A Relação Cidade e o Campo

O artigo de Martins e Souza (2010) nos apresenta um novo olhar sobre o meio rural. Visto sempre como a fonte de problemas como sinônimo de desenraizamento, miséria, isolamento, currais eleitorais, surge uma nova ótica apresentada sobre a relação campo e cidade, com novas definições e (Re) definições das novas urbanidades e ruralidades. Esta percepção positiva crescente se deu ao fato da introdução das novas tecnologias e o desenvolvimento da modernidade. Uma realidade diferente do pretérito que relacionava o campo e a cidade com um antagonismo ressaltando as diferenças culturais, econômicos e sociais do campo em relação à urbanidade que representava os avanços da modernidade. Com a introdução da tecnicidade ao campo, a agricultura mecanizada acende novas dinâmicas que redefinem o rural e suas relações com as cidades. O campo modernizado gera mão de obra ociosa permitindo que o urbano se expanda criando os espaços do capital. Essas relações transformam o meio e torna evidente a urbanização do campo efetivando a agricultura familiar e o turismo rural no contexto político, econômico e teórico mudando o contexto geográfico das ruralidades e urbanidades, já que o campo e a cidade são espaços de realizações humanas nas quais o trabalho materializado criam características sobre a natureza. O meio rural cria outras práticas que buscam atender essa mescla com a urbanidade cunhando espaços para “chácaras de fim de semana” e cerceando as áreas de cultivo. Em relação ao campo e a cidade nossa realidade dispõe da materialidade da produção de bens produzido pela cidade, ligados ao ciclo da terra com a agricultura urbana e culturas ruralistas tais como as festas country que são relacionadas ao estilo de vida único transcrevendo o mundo rural. Este intercâmbio de culturas urbano/rural gradualmente se difundiu e se intensificam e os limites se tornam imprecisos devido à nova unidade espacial de mistos e híbridos na relação campo cidade. A problemática da questão cidade-campo, urbano-rural, e do entendimento de suas analogias, relações, complementaridades e contradições, é muito mais ampla que a trazida no resumo deste texto, contudo, pode-se tecer e também ressaltar algumas considerações, que, em certa medida, já foram expostas no decorrer do texto. Primeiramente, é importante que se entenda que a compreensão da problemática atual da questão cidade-campo, urbano-rural, deve considerar o processo de sua construção histórica. Com o exacerbamento da divisão do trabalho, do desenvolvimento do modo de produção capitalista e da difusão dos sistemas cibernéticos, as configurações da sociedade se transformam, tornando cada vez menos perceptível as diferenças entre a cidade e o campo e principalmente entre o urbano e o rural. A tentativa de utilização de diferentes critérios e atributos para desobscurecer a questão e elucidar a diferenciação entre o que é cidade/urbano e o que é campo/rural não atendem a compreensão da problemática em sua plenitude, visto sua complexidade. A consideração de abordagens teórico-metodológicas para a interpretação da questão parece ser mais produtiva, principalmente pela potencialidade de qualificação das categorias analíticas cidade/campo e urbano/rural, que ao que parece é o grande problema em questão e, consequentemente, pelo fato da possibilidade de compreensão da dinâmica das relações e contradições que compõem

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