jovens, as deficiências do sistema educacional. A opinião pública tende a concordar com esse ponto de vista, reconhecendo a inadequação vergonhosa de nossa sociedade partida. Mas há indícios de que talvez não sejam esses os únicos fatores que desencadeiam a violência entre as pessoas. A mídia tem noticiado episódios de crueldade e agressão efetuados por jovens de classe média ou alta, que vivem em condomínios elegantes. Além disso, um Estado ineficiente e sem programas de políticas públicas de segurança, contribui para aumentar a sensação de injustiça e impunidade, que é, talvez, a principal causa da violência.

Quando o Estado se configura democrático, ocorrem for¬mas de violência que, mesmo não sen¬do claramente percebidas, nem por is¬so são menos eficazes. Por meio da vio¬lência simbólica, o Estado interfere em inúmeros setores da vida pública de modo a fazer reproduzir comportamen¬tos desejáveis para a manutenção do poder. O Estado pode impor leis, fazê-las cumprir e punir os infratores, já que dispõem de aparelho repressivo constituído por tribunais, polícia, prisões, exercito, tornando-se, por isso, o único a quem é permitido o uso da violência legitima.

Karl Marx considerava o Estado um instrumento a serviço da classe dominante, por isso mesmo, nem sempre nos defrontou com leis justas.

Além disso, o Estado ainda pode exercer formas simbólicas de violência.

O filósofo Francês Althusser, analisa os aparelhos repressivos do Estado (tribunais, prisões) acrescentando a eles os aparelhos ideológicos de Estado, tais como escola, família, meios de comunicação de massa, instituições de cultura, partidos políticos por meio dos quais o Estado transmite a ideologia e exerce a violência simbólica.

Foucault, outro filosofo francês, prefere examinar a questão do poder não como manifestação do Estado e de seus aparelhos, mas como uma rede de micropoderes que se estende por todo o corpo social. Para Foucault, a ordem na sociedade é estabelecida pelas normas aceitas racionalmente e legitimadas pelo saber.

A violência se expan¬de onde não existe cidadania. Por cida¬dãos entendemos homens participan¬tes da política, independentemente da posição social que ocupam. Uma sociedade de cidadãos não admite o prevalecimento de relações hierarquizadas separando os homens em "inferiores" e "superiores", o que permite o domí¬nio de uns sobre outros.

A violência seria justa e legitima quando libertadora, ou quando evita a morte - sendo esta usada apenas como último recurso, já esgotados todos os outros caminhos possíveis. Uma vez desencadeada a violência legitima, é preciso que ela seja provisória, passageira, desaparecendo assim que cessarem as causas da primeira violência contra a qual se insurgira.

Os críticos da violência certamente dirão que não é fácil saber quando a violência é justa, mesmo porque, sob a influência da ideologia, nem sempre é possível perceber de imediato quem é o opressor e quem é o oprimido. Além disso, a história nos mostra como é difícil fazer cessar o processo de violência depois de ter sido desencadeado.

Os que defendem os meios violentos para resolver impasses referem-se à guerra justa. Essa seria o último recurso, quando esgotados os da diplomacia.

A guerra justa por excelência seria a guerra revolucionária ou de libertação nacional, e injusta a guerra imperialista.

Quando se fala em guerra, no entanto, é inevitável analisar seu contraponto, ou seja, o estado de paz. Assim como a guerra, também, existe paz injusta, quando o vencido é humilhado, ele é obrigado a aceitar condições baseadas em sentimentos de vingança e retaliação por parte do vencedor.

DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO

O preconceito por si só é algo natural e inerente ao convívio entre pessoas ou grupos sociais. A própria palavra diz: temos um "conceito" anterior ("pré") de algo ou alguém sem conhecer as suas verdadeiras características ou qualidades. Quando somos apresentados a alguém, criamos diversas ideias sobre quem seria essa pessoa. Muitos começam pela roupa, pela maneira de agir, pelos seus amigos, pela profissão e assim vai.

A questão é que quando estamos nesse processo normal de reconhecimento do que nos é estranho ou desconhecido, usamos de vários valores, morais, culturas e interesses que muitas vezes nos impedem de realmente ver quem ou o que seja essa pessoa nova. Muitas vezes, esses valores culturais ou normas estão tão arraiadas e incorporadas a nós que não percebemos e aceitamos a possibilidade de que existam outras crenças, outros valores que poderíamos usar como fonte de referência para conhecer ou aprender sobre algo ou alguém.

Desse pensamento surge a discriminação. A diferença está em como nós agimos com esse “rotulo” que nós colocamos nas pessoas (ou que elas colocam em si mesmas). Discriminação é uma exclusão social, vai além de não gostar de certa pessoa. Você tem o direito de não gostar ou aprovar atitudes de grupos sociais/políticos/religioso, entretanto nenhum de nós tem o direito de discriminar, difamar ou excluir.

TIPOS

RACIAL – O racismo valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam serem superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da existência de raças superiores e inferiores foram utilizadas muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade. Foi por pensar desta forma que o grande ditador alemão Adolf Hitler exterminou, durante a Segunda Guerra Mundial, milhões de judeus e outras minorias tidas como inferiores à raça alemã.

