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O MITO E A SUA FUNÇÃO.

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Por:   •  30/9/2013  •  1.838 Palavras (8 Páginas)  •  1.346 Visualizações

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O MITO E A SUA FUNÇÃO.

O QUE É O MITO

Há mais de meio século, os eruditos ocidentais passaram a estudar o mito por uma perspectiva que contrasta sensivelmente com a do séc. XIX, por exemplo. Ao invés de tratar, como seus predecessores, o mito na acepção usual do termo, isto é. , como “fábula”, “invenção”, “ficção, eles aceitaram tal qual era compreendido pelas sociedades arcaicas, onde o mito designa, ao contrário, uma “história verdadeira”, só que FANTASIOSO, POUCO LÓGICO e EXPLICATIVO, ademais, extremamente preciosa por seu caráter sagrado, exemplar e significativo. Mas esse novo valor semântico conferido ao vocábulo “mito” torna o seu emprego na linguagem um tanto equívoco. De fato, a palavra é hoje empregada tanto no sentido de “ficção” ou “ilusão” como no sentido – familiar sobretudo aos etnólogos, sociólogos e historiadores de religiões – de “tradição sagrada, revelação primordial, modelo exemplar” (Eliade, Mito e Realidade, p. 7-8.).

A definição que a mim, pessoalmente, me parece a menos imperfeita acerca do mito, por ser a mais ampla, é a seguinte: o mito conta uma história sagrada, ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do “princípio”. Em outros termos, o mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É sempre, portanto, a narrativa de uma “criação”: ele relata de que modo algo foi produzido e começou a SER. O mito fala apenas do que REALMENTE ocorreu, do que se manifestou plenamente. Eles são conhecidos, sobretudo pelo que fizeram no tempo prestigioso dos “primórdios”. Os mitos revelam, portanto sua atividade criadora e desvendam a sacralidade (ou simplesmente a “sobrenaturalidade”) de suas obras. Em suma, os mitos descrevem as diversas, e algumas vezes dramáticas, irrupções do sagrado ( ou do “sobrenatural “) no Mundo. É essa irrupção do sagrado que realmente FUNDAMENTA o Mundo e o converte no que é hoje. E mais, é em razão das intervenções dos Entes Sobrenaturais que o homem é o que é hoje, um ser mortal, sexuado e cultural. (Eliade, ob. Cit. p.11)

Os mitos, efetivamente, narram não apenas a origem do Mundo, dos animais, das plantas e do homem, mas também de todos os acontecimentos primordiais em conseqüência dos quais o homem se converteu no que é hoje – um ser mortal, sexuado, organizado em sociedade, obrigado a trabalhar para viver, trabalhando de acordo com determinadas regras. Se o mundo EXISTE, se o homem EXISTE, é porque Entes Sobrenaturais desenvolveram uma atitude criadora no “princípio. Mas, após a cosmogonia e a criação do homem ocorreram outros eventos e o homem, TAL QUAL É HOJE, é o resultado direto daqueles eventos místicos , É CONSTITUÍDO POR AQUELES EVENTOS . Ele é mortal porque algo aconteceu em outro tempo. Se esse algo não tivesse acontecido, o homem não seria mortal – teria continuado a existir indefinidamente, como as pedras; ou poderia mudar periodicamente de pele, como as serpentes, sendo capaz, portanto, de renovar sua vida, isto é, de recomeçá-la indefinidamente. Mas o mito da origem da morte conta o que aconteceu em outro tempo, e, ao relatar esse incidente, explica PORQUE o homem é mortal. P. 16

O Mito e história.

Podemos notar que, assim como o homem moderno se considera constituído pela História, o homem das sociedades arcaicas se proclama o resultado de um certo número de eventos míticos. Nem um nem outro se consideram ”dados”, “feitos”, de uma vez por todas, assim como, por exemplo, se faz uma ferramenta de uma maneira definitiva. Um homem moderno poderia raciocinar do seguinte modo: eu sou o que eu sou hoje porque determinadas coisas se passaram comigo, mas esses acontecimentos só se tornaram possíveis porque a agricultura foi descoberta há uns oito ou nove mil anos e porque as civilizações urbanas se desenvolveram no antigo Oriente Próximo, porque Alexandre Magno conquistou a Ásia e Augusto fundo o Império Romano, porque Galileu e Newton revolucionaram a concepção do universo, abrindo o caminho para as descobertas científicas e preparando o advento da civilização industrial, porque houve a revolução Francesa e porque as idéias de liberdade, democracia e justiça social abalaram os alicerces do mundo ocidental após as guerras napoleônicas, entre outros momentos históricos.

Essencialmente não somente porque os mitos lhe oferecem uma explicação do Mundo e de seu próprio modo de existir no Mundo, mas sobretudo porque, ao rememorar os mitos e reatualizá- los , ele é capaz de repetir o que os Deuses, os heróis ou os Ancestrais fizeram NA ORIGEM. Os mitos ensinam como repetir os gestos criadores dos Entes Sobrenaturais e, consequentemente, como assegurar a multiplicação de tal animal ou planta. Esses mitos são comunicados aos neófitos durante sua iniciação. Ou antes, eles são “celebrados”, isto é, re-atualizados. “Quando os jovens”, passam pelas diversas cerimônias de iniciação, celebra- se diante deles uma série de cerimônias que, embora representadas exatamente como as do culto propriamente dito- com exceção de certas particularidades características- não tem , contudo, por objetivo a multiplicação e o crescimento do totem em questão, destinando-se apenas a mostrar a maneira de celebrar esses cultos àqueles que estão para ser elevados, ou que acabam de ser elevados, á categoria dos homens” (Eliade, p. 18).

O essencial precede a existência.

Para o HOMO RELIGIOSUS, o essencial precede a existência. Isso é verdadeiro tanto para o homem da sociedades “primitivas” e orientais como para o judeu, o cristão e o muçulmano. O homem é como é hoje porque uma série de eventos teve lugar NA ORIGEM. Os mitos contam- lhe esses eventos e, ao fazê-lo, explicam-lhe como e porque ele foi constituído dessa maneira. Para o HOMO RELIGIOSUS, a existência real, autêntica, começa no momento em que ele recebe a comunicação dessa história primordial e aceita as suas conseqüências. É sempre uma história divina, pois os personagens são os Entes Sobrenaturais e os Ancestrais míticos. Um exemplo: o homem é mortal porque um Ancestral mítico perdeu, estupidamente, a imortalidade, ou porque um Ente Sobrenatural decidiu privá-lo da imortalidade ou porque, após um determinado evento mítico, ele se encontrou dotado simultaneamente de sexualidade e mortalidade, etc. Alguns mitos explicam a origem da morte por um acidente ou uma inadvertência: o mensageiro dos deuses,

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