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Resenha: Amor Líquido

Por:   •  29/10/2017  •  Resenha  •  1.293 Palavras (6 Páginas)  •  696 Visualizações

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Amor Líquido – Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos

Autor: Zygmunt Bauman

O “Amor Líquido” é considerado como a forma pelo qual os relacionamentos amorosos, familiares e até mesmo a capacidade de lidar um estranho com humanidade, estão sendo prejudicados na modernidade em que vivemos. Bauman busca explicar, apontar e compreender de que forma a insegurança e os desejos conflitantes de apertar os laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos inspiram a misteriosa fragilidade dos vínculos humanos.

Constata que os relacionamentos oscilam entre o sonho e o pesadelo. Busca a apontar os riscos e ansiedades de se viver junto, e separado.

  1. Apaixonar-se e desapaixonar-se

Bauman relata sobre a essência do amor: ser refém do destino. O amor não encontra seu conceito nas coisas prontas, concluídas e completas, mas no incentivo a participar do principio dessas coisas. O amor deve buscar abrir-se ao destino, admitindo a liberdade do ser, a mistura fatal do medo com o regozijo. Conclui-se que sem humildade e coragem não existe amor, qualidades essas exigidas, quando se inicia num local desconhecido.

Suportar com insegurança a fragilidade do amor, o desafio, a atração e a sedução tornam toda distância, insuportavelmente grande e avassaladora. O desejo consome, sendo um impulso de destruição, momentâneo. Enquanto o amor com sua vontade de cuidar, preservar, doando-se ao objeto amado, com renúncia e sacrifício, quer possuir. Amar é estar à disposição, sobrevivendo através das diversidades.

Se o relacionamento pautado no desejo já seria ruim, no impulso torna-se pior, já que no desejo se prevê tempo para germinar, crescer e amadurecer. Deste modo, o Outro pode ser comparado como uma mercadoria de shopping, que consumida instantaneamente, pode ser depois facilmente descartável. O impulso mantém a esperança de que não deixará consequências permanentes capazes de impedir novos momentos de entusiasmo prazeroso. Compara o relacionamento como um investimento, onde num mercado de operação ninguém fará pelo outro o trabalho de examinar as probabilidades e avaliar as chances. É uma incerteza permanente, estar seguro de ter feito a coisa certa ou no momento preciso.

O enfraquecimento dos elos amorosos tornam as pessoas irracionais e mais incapazes de resolver os problemas. Segundo o filósofo da ética, Knud Logstrup, existem duas “perversões divergentes” que explicam o fracasso no relacionamento: a possessividade amorosa, que procura realizar-se por meio do autocontrole e, a bênção/maldição que corre livre e raivosa, fincada na adoração que o amante tem pelo ente amado. Quando duas pessoas se comprometem com o “até que a morte os separe”, deveriam ter em mente que irão mergulhar de cabeça em águas inexploradas.

Dado o risco e a insegurança, a solução proposta pelos especialistas passa a ser o “relacionamento de bolso”, justamente o que caracteriza o “Amor Líquido”. As condições para isso é estar plenamente consciente e totalmente sóbrio, manter o controle da relação e não se deixar influenciar pelo relacionamento. Quanto menos investir num relacionamento, menos inseguro vai se sentir quando for exposto às mudanças de suas emoções futuras. E o outro ponto, é manter-se do jeito que é. Se algo caminhar para algo mais sério, se houver qualquer traço de mudança, significa que é hora de terminar. O enfraquecimento dos relacionamentos amorosos promove uma insegurança que desorientam as pessoas. Como “solução”, os especialistas promovem o “Amor Líquido”, que na verdade é um desamor. Está faltando uma coisa: selar o ciclo contra possíveis ataques.

Embora unidos pelas aflições, as pessoas estão desunidas por demais opiniões. Percebe-se então, que o enfraquecimento dos laços amorosos também enfraquece os laços sociais. Eis então a dinâmica do Amor Líquido. Laços pessoais derretidos, liquefeitos, cuja explicação é, em vez de retomar os valores que ofereciam relacionamentos mais sólidos e duradouros, aumentar a dose de malícia para que os relacionamentos sejam de curto prazo e com isso, quem sabe, procurar que ninguém se machuque. A ironia é que a insegurança e solidão, as grandes vilãs que “Amor Líquido” tenta contestar, são também estimulantes para a manutenção da insatisfação social. Se o amor está inclinado ao sacrifício e à renúncia em função do ser amado, o “amor líquido”, por temer o futuro, aposta e é motivado por especialista, em relacionamentos de curto prazo movidos, principalmente, pelo impulso e/ou oportunismo.

  1. Dentro e fora da caixa de ferramentas da sociabilidade

O encontro dos sexos é a origem de toda a cultura. O sexo se estende na direção de outro ser humano, exige sua presença e se esforça para transformá-la em união. Contudo, o sexo deixou de ter compromissos que buscavam a paternidade e maternidade.

O autor nos trás a memória que no passado os filhos eram recebidos com expectativa da melhoria do bem-estar da família, já que eram vistos como investimentos e continuidade de sua descendência. Porém a pós-modernidade revela uma fragilidade das estruturas familiares, sendo o relacionamento uma mera questão de escolha que pode ser invalidada até segunda ordem. Situação esta que o filho perde o sentido de ser “uma ponte” para algo mais duradouro, tornando-se um fator de complicação para a dissolução futura. Bauman relata que “formar uma família” é como pular de cabeça em águas inexploradas e de profundidade insondável, o que requer sacrifício de suas ambições pessoais. Contudo, Erich From nos explica que o sexo sem amor leva a frustação, uma vez que a união vem do fato do homem e da mulher procurarem ardentemente escapar da solidão. Fora do amor, o sexo relaciona-se com uma fusão breve e, em última instância, autodestrutiva.

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