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O Mito da Caverna

Por:   •  4/12/2018  •  Dissertação  •  1.622 Palavras (7 Páginas)  •  286 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CURSO: BIBLIOTECONOMIA E GESTÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO

EXERCÍCIO 3

Na literatura a reflexão de Platão sobre os homens na caverna tem sido designada alternativamente como mito, metáfora ou, ainda, alegoria.

(1) O que quer dizer cada uma dessas denominações - mito, metáfora, alegoria ?

Preste atenção à diferença entre mito grego versus mito no sentido de Lévi-Strauss.

(2) Em sua opinião qual a melhor designação para o texto de Platão ?

RESPOSTAS:

Significado do Mito Grego

Para se entender o significado de mito é necessário esclarecer que mito hoje assumiu o sentido de história inventada, inverídica, mentirosa, ou um personagem capaz de fazer coisas extraordinárias, maravilhosas. Não é esse o sentido de mito que estudado nesse trabalho. Mito vem da palavra grega mythos que é traduzido como discurso ou narrativa. Assim, mito é para os gregos uma narrativa, sendo indiferente serem verdadeira ou falsa. São narrativas utilizadas pelos gregos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, que ainda não tinham explicação científica. Os mitos gregos fazem uso da simbologia, de personagens sobrenaturais, deuses e heróis, não cabendo neles contos de fada ou lendas. Assim, em seu sentido original o mito está ligado à oralidade, vocalização, pois na Grécia Antiga no período Homérico a cultura do povo era estritamente oral, ou seja, as passagens não eram escritas e sim passadas de geração a geração através do canto aedo, que tem significado de “cantar”.

Diante disso, estudiosos passaram e entender que o mythos grego está dentro do campo semântico do “crer”, passando para o “saber” e a seguir para a “razão”. Essa etapa da racionalização dos mitos gregos foi iniciada por Hesíodo no século VIII a. C., angariando vários poetas filósofos e pensadores por muitos séculos, tornando histórica a interpretação alegórica do mito em seus intelectos.

Significado de alegoria

A denominação alegoria que a palavra vem do grego “alegoria” significando “dizer do outro”, possuindo diferentes significados incluso nas áreas do conhecimento. Dentro de seu conceito filosófico é reconhecido como uma figura de retórica, onde faz uso das diversas formas de arte (pintura, escultura, arquitetura, música, etc.) tendo seu significado literal o ato de falar sobre outra coisa. Na literatura, alegoria é uma figura de linguagem, onde uma palavra de caráter moral deixa de ter seu sentido denotativo, para representar um sentido figurado/simbólico, onde cabe até mesmo uma duplicidade de sentidos, ou ainda uma plurissignificação de sentidos (variedade de sentidos, multiplicidade de significados que um texto pode apresentar, especialmente se tratando de um texto literário).

Há ainda a visão de alguns estudiosos que consideram a alegoria uma metáfora ampliada, semelhante à personificação ou prosopopeia com a intenção de tornar mais dramática à mensagem. Porém, os retóricos da antiguidade, alegavam ser a alegoria diferente da metáfora dado que aquela era utilizada de forma aberta e ampla nas fábulas, parábolas, romances e poemas, enquanto que a metáfora era utilizada em elementos textuais de forma independente transcendendo o significado literal (denotativo, real) fazendo uso de símbolos representativos de coisas ou ideias através da aparência de outras ideias ou coisas.

Nas narrativas mitológicas da antiguidade, as alegorias eram muito utilizadas com o sentido de explicar a vida do homem e as forças da natureza, onde se percebe bem esse fenômeno nas narrativas gregas em que as alegorias tinham seu significado na interpretação da vida. As alegorias excediam os limites conhecidos para desagasalhar e justificar os mistérios, construindo novas ideias e paradigmas que davam justificativas ao que ainda permanecia desconhecido.

Significado de Mito por Lévi-Strauss

Em meados do século XX o antropólogo Claude Lévi-Strauss criou a corrente estruturalista que persegue em seu conceito a análise da convergência do pensamento mítico ao racional. Tendo como ideia a percepção da lógica interna do mito através da redução de sua narrativa mítica a pequenas estruturas chamadas de mitemas. Onde mitemas, a partir de uma leitura antropológica, é uma partícula essencial de um mito, sendo um elemento irredutível e imutável a uma informação cultural, algo que está dividido com outros mitemas que estão relacionados e reunidos em variações fechadas e que se autopropagam com a evolução cultural de seus ouvintes.

Em seu estudo do “pensamento selvagem”, Lévi-Strauss mostra que os selvagens não são atrasados e nem primitivos, mas traduzem suas experiências em pensamentos míticos. O mito e o rito não são lendas e nem tão pouco fabulações, mas sim a organização da realidade apoiada da experiência vivida, definida como bricolagem. Sendo que sua definição está descrita na produção de um objeto novo a partir de pedaços e fragmentos de outros objetos. Esse objeto vai se construindo através da reunião, sem pretensão alguma, a outro objeto que irá servir para o objeto novo em construção.

Assim, o pensamento mítico se constrói da mesma forma que a bricolagem, ele reuni experiências, narrativas e relatos, que juntos compõe um mito geral. Assim, engatilhando formas as coisas, a origem, a função, a finalidade, aos poderes divinos sobre a natureza e sobre os seres humanos. Lévi-Strauss em seu livro Mito e Significado diz que:

A Ciência apenas tem dois modos de proceder: ou é reducionista ou é estruturalista. É reducionista quando descobre que é possível reduzir fenómenos muito complexos, num determinado nível, a fenómenos mais simples, noutros níveis. Por exemplo, há muitas coisas na vida que podem ser reduzidas a processos físicoquímicos, que explicam parcialmente essas coisas, mas não totalmente. E, quando somos confrontados com fenómenos demasiado complexos para serem reduzidos a fenómenos de ordem inferior, só os podemos abordar estudando as suas relações internas, isto é, tentando compreender que tipo de sistema original formam no seu conjunto. Isto é precisamente o que tentámos fazer na Linguística, na Antropologia e em muitos outros campos. (LÉVI-STRAUSS, 1987, P.15).

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