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Filosofia, cultura e poder: uma reflexão sobre o poder da cultura.

Por:   •  13/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.937 Palavras (8 Páginas)  •  404 Visualizações

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GUSTAVO MOREIRA MARTINS

FILOSOFIA, CULTURA E PODER: UMA REFLEXÃO SOBRE O PODER DA CULTURA

Trabalho apresentado à disciplina de Filosofia, Cultura e Poder como requisito avaliativo.

VOLTA REDONDA/RJ

2014

Introdução

A noção de cultura, sempre ajustada de acordo com as visões políticas de cada tempo, traz em si as chaves dos sistemas de poder. Chaves que podem abrir portas para a liberdade, para a equidade e para o diálogo. Mas também podem fechá-las, cedendo ao controle, à discriminação e à intolerância.

Cultura é algo complexo, não se limita a uma perspectiva artística, econômica ou social. É a conjugação de todos esses campos. Daí a sua importância dentro de um projeto de Estado e o interesse por parte de investidores privados.

No presente trabalho, o tema será guiado pelo texto “Filosofia, Interculturalidad y Humanismo”, do filósofo nicaraguense Alejandro Serrano Caldera, que critica de forma tenaz a desumanização da moralidade dentro das culturas - ocidentais, principalmente - que seguem a "verdade absoluta" da lógica do consumo pelo consumo ditada pela globalização.

A Cultura em si

A UNESCO, organismo das Nações Unidas destinada a questões de educação cultura e ciências, define cultura como “um conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social”. Esse entendimento abarca, além das artes e das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças.

Max Weber dizia que o homem está preso a uma teia de significados que ele mesmo criou. Nesse sentido, também podemos considerar cultura como um conjunto de mecanismos de controle para governar comportamentos. E a história recente exibe vários alertas de como as indústrias culturais e os meios de comunicação de massa podem ser grandes armas disponíveis para acomodar e disseminar determinados comportamentos. Assim fizeram o nazismo, o fascismo, o comunismo e as ditaduras militares, sobretudo as latino-americanas, nos exemplos extremos.

Cultura, nesse caso, funciona como uma chave capaz de trancar o indivíduo em torno de códigos e simbologias controladas: pelo Estado, por uma religião ou mesmo por corporações e através dos instrumentos gerados pela sociedade de consumo, como a publicidade, a promoção e o patrocínio cultural.

Mas essa mesma chave, que oprime o ser humano e desfaz sua subjetividade, tem o poder de abrir as portas, permitindo ao indivíduo compreender a si e aos fenômenos da sociedade e do seu próprio estágio civilizatório, em busca da liberdade.

A Diversidade Cultural dentro da Filosofia: Interculturalismo

A diversidade cultural é também um fator significativo no que diz respeito à vida em sociedade, pois entrelaça pessoas de vários lugares com determinados hábitos e costumes, com pessoas de hábitos e costumes completamente inversos. E apesar de todas essas diferenças o respeito entre as pessoas de diferentes culturas é essencial para um bom convívio.

Refletir sobre a cultura dentro do contexto atual em que vivemos nos exige, antes de tudo, entender a complexidade das relações entre as diversas culturas que, de certa forma, evidenciam a necessidade de analisar a abordagem da existência de uma ‘fronteira cultural’, por vezes difícil de se enxergar. Esta complexidade perpassa também a própria análise teórica quando observamos as incontáveis acepções que o conceito de cultura assume. Para melhor compreender a importância da Interculturalidade faz-se necessário a analise, primeiramente, dos muitos sentidos da palavra cultura.

O paradigma que norteia primeiramente a percepção de cultura é chamado configuracional. Ele permite falar das diferentes experiências culturais levando considerando alguns pontos que são fundamentais nesta percepção de cultura, ou seja, os sujeitos compreendem o espaço, o tempo, a identidade/diferença e, portanto, a ideia de fronteira. Toda e qualquer cultura possui uma percepção sobre estes pontos. Entender a cultura é, destarte, assimilar como cada uma destas esferas é percebida e fundamentalmente vivida pelos grupos humanos.

Outro paradigma é o denominado lingüístico fundante. Este paradigma considera os aspectos semânticos do conceito de cultura. De inicio, o vocábulo cultura esteve ligado a agricultura, do latim, colere, que significa cultivar. Com o passar do tempo, o cultivo da terra tornou-se metáfora para pensar o cultivo da alma. “Se observa que, tanto no caso latino como grego, a cultura é principalmente uma propriedade interior característica da personalidade”. Outro paradigma é denominado de linguístico conceitual. Este aspecto faz referência ao sentido de cultura na língua francesa e alemã, pois de alguma forma, estas compreensões influenciaram fortemente a visão do ocidente sobre a cultura. Na França, cultura (culture) era associada a civilização; enquanto que na Alemanha a palavra que melhor expressava este sentido era kultur. Cultura e civilização em ambos os contextos assumem aspectos diversos.

Após estas considerações terem sido feitas e passando a analisá-las dentro da filosofia, percebe-se que o estudo da cultura e de suas variações vem sendo melhor desempenhado pelo que se chama de Filosofia Intercultural, ramo da filosofia que se dispõe a elucidar as questões relativas a multiplicidade cultural, o embate de culturas e a globalização.

A Filosofia Intercultural investiga as diferentes culturas por um prisma humanista, defendendo o direito de cada um agir conforme sua própria cultura e o direito de cada cultura defender sua identidade. Advoga que o diálogo intercultural e intersubjetivo é uma necessidade, pois somente a partir deste é possível alcançar-se o respeito à diferença e o reconhecimento do outro, valores estes que são essenciais na busca da universalidade que não suprime as diferenças, ao contrário, integra-as em uma verdadeira “unidade na diversidade”. A Filosofia Intercultural visa discutir sobre o próprio conceito de filosofia e de razão, sobre a própria ideia

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