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Os Pré-Socráticos: Mito e Filosofia

Por:   •  23/4/2018  •  Artigo  •  1.957 Palavras (8 Páginas)  •  315 Visualizações

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Os Pré-Socráticos:

Mito e Filosofia

(O que se inaugura no pensamento Pré-Socrático)


MITO E FILOSOFIA  

O mito, considerado uma apelação ao sobrenatural e ao mistério, é uma narrativa para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza que não eram compreendidos. Segundo Chauí, ele tinha como função resolver, num plano imaginário, as tensões, conflitos e antagonismo sociais impossíveis de se resolver no plano real. O mito tem um conteúdo explicativo que não busca convencer a consciência racional do homem.  Mas conduz através do ato de fé, ou simplesmente porque se quer acreditar nele. Assim, atrai a parcela do irracional existente no pensamento humano e através da teogonia explica a origem de todas as coisas, como os deuses, heróis e homens.

Apesar de ser uma forma de narrativa que não explica racionalmente a origem das coisas e a realidade, o mito era aceito, inquestionado e tido como verdade absoluta. Isso, por ser considerado de Deus e escrito por poetas inspirados por esses deuses ao sussurrarem em seus ouvidos. Os poetas eram o elo dos Deuses com os homens por narrarem à era longínqua passados de gerações em gerações, formando assim um movimento e pensamento linear, no qual o mito era ouvido e repetido.

        O declínio do pensamento mítico iniciou-se quando o mito já não conseguia explicar a realidade e começou a ser questionado pelas pessoas, sendo assim porque estas perceberam contradições e limitações nas explicações da origem de todas as coisas. Os motivos do desencantamento mitológico se deram por vários fatores. Marilena Chauí cita alguns deles, tal como, as viagens marítimas e comerciais na qual os viajantes perceberam que os locais contados pelos mitos como habitados por seres mitológicos, eram na verdade povoados por outros seres humanos. Outros fatores que influenciaram a percepção das contradições e limites foram a invenção do calendário que calcula o tempo e prevê fatores climáticos como calor no verão, frio no inverno, já não explicando mais as alterações climáticas pelos deuses; a invenção da moeda, que ao desterritorializar o valor permite as trocas abstratas de mercadorias e a invenção da política como forma de expressão de pensamentos.

        Mesmo com a mitologia já quase acabada, segundo Chauí a filosofia não teria surgido dos fatores do desencanto do mito e sim devido a uma mudança mental e de atitude, ou seja, se os filósofos não tivessem feito a descoberta de pensamento ou razão por eles mesmos. A escritora também afirma que isso ocorreu graças ao espírito de observação e o poder de raciocínio do grego. Logo, o nascimento da filosofia marca o declínio do pensamento mítico e significa a ruptura integral com a religião e os mitos.

        A filosofia nasceu na Ásia menor, na região da Jônia, onde hoje é a Turquia. Segundo Marilena Chauí, era considerada uma nova forma de pensar, nomeada pelos gregos e tendo como tradução a palavra filo significando amizade e sofia a sabedoria, em outras palavras amizade pela sabedoria, amor ao saber. Considerada por Tales de Mileto uma explicação racional sobre a origem e a ordem do mundo, a filosofia sempre foi questionada, isso porque escreve a partir de argumentos que ela mesma criou, não apela para o sobrenatural, mas explica a natureza pela própria natureza e o que é dito não é uma verdade definitiva. Sendo assim nunca é a mesma, está em constante construção. Sua forma de argumentação é absolutamente ligada a uma origem que vai explicar de uma forma coerente e que tenha uma base natural. A base natural significa o estudo da physis, que é tudo aquilo que brota, nasce, surge e desaparece, ou seja, um estudo da natureza.        

         Sobre as explicações das causas históricas da criação da filosofia, Chauí considera que o principal motivo para seu nascimento é a política, mas também considera importantes fatores como a invenção do calendário, da moeda e da escrita alfabética. Através desses fatores, o povo grego começa a se urbaniza e a cultura começa eliminando qualquer princípio de caráter religioso e por isso as formulações mítico-religiosas vão cedendo o passo as explicações racionais. Esses processos de descolamento da forma de pensar também foram essenciais para os filósofos. Por exemplo: com o surgimento da moeda, uma forma de valor abstrata, criou-se a desterritorialização do valor.           

         A cosmologia, primeira expressão filosófica apresentada no período pré-socrático, busca pelo conhecimento racional da ordem do mundo e da natureza, tenta explicar a realidade por meio de explicações racionais, defende a criação do mundo a partir de um princípio natural, pela existência de um ou alguns elementos naturais. O Logos, já como diz Chauí:

“... (certamente uma das palavras mais importantes de toda a história da filosofia                                                    e do pensamento oriental) que possui múltiplos sentidos...: razão, pensamento, linguagem, explicação, fundamento social, argumento casual. Palavra e pensamento, valor e causa, norma e regra, ser e realidade.”

Segundo Chauí, os principais traços da atitude filosófica são a tendência a racionalidade na qual a razão é o critério de verdade; a busca de respostas concludentes, na qual o discurso prove o que é afirmado; os princípios lógicos; a exigência de explicações e a tendência à generalização. Dessa forma a filosofia surge para explicar racionalmente a origem e as transformações que ocorrem.

Todavia, a filosofia e o mito apresentam certas semelhanças, tais como a busca para explicar acontecimentos, a crença de que as coisas vêm de um lugar e vão para um lugar, a coerência e a causalidade.

PRÉ-SOCRÁTICOS

        Os pré-socráticos estudavam muita a natureza e tinham a preocupação básica de descobrir, com base na razão, a arché (substância primordial) de todos os seres. Buscavam, além de falar sobre a origem das coisas, mostrar que a physis passava por constantes mudanças e que essas eram provocadas por alguma coisa que tentavam conhecer.

        O período pré-socrático, fase inaugural da filosofia grega, abrangia vários filósofos, desde Tales de Mileto até Sócrates. Essa denominação antes de Sócrates e depois de Sócrates foi utilizada devido aos temas que os filósofos abordavam. Por Sócrates ter inaugurado uma nova filosofia, a da preocupação do homem com o outro homem, da relação política, seu nome foi escolhido como a separação entre os filósofos que abordavam sobre o homem com a natureza (pré-socráticos) e os que abordavam o homem com o outro homem.

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