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Introdução à Filosofia

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Por:   •  24/2/2015  •  5.583 Palavras (23 Páginas)  •  683 Visualizações

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Introdução à Filosofia

– A Filosofia:

Filósofo em meditação, de Rembrandt, 1633.

– Etimologia:

Filosofia é uma palavra grega que significa amor à sabedoria (philos = amizade / amor/sophia = sabedoria). No sentido estrito do termo, Filosofia é uma atividade e uma forma de pensamento sobre certas questões da vida, do mundo e do ser humano sobre si mesmo. A maior parte dos historiadores reconhece que ela se origina e atinge seu ápice na Grécia antiga. É um componente da cultura grega que não se encontra em outra cultura antiga, ao contrário do que se acontece com a religião, a arte, a política e a técnica, presentes em outras civilizações da época.

Segundo a tradição, o criador do termo Filosofia foi Pitágoras, o que não é historicamente comprovado, mas é uma tese possível. Pitágoras foi uma figura de grande saber e inteligência, que possuía um conhecimento rico e era capaz de produzir ideias muito originais. Tornou-se uma lenda entre os gregos. Ele foi o primeiro a se instituir filósofo, ou amigo da sabedoria. No livro Pitágoras e os pitagóricos conta-se o seguinte:

Heráclito e Demócrito, afresco de Donato Bramante, c. 1500. O artista representa uma velha história sobre os pré-socráticos Heráclito e Demócrito (séc. V a.C.), segundo a qual o primeiro era o “filósofo que chora” e o outro o “filósofo que ri”. Em que medida um filósofo pode lamentar ou ironizar o comportamento das pessoas?

“Segundo o testemunho de Heráclito de Ponto, com efeito, Pitágoras teria tido uma conversação sábia com Leão, o tirano de Flionte. Como esse último admirasse seu gênio e sua eloquência, indagando em que arte se apoiava, Pitágoras teria declinado do epíteto de ‘sábio’ (sophos) e respondido que não conhecia nenhuma arte, mas que era ‘filósofo’ (Philó-sophos). Leão espantou-se com esse novo termo e perguntou qual era a diferença entre os filósofos e os homens. Pitágoras respondeu que a vida humana era comparável às assembleias às quais a Grécia inteira comparecia, por ocasião dos grandes jogos: alguns vêm aí para lutar e obter uma cora; outros tratam de fazer comércio; outros, enfim, não se interessam nem pelos aplausos, nem pelo ganho, mas vêm para ver, simplesmente, o que se passa nos jogos. Do mesmo modo, na vida, alguns são escravos da glória, outros do dinheiro, mas outros, mais raros, observam com cuidado a natureza: ‘são esses que chamamos de amigos da sabedoria, quer dizer, de ‘filósofos’, comenta Cícero. A meio caminho entre os deuses e os homens, o filósofo será doravante este ser enigmático, que lança um olhar sobre o teatro da existência. Pode-se dizer que no fim do espetáculo ele saberá jogar seu manto na espádua direita e partir, com um gesto soberano de um homem livre.”

Jean-François Mattei - Pitágoras E Os Pitagóricos

Pitágoras se definia como filósofo, pois considerava que a sabedoria só seria possível à divindade, ou seja, somente Deus (ou deuses) teria posse segura da verdade de todas as coisas. Os seres humanos que quisessem ser filósofos deveriam se colocar em busca da sabedoria, mas nunca chegariam à sua posse, que é divina. Por isso, o seu desejo era não ser chamado de sábio, mas de amigo da sabedoria. A modéstia de Pitágoras nos apresenta o filósofo como alguém que está em busca do saber, que ama a verdade, se aproxima dela constantemente e nunca para de buscá-la. O amante da sabedoria, segundo esse trecho desapega-se e toma distância do mundo para melhor examiná-lo e conhecê-lo, colocando-se entre os homens e Deus.

A mesma atitude teria Sócrates, quando dizia ser o único sábio que sabia que nada sabia. Isso mostra que a Filosofia é, acima de tudo, uma posição permanente de abertura, uma busca do conhecer, uma vontade de tornar o mundo compreensível.

Sponville discorre acerca do que é um filósofo dizendo:

“O que é um filósofo?” É alguém que pratica a Filosofia, em outras palavras, que se serva da razão para tentar pensar o mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou da felicidade. E isso se aprende na escola? Tem de ser aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já que a Filosofia é, antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor se ela começar na escola. O importante é começar e não parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que só é tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum. Pode acontecer. Mais um motivo para filosofar sem mais tardar.

André Comte-Sponville - Dicionário Filosófico

A Filosofia é, portanto, a arte de pensar e refletir. Sobre o mundo, os outros, si mesmo... É interessante ressaltar o trecho de Sponville que faz a constatação de que só não filosofam aqueles para quem “já não é possível pensar de modo algum”. O que nos leva a uma indagação: só se pensa e reflete um filósofo? Claro que não, é a resposta. Os indivíduos pensam enquanto fazem compras, lavam a louça, deixam as crianças na escola, pensam no namorado (a) enquanto estudam. Sendo assim, conclui-se que o “pensar” do filósofo não é superior aos outros pensares, somente trás em seu bojo uma vertente diferente porque se propõe a pensar sobre o pensar. Pensar nossos pensamentos e atitudes. Questionar as perguntas sem respostas, questionar as perguntas com respostas. Ao criar explicações e conceitos os filósofos delimitam os problemas que os intrigam e buscam o sentido desses pensamentos e ações, para não aceitarem certezas e soluções fáceis demais.

Para Platão e Aristóteles, na raiz da Filosofia está o admirar-se do ser humano pelo mundo. O homem se vê em um mundo que é anterior a ele mesmo, em que coisas e acontecimentos se apresentam como algo enigmático a ser descoberto. Ao mesmo tempo em que se encanta com esse mundo cheio de coisas magníficas, precisa conhecê-lo e explica-lo. O que diferencia o homem dos outros animais (e muitos filósofos dizem que o homem não é apenas um animal, mas também é uma alma) é a sua capacidade de se encantar, conhecer racionalmente, traduzir sua experiência do mundo em linguagem e comunicá-la aos seus semelhantes.

Há vários instrumentos para sentir, conhecer e explicar o mundo: a fé, a imaginação, a arte e a razão. A Filosofia é a busca da razão, do questionamento, da vontade de explicar o todo. Segundo Aristóteles, no princípio, os homens ficavam maravilhados e procuravam resolver as coisas

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