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Resenha Critica - A Infancia De Um Chefe

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Por:   •  16/4/2013  •  1.055 Palavras (5 Páginas)  •  2.833 Visualizações

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Jean Paul Sartre foi um filósofo francês que nasceu em Paris, em 1905, e faleceu em 1980. Em 1938, publicou “A Náusea”, novela que pretendia divulgar os princípios do existencialismo e que lhe proporcionou certa celebridade. No ano seguinte publicou a obra “O Muro”, que é composta por cinco contos: O Muro, O Quarto, Enrostrato, Intimidade e A Infância de um chefe. A primeira e a última obra junto com A Náusea e As Moscas são consideradas obras-primas literárias do filósofo. Com a publicação dessas obras, se tornou símbolo do movimento filosófico.

O texto aqui analisado e interpretado será “A infância de um chefe”. O autor não explicita datas, exigindo um conhecimento prévio da história européia. Mas podemos perceber que o conto se passa no período entre guerras, porque o autor faz referência a um fato histórico, o revanchismo Francês, que foi um sentimento gerado pela perda do território de Alsácia-Lorena para os alemães após a guerra franco-prussiana em 1871 e que perdurou até a aprovação do Tratado de Versalhes no ano de 1919.

O protagonista, Lucien Fleurier, é um adolescente que nasceu um pouco antes da Primeira Guerra. Filho único de uma família burguesa da cidade de Férolles, no interior da França, ele cresceu e conviveu com a bajulação dos empregados de seu pai. Seu cotidiano é permeado pelos eventos sociais, pelos questionamentos de que um dia irá assumir ou não os negócios da família, seguindo os passos de seu pai e principalmente sobre as suas primeiras percepções e impressões sobre o mundo e sobre sua existência. Sobre esta ultima característica da história, já ficam bem explicitas as primeiras dúvidas do menino, que buscam afirmar a identidade de um indivíduo, dos outros e de si mesmo diante do mundo. Portanto, perguntas como “será que existo?”, “o que sou para os outros” e “o que é o mundo que me cerca?” estarão presentes no decorrer da história. Diante dessas perguntas, Lucien, ainda criança, se deu conta de que havia uma ausência de um projeto já definido e imutável que nos acompanha desde o nascimento. Assim, o personagem confirma a idéia de Sartre de que no caso dos seres humanos, a existência precede a essência, ou seja, ele nasce e só depois se define através da liberdade de escolha.

Ainda no início do conto Sartre mostra Lucien sendo confrontado com o papel social que lhe foi destinado. Em um passeio pela fábrica de seu pai, Lucien e Sr. Fleurier têm o seguinte diálogo:

- Será que me tornarei também um chefe? Perguntou Lucien.

- Mas certamente, meu rapagão, foi para isso que você nasceu.

- E em quem eu mandarei?

- Bem, quando eu tiver morrido, você será o dono da usina e mandará nos operários.

- Mas eles estarão mortos também.

- Então, você mandará nos filhos deles [...]

(SARTRE, 1966, p. 133)

Embora o conto inteiro seja sobre o percurso de Lucien ao posto que lhe foi designado quando criança, essa temática só será retomada no final do conto. As idéias, os projetos deste diálogo ainda não iriam se concretizar, já que Lucien ainda era uma criança. Porém, é interessante notar a má-fé evidente nesse mesmo diálogo. O pai de Lucien toma como certo que as pessoas assumem e continuarão assumindo os papéis sociais que lhes foram destinados antes mesmo delas nascerem. Portanto, Lucien Fleurier, por ser filho de um chefe, deve se tornar um chefe; os filhos dos operários devem se tornar igualmente operários. Dessa forma, parece não haver espaço para escapar de seus destinos já traçados: cada um é o que se nasce para ser.

Há dois diálogos que julgo importantes e que contribui para essa questão da existência do personagem, o primeiro é sobre uma conversa entre Lucien e Babouin, seu professor de filosofia e o segundo é quando sua família vai a Paris para visitar um primo chamado Riri.

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