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Sêneca: a Tragédia e a Sátira

Por:   •  22/8/2021  •  Ensaio  •  1.053 Palavras (5 Páginas)  •  129 Visualizações

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Universidade Federal de Pernambuco

Curso: Letras Bacharelado

Disciplina: Literatura Latina

Docente: Robson Rodrigues

Discente: Graziele Eduarda

Sêneca: a tragédia e a sátira

(Resumo)

A tragédia Romana, assim como outros gêneros literários romanos, originou-se da grega e assim como a helênica, apresenta temas mitológicos e/ou históricos através de um em enredo em que uma ação se desenrola por meio de episódios protagonizados por atores, alternados ou mesclados com cânticos orais. Este gênero passou a ser fortemente divulgado e reproduzido em Roma através de Lívio Andronico, tradutor da Odisséia e diversas obras gregas. Suas tragédias abriram os caminhos para os seus sucessores, como é o caso de Sêneca (Lucius Annaeus Seneca (4 a.C.? - 65 d. C.). Este foi um importante político, filósofo e escritor romano, talentoso e de excelente formação intelectual, tendo suas obras sobrevivido com o passar do tempo, exercendo grande influência na literatura dramática produzida posteriormente.

Sêneca teve nas peças de Eurípides forte inspiração para composição de suas obras, como As fenícias, a qual se encontra incompleta. As demais tragédias foram conservadas na íntegra como, Hércules no Eta e A loucura de Hércules. Outros escritos tiveram como tema central, lendas isoladas, porém bastante exploradas na literatura como, Édipo, Fedra e Medeia; histórias protagonizadas por membros da amaldiçoada família Pelópidas: Tiestes; As troianas e Agamêmnon, as quais se valem da lendária saga troiana. Suas peças pareciam ser escritas mais para serem lidas do que para serem encenadas. Lidas por uma elite familiarizada com os mitos abordados e com aspectos da retórica. Além disso, tais peças se diferenciam das gregas em relação a progressão da ação, por serem mais estáticas, o que corrobora com a hipótese de que elas seriam escritas para serem declamadas. Não há um clímax, na maioria das vezes a situação é crítica desde o começo. Outra característica da obra senequiana é a presença de cenas de horror e violência. Ademais, o autor domina a arte de criar personagens dotados de grande vigor e percebe-se o cuidado na construção das figuras femininas e dos personagens mortos. Os personagens, principalmente os heróis senequianos, enfrentam essa luta entre a razão e as paixões. As catástrofes que afetam os personagens não são causadas por eventos/forças exteriores, mas pelos próprios personagens ao cederem às paixões, desconsiderando a razão.

Outra diferença entre as tragédias de Sêneca e as gregas refere-se aos cânticos corais. Os senequianos são poemas líricos, com métrica lírica e que ora discutem um assunto ora narram um fato ou fazem um pedido. Além disso, por também ser um filósofo, Sêneca traz o pensamento estoico para suas tragédias, como podemos perceber em Agamêmnon.

Em Agamêmnon, Sêneca mostra como ceder às paixões e aos vícios pode ser devastador, além disso, trata de elementos que norteiam o pensamento estoico como a ideia da morte como salvação do controle do destino, assim como o Furor, que seria o desejo de vingança, o Fatum (destino, que está acima do nosso controle) e Fortuna (as determinações exteriores que nos afetam). É movida pelo Furor e pela paixão que Clitemnetra planeja o assassinato de seu marido, Agamêmnon, com a ajuda de seu enteado, Egisto. Além disso, encontra-se a figura da ama que tenta trazer a rainha de volta para razão e a presença dos cânticos corais, primeiro na voz de mulheres argivas e por último, das troianas.

Além das tragédias, Sêneca também se dedicou a produzir sátiras. Tal gênero é de grande importância para literatura latina por não ter se inspirado em algum gênero grego equivalente. A sátira é um gênero original, um gênero de criação latina e se caracteriza como uma espécie de crônica social em versos que ridiculariza os vícios e defeitos através do humor ou da indignação e que também pode assumir um teor filosófico-moral.

Ênio foi o primeiro poeta que intitulou uma de suas coletâneas de poemas de sátiras, mas desses poemas só restaram fragmentos, o que se mostrou insuficiente para verificação de suas características peculiares. Sendo assim, atribui-se a Lucílio a criação da sátira latina. Lucílio compôs trinta livros de sátiras, utilizando diversos versos como os jâmbicos, trocaicos e dísticos elegíacos, mas empregando predominantemente o hexâmetro, que se tornou posteriormente o metro usual dos poetas satíricos. Após Lucílio, muitos outros poetas cultivaram a sátira em Roma, como Varrão, criador da sátira menipeia (poemas inspirados nas diatribes de Menipo de Gádara e que misturava prosa e verso). Outro importante autor desse gênero foi Horácio. Este criticava os defeitos em si, de forma generalizada e não pessoas específicas portadoras de determinado defeito. Além disso, o tom utilizado é mais cômico do que agressivo, seu estilo é mais técnico e elegante. Horácio dominava a arte de caracterizar pessoas, ridicularizando defeitos e situações com humor. Esse tom mais “leve” que Lucílio muito tem a ver com a política da época de Horácio, Roma era governada por Augusto. Sendo assim, não havia espaço para a sátira mais sarcástica, mais violenta. Esse tipo de sátira se tornou praticamente impossível nos governos seguintes, sob o comando de Tibério, Calígula e Cláudio, respectivamente. No entanto, na época de Nero, sucessor de Cláudio, esse gênero encontrou novos adeptos, como Sêneca.  

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