TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A Hipótese de convergência

Por:   •  3/7/2017  •  Resenha  •  1.074 Palavras (5 Páginas)  •  284 Visualizações

Página 1 de 5

O declínio da fecundidade observado tanto nos países do Terceiro Mundo que adotaram políticas governamentais anti-natalistas, quanto naqueles que não as formularam explicitamente, vem se dando com uma velocidade surpreendente formularam explicitamente, vem se dando com uma velocidade surpreendente. Com isto, abriu-se o debate em torno de velhas hipóteses surgidas nas primeiras décadas do século XX

Entre estas, ganhou novo fôlego a "hipótese da convergência", que entende que o declínio transicional da mortalidade e da fecundidade implica, necessariamente, a emergência de um único padrão demográfico e de estruturação da família.

A noção de convergência é central à teoria da transição demográfica, explicitamente formulada nas primeiras décadas deste século por Thompson (1929) e Notestein (1945, 1948), entre outros, no bojo do movimento empirista que marcou as ciências sociais nesta fase.

Ela estabeleceu o entendimento de que a emergência da sociedade urbano-industrial, ao melhorar as condições materiais de vida e ao difundir um único modelo ideal de família (nuclear, com prole pequena), levava à constituição de um novo padrão demográfico. A esta suposição designa-se "hipótese da convergência".

O primeiro engano é o de tomar um dos modelos conceituais mais simplificados e abstratos da demografia formal, que estabelece o conceito de crescimento vegetativo enquanto uma mera diferença entre níveis de fecundidade e mortalidade 1 , sem quaisquer adaptações teórico-metodológicas, para descrever fenômenos complexos relacionados com as mudanças históricas nos modos de procriar e preservar a sobrevivência. Ao se aplicar este modelo à análise das formações sociais concretas, sem recontextualizar teoricamente a problemática, ou sem qualquer mediação metodológica, as propriedades do modelo são como que transferidas à realidade e acaba-se vendo, como algo próprio do real, aquilo que era um mero suposto simplificador do modelo de análise.

As sociedades concretas são vistas, assim, como "população total" e "fechada" e as mudanças históricas de regimes demográficos enquanto reduções lineares na intensidade dos fluxos dos"eventos vitais" - nascimentos e mortes -, como se as tendências da mortalidade e da fecundidade fossem independentes entre si e desvinculadas dos modos como se procria, se preservar a sobrevivência, dos processos migratórios e de mobilidade social e da dinâmica da família.

O segundo engano é o de se justapor, numa mesma análise, dois referenciais teóricos incompatíveis entre si, em termos da problemática reconstruída, do grau de abstração com que reconstroem teoricamente os fenômenos e dos tipos de significados e nexos estabelecidos entre os seus elementos constitutivos. Isto é, o modelo da demografia formal, utilizado para "descrever" as mudanças demográficas,

A problemática recortada, enquanto objeto de estudo, por este esquema da Sociologia, não é a mesma do modelo anterior; reporta-se à mudança nos padrões de família e nos "modos de vida" que se verificam com a transição de uma sociedade agrário-tradicional para uma sociedade urbano-industrial.

.

Ao declínio da fecundidade, que se iniciaria depois do declínio da mortalidade (sem que, entretanto, se especifique o momento), relaciona-se uma outra ordem de tendências "determinantes", tratadas como se fossem autônomas face às acima citadas, a saber: a redução das funções da família, a difusão de um novo modelo ideal de família (nuclear com prole pequena), a escolarização e trabalho não-doméstico da mulher, a

elevação da idade ao casar, a mudança do valor e significado dos filhos

pela alteração nos custos de criação dos mesmos e pelo surgimento dos sistemas de seguridade social. Estimuladas pela modernização. O mecanismo, por excelência, das mudanças demográficas e sociais, o processo de difusão dos novos códigos de condutas e saberes, não

fica bem caracterizado.

Marx quanto Weber, embora sob óticas muito distintas, definiam a natureza da mudança estrutural no processo de constituição de uma sociedade capitalista enquanto um movimento de diferenciação social;

e não enquanto movimento de uniformização (Giddens, 1984).

Descreviam, por caminhos distintos, o encadeamento histórico dos

processos que alteram a divisão social do trabalho ao interior de uma sociedade nacional, assim como a alteração das formas de assentamento espacial das sociedades, mostrando que tais processos atingem grupos sociais distintos, de modos

...

Baixar como (para membros premium)  txt (7.3 Kb)   pdf (48.2 Kb)   docx (13.8 Kb)  
Continuar por mais 4 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com