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O que a filosofia tem a ver com a religião?

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Por:   •  26/5/2014  •  Seminário  •  2.023 Palavras (9 Páginas)  •  278 Visualizações

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O que tem a filosofia a ver com a religião? Essa é uma pergunta importante e cuja resposta não é óbvia ou simples. Ao

longo da história do pensamento humano, vemos cooperação e competição entre ambas as áreas. Em um certo sentido, a

cooperação e a competição pressupõem a mesma concepção: a de que compete à razão filosófica provar a veracidade das

idéias religiosas, ou, dito de outra maneira, que compete à razão filosófica determinar se religião e superstição são a

mesma coisa ou se são coisas distintas e separáveis.

Posta a questão dessa maneira, temos duas respostas possíveis: ou a filosofia apresenta provas de que a religião é

verdadeira, ou a filosofia apresenta provas de que a religião não é verdadeira. Se for o primeiro caso, dizemos que há

entre ambas cooperação; se for o segundo, que há competição. E, quando se fala em provas, isso significa que qualquer

pessoa racional deve concordar com o argumento; mesmo que não seja um argumento demonstrativo ao estilo da

matemática (um cálculo bem feito dá um único resultado, e o sujeito que não percebe o resultado ou não concorda com

ele é incapaz. Um exemplo simples: 3x3=9, e não faria nenhum sentido alguém dizer: “Para você, para mim é 8”), o

argumento deveria ser cognitivamente convincente. Aquele que não concorda com a conclusão, ou não compreende o

argumento, ou está agindo de má-fé.

Onde, porém, buscar tais provas? Historicamente, têm sido elas buscadas no raciocínio abstrato, na análise e na

comparação de idéias, na experiência sensorial, no senso comum, nas explicações científicas, no sentimento moral.

Diversos os pontos de partida, similaridade no modo de argumentar. Parte-se de elementos geralmente aceitos e, se for

o caso, de verdades evidentes ou necessárias (que não podem ser negadas), aplicam-se as regras básicas do raciocínio

lógico, dedutivo ou indutivo, alcançando-se uma conclusão, tal como se faz nos raciocínios comuns ou nos científicos.

Se o propósito é mostrar que a filosofia justifica a religião e prova a existência de Deus (ou da realidade última), temos

os argumentos ontológicos, teleológicos, cosmológicos, morais. Se o propósito é mostrar que a filosofia refuta a religião

e prova que Deus não existe, temos os argumentos do mal, os argumentos evidencialistas etc.

Exemplo do primeiro tipo: observamos que a natureza exibe ordem e finalidade, como se fosse uma grande

máquina, na qual as partes se ajustam umas às outras perfeitamente, de forma a fazer o todo funcionar. Na nossa

experiência, sempre que há ordem e finalidade em algo, tal objeto foi pensado e realizado por uma mente inteligente.

Logo, a ordem e a finalidade que observamos no universo indicam a existência de um criador inteligente. Este se chama

Deus. Logo, Deus existe. Exemplo do segundo tipo: observamos que há muitos e diversos males no universo. Se Deus

fosse bom, Ele desejaria eliminar todo e qualquer mal; se fosse onipotente, Ele o faria. Como o mal existe, Deus não é

onipotente ou não é bom, ou ambos. Logo, como a religião afirma que Deus é bom e onipotente, Deus não existe.

Mesmo aceitando que essa é a tarefa da filosofia, isso não quer dizer que o filósofo acredita que é assim que as

pessoas aceitam ou recusam uma religião, ou seja, com base em argumentos. As religiões seguem seu caminho

independente disso, e a preocupação com argumentos justificadores é, quando muito, secundária. Mas os argumentos

mostrariam se as pessoas são racionais na sua crença. Por outro lado, pode ser que o pressuposto esteja errado, e não

compete à filosofia fundamentar ou provar a verdade das crenças religiosas básicas. A tarefa da filosofia em relação à

religião seria mais modesta. Atualmente, muitos filósofos, tendo em vista o desenvolvimento histórico das explicações

filosóficas, julgam que a filosofia pode ajudar a melhor compreender as idéias religiosas e a auxiliar as religiões a se

livrarem de alguns elementos supersticiosos indevidamente acrescentados à fé básica, especialmente aqueles

relacionados a confusões conceituais, derivadas de um uso inadequado da linguagem, ou à compreensão equivocada de

teorias e hipóteses científicas, ou a preconceitos de natureza não religiosa. Essa abordagem tem se mostrado mais

produtiva do que as outras duas opções mencionadas.

Religião e ciência

E quanto à relação entre religião e ciência? Na maioria das vezes, quando isso é discutido, por ciência se entendem as

ciências naturais, como física, química e biologia. Há quem julgue que certas teorias científicas estão em direta

contradição com a crença religiosa. Um exemplo contemporâneo pode ser encontrado na discussão entre o

evolucionismo e a teoria do desígnio inteligente, ou criacionismo. Se olharmos para o passado, esse era o juízo feito por

alguns acerca da relação entre o heliocentrismo e o relato bíblico cristão sobre a criação e o papel do ser humano nela.

Críticos religiosos do heliocentrismo, à época, julgavam que a teoria geocêntrica era, esta sim, compatível com a crença

cristã, enquanto sua alternativa era incompatível. Hoje, nem mesmo grupos fundamentalistas percebem uma

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