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O Jardim De Erdem,

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Por:   •  16/5/2014  •  2.525 Palavras (11 Páginas)  •  188 Visualizações

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CAPÍTULO I: O JARDIM DO ÉDEN

“...algo teria de surgir a certa altura do nada...”

Sofia Amundsen regressava da escola. Percorrera com Jorunn o primeiro trecho do

caminho. Tinham conversado sobre robôs. Para Jorunn, o cérebro humano era um

computador complexo. Sofia não estava de acordo. Um homem deveria ser algo mais do

que uma máquina.

No supermercado, despediram-se. Sofia morava no extremo de um extenso bairro

de residências e o caminho que tinha de percorrer para a escola era quase o dobro do de

Jorunn. A sua casa parecia ficar no fim do mundo, porque atrás do jardim já não havia

casas, apenas floresta.

Seguiu para Kõveveien. No fim da rua, havia uma curva estreita, a que chamavam

a "Curva do Capitão", e onde quase só ao fim-de-semana se viam pessoas.

Era o começo de Maio.

Nalguns jardins, os narcisos formavam coroas de flores sob as árvores de fruto. As

bétulas tinham uma fina penugem verde.

Não era estranho que nessa estação do ano tudo começasse a crescer e a

desenvolver-se? Porque é que essa massa de plantas verdes podia nascer da terra inanimada

logo que o tempo ficava mais quente e os últimos vestígios de neve tinham desaparecido?

Sofia espreitou para a caixa do correio antes de abrir o portão do jardim.

Geralmente havia muita publicidade e alguns envelopes grandes para a sua mãe.

Sofia colocava sempre um monte de cartas na mesa da cozinha, indo depois para o quarto

fazer os trabalhos de casa.

Para o seu pai chegavam por vezes cartas do banco, mas ele também não era um

pai comum. O pai de Sofia era capitão num petroleiro e estava fora quase todo o ano.

Quando regressava a casa por poucas semanas, passeava de chinelos pela casa, e

cuidava de Sofia e da mãe de uma forma enternecedora. No entanto, quando estava em

viagem, podia parecer muito distante.

Nesse dia havia apenas uma pequena carta na grande caixa do correio, e era para

Sofia. "Sofia Amundsen" estava escrito no pequeno envelope.

"Klõverveien 3". Era tudo, sem remetente. A carta nem sequer tinha selo.

Imediatamente após ter fechado o portão, Sofia abriu o envelope. Encontrou uma

pequena folha, que não era maior do que o respectivo envelope. Na folha estava escrito:

“quem és tu”?

Mais nada. Não havia assinatura, apenas estas três palavras escritas à mão,

seguidas de um grande ponto de interrogação.

Observou uma vez mais o envelope. Sim, a carta era de fato para si, mas quem é

que a tinha posto na caixa do correio?

Sofia apressou-se em abrir a porta da casa vermelha.

Como de costume, o gato Sherekan saiu furtivamente dos arbustos, saltou para o

patamar e enfiou-se em casa, antes de Sofia fechar a porta.

- Bichano, bichano, bichano!

Se, por algum motivo, a mãe de Sofia estava zangada, dizia que a sua casa parecia

uma feira de animais. Uma feira de animais era uma coleção de animais diversos e, na

realidade, Sofia estava bastante satisfeita com a sua coleção. No início, tinha recebido um

aquário com os peixes dourados Caracolinho Dourado, Chapeuzinho Vermelho e Diabrete. 7

Mais tarde, foi a vez dos periquitos Tom e Jerry, a tartaruga Govinda e finalmente o gato

amarelo Sherekan. Todos aqueles animais eram uma espécie de compensação pelo fato de a

sua mãe chegar tarde a casa e de o seu pai estar quase sempre a viajar. Sofia atirou a mala

da escola para um canto e pôs um prato com comida de gato para Sherekan. Depois, foi

sentar-se num banco da cozinha, com a misteriosa carta na mão.

Quem és tu?

Se ela soubesse! Era obviamente Sofia Amundsen, mas quem era Sofia

Amundsen? Ainda não tinha descoberto totalmente. E se tivesse outro nome? Anne

Knutsen, por exemplo. Seria então uma outra pessoa? Subitamente, lembrou-se de que o

seu pai inicialmente gostaria de ter lhe dado o nome Synnõve. Sofia procurava imaginar

como seria se cumprimentasse alguém e se se apresentasse como Synnõve Amundsen - mas

não, não conseguia. Imaginava sempre uma outra pessoa.

Saltou do banco e, com a estranha carta na mão, dirigiu-se para o quarto de banho.

Colocou-se em frente do espelho, e olhou-se fixamente nos olhos.

-Eu sou Sofia Amundsen - disse.

A moça do espelho nem sequer respondeu com uma careta. Aquilo que Sofia

fizesse, ela fá-lo-ia exatamente da mesma forma. Sofia procurava adiantar-se em relação ao

espelho com um movimento muito rápido, mas a outra era igualmente rápida.

-Quem és tu? - perguntou Sofia.

De novo não recebeu nenhuma resposta, mas por um breve momento não soube se

tinha

...

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