SOCIAL – Está relacionado ao poder aquisitivo, ao acesso à renda, à posição social, ao nível de escolaridade, ao padrão de vida, que está presente no dia-a-dia das pessoas. Essa forma de preconceito acontece quando alguma pessoa é julgada inferior por suas roupas, moradia, sexo, sexualidade, aparência, condição financeira, deficiência, estilo de vida entre outros. Quando uma pessoa entra com roupas simples ou desgastadas, ou mal vestida em uma loja os funcionários do local muitas vezes não a atendem ou agem com frieza, pois pensam que o cliente é um ladrão ou não tem dinheiro para comprar os produtos ou serviços da loja.

LINGÜÍSTICO – É o tipo de preconceito relacionado ao padrão de língua que se fala. A língua-padrão não engloba as variações, gírias, que representam o modo como essas pessoas falam, cada região com sua maneira. Temos o direito de gostar mais, ou menos, do falar de uma região, mas ninguém tem o direito de humilhar o outro pela forma de falar ou de causar constrangimento em função disso. Os Nordestinos são o maior alvo desse tipo de preconceito.

RELIGIOSO – é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar as diferenças ou crenças religiosas do outro. Pode constituir uma intolerância ideológica ou política. Acontece devido à ausência de tolerância religiosa, liberdade de religião e pluralismo religioso.

MACHISMO – é um comportamento de quem não admite a igualdade de direitos para o homem e a mulher. Mas não é só fruto de uma conduta individual. É uma ideologia, ou seja, um sistema de ideias falsas que criam uma falsa verdade utilizada pelo sistema para manter a dominação e ampliar a exploração. A principal ideia é a de que as mulheres são inferiores aos homens e, portanto, não podem assumir determinadas tarefas ou ter determinados comportamentos. É através dessa ideologia que se naturaliza o fato de que as mulheres são as “rainhas do lar”, têm por obrigação cuidar dos filhos, da casa e dos maridos sem nada receberem por isso. Essa ideologia é transmitida pela escola, pelas famílias, pelas igrejas, pelos meios de comunicação. De tanto ser reafirmada passa a ser natural, comum, imutável.

FEMINISMO – um movimento que tem origem no ano de 1848, na convenção dos direitos da mulher em Nova Iorque. Este movimento adquire cunho reivindicatório por ocasião das grandes revoluções. As conquistas da Revolução Francesa, que tinha como lema Igualdade, Liberdade e Fraternidade, são reivindicados pelas feministas porque elas acreditavam que os direitos sociais e políticos adquiridos a partir das revoluções deveriam se estender a elas enquanto cidadãs. Algumas conquistas podem ser registradas como consequência da participação da mulher nesta revolução, um exemplo é o divórcio. O objetivo é conquistar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, isto é, garantir a participação da mulher na sociedade de forma equivalente à dos homens.

HOMOFOBIA: A palavra homofobia significa a repulsa ou o preconceito contra a homossexualidade e/ou o homossexual. Podemos entender que a homofobia compreende duas dimensões fundamentais: de um lado a questão afetiva, de uma rejeição ao homossexual; de outro, a dimensão cultural que destaca a questão cognitiva, onde o objeto do preconceito é a homossexualidade como fenômeno, e não o homossexual enquanto indivíduo.

CONCLUSÃO

Sem dúvida, trata-se de um assunto, delicado, uma vez que nem sempre há como saber se por trás de interesses aparentemente universalistas, não se escondem maneiras de interferir na soberania das nações, perpetuando as formas de dominação.

É preciso refletir a respeito da compaixão, que etimologicamente significa “sentir com”. Somos capazes de nos colocar no lugar do outro, de participarmos da dor alheia, sem que precisemos experimentar esse mesmo sofrimento. Não se trata de uma identidade de emoção, mas da condição para que exista solidariedade.

A diminuição da violência só será possível quando baseada em um projeto social voltado para uma política verdadeiramente democrática e para a formação moral das pessoas. Enquanto isso, as “soluções” violentas, a repressão, a atuação policial serão apenas transitórias e paliativas.

Para se mudar a opinião ou conceito se que se tem de algo ou de alguém, é preciso, esclarecer e compreender que existem outros valores, outras culturas, outras maneiras de viver que podem ser diferentes daquela mais evidente ou fortalecida. Existem muitas apologias e declarações de igualdade e respeito, mas é preciso transformar esses discursos e demagogias em algo mais prático e real. Oferecendo respeito e direto a individualidade de cada um, reconhecendo assim a diversidade humana, vivendo bem consigo mesmo e com a sociedade independente de gênero, cor da pele, opção sexual, religião ou condição financeira.

REFERÊNCIA

ARPINI, D. M, Violência e Exclusão, Santa Catarina: ed, EDUSC, 2003.

SANTOS, J. T, Violência e Cidadania, Rio Grande do Sul: RUSSO, M, 2011.

ZIMMERMANN, T. R, Violência e Gênero, Paraná: ed, Paco Editorial, 2012.

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