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As escalas do poder e o poder das escalas: o que pode o poder local?

Por:   •  3/4/2017  •  Resenha  •  1.301 Palavras (6 Páginas)  •  1.089 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA INFORMAÇÃO

PROGRAMA EM PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Disciplina: Conceitos Geográficos  ( 4 créd.)

Profª Responsável: César Augusto Avila Martins

Data: 05/05/2016

Caio de Andrade Pandolfo -112420

FICHAMENTO

  1. TEXTOS BASE

VAINER, C. As escalas do poder e o poder das escalas: o que pode o poder local?. Anais do IX Encontro Nacional da ANPUR, 2001. v. 1. p. 140-151

CASTRO, I. E. O problema da escala. In: CASTRO. I.E. et al. Geografia: conceitos e temas. R. Janeiro: Bertrand, 1995, p. 117-140.

RESUMO DO TEXTO

O texto busca discutir sobre quais escalas seriam as mais pertinentes para uma efetiva ação política, abordando as principais formas de cada linha de pensamento escalar, desde a local, passando pela regional e nacional, até a escala global. O autor deixa evidente a tendência atual dos estudos geográficos em eleger e opor as escalas locais e globais nos dias atuais, contudo nos mostra que em outros momentos as escalas regionais e nacionais foram amplamente utilizadas.

Inicialmente  Vainer realiza uma proposta de luta política, a partir daqueles que elegem a escala global como cenário de ação política ideal, onde os defensores da utilização desta escala defendem a necessidade emergente de se criar uma sociedade civil globalizada, onde só será possível através de um fortalecimento da cidadania global. Onde traz uma citação do fórum econômico mundial, que traduzida quer dizer “Nossa resistência tem de ser tão global quanto capital”, dando assim grande ênfase a escala global e minimizando as demais escalas como cenários de luta política.

Tal escala é amplamente aceita pela maioria dos pesquisadores, assim como pela sociedade cível, sendo difundida através de termos como globalização e mundialização, gerando assim um movimento de dissolução dos estados nacionais, alegando como afirma Ianni (1997) que o os indivíduos devem possuir a mesma cidadania global que as mercadorias já possuem.

Os chamados globalistas defendem então que os estados nacionais são cada vez menos capazes de fazer frente aos desafios impostos pelas realidades, políticas, econômicas, sociais, culturais e ambientais.

Assim como existem aqueles que defendem a escala global, existe os que priorizam o local como arena de ação política efetiva, como Borja e Castells que afirmam que os governos locais são totalmente capazes tanto de garantir a competição das empresas, quanto oferecer base histórica e cultural para a integração dos indivíduos. Podendo inclusive cumprir com as ações que historicamente  são delegadas aos estados nacionais, como a de acumulação de capital e a de legitimação.

O autor afirma que o local não deve ser visto sempre como sinônimo de algo pequeno, podendo ser um município, ou região compreendendo vários municípios, logo o “Local adquire a conotação de alvo socioterritorial das ações e passa então a ser definido pelo próprio desenvolvimento local integrado e sustentável” (Franco, 1998). Cabe ressaltar que estes também rejeitam a escala nacional e o estado nacional como campo predominante.

Também é ressaltado no texto os que acreditam e defendem a escala nacional como prioridade, os mesmos alegam que processos como a globalização não são tendências e sim imposições das classes hegemônicas, para tal o autor utiliza-se de citação de Benjamin (2000) que  diz que “ São as elites que estão nos dizendo todo o tempo <...> que o Brasil não tem mais sentido”.

Para essa corrente é um erro negligenciar a escala nacional, visto que para os mesmos é a única escala capaz de viabilizar e suscitar  alternativas  frente as incongruências do capitalismo e do movimento globalitário fragmentador.

Em síntese o autor deixa claro que existem diferentes linhas de pensamento quanto as escalas mais eficazes na ação política e social, seja ela global, nacional ou local, cada uma destas linhas possui seus argumentos, e evidentemente buscam infelizmente desqualificar-se mutuamente. Sendo os globalistas então defensores de uma cidadania global como necessidade emergente, os nacionalistas afirmando que o cidadão por si só é uma condição gerada pela realidade social e os localistas afirmam que tal escala é a mais importante, visto que o cidadão vive no local, no bairro e no município.

O autor afirma então que antes mesmo de serem campos possíveis da ação politica, as escalas são resultado sempre contestáveis de e contestados de embates entre si, e que escolher uma determinada escala é quase sempre escolher um sujeito.

Por fim o autor da ênfase a escala local, afirmando que é necessário analisar até onde os limites das lutas populares quem ocorrem em escalas locais podem influir nos processos de escalas globais. Ressalta a cidade como uma escala completa quando aos mais diversos processos, possuindo complexidade similar a escalas maiores, não negligenciando que esta cidade também está situada em um contexto nacional e mundial.

Propõe então que a política local deve ser concebida como parte de uma estratégia transescalar, ou seja maior que sua própria escala, a fim de atingir os seguintes objetivos:

  • Redução das desigualdades e melhoria das condições (materiais e imateriais) de vida das classes trabalhadoras, e, de modo mais amplo, das classes e grupos sociais oprimidos e explorados, através principalmente da transferência de recursos (materiais e simbólicos) em seu favor — e, necessariamente, em detrimento das classes e grupos dominantes; 
  • Avanço e radicalização de dinâmicas sociais, políticas, culturais, que propiciem a organização e a luta populares, e, de modo mais geral, a constituição de sujeitos políticos coletivos expressando interesses, segmentares e gerais, das classes e grupos sociais explorados e oprimidos. 
  • Enfraquecimento dos grupos e coalizões dominantes, envolvendo desde a desmontagem de mecanismos tradicionais de reprodução de seu poder (clientelismo, etc) até a desarticulação de suas alianças horizontais (no Estado e na região) e verticais .com grupos nacionais e internacionais), passando também por desarticulação das redes (inclusive dentro da administração pública) e dispositivos (inclusive legais) que favorecem a privatização de recursos públicos e a captura de vultosos recursos extraídos direta ou indiretamente  da população, através de posições monopolistas (adquiridas, quase sempre, pelo exercício do poder pol ítico, pela advocacia administrativa, pela troca de favores entre famílias e pela corrupção). 

Para Iná Elias de Castro antes de mais nada, escala é uma fração que indica a relação entre as medidas do real e aquelas da sua representação gráfica, contudo a mesma afirma que tal conceito é mais complexo e amplo, não se resumindo a cartografia na qual é normalmente utilizada.

Assim como o autor do texto anterior, Iná ressalta a problemática do uso das escalas nos estudos geográficos, pois tais problemáticas podem variar de escalas locais até planetárias, e que o tamanho da escala e o tamanho do fenômeno não podem ser separados, assim como afirma Lacoste (1976) que afirma que diferenças no tamanho da superfície, implicam diretamente em diferenças quantitativas e qualitativas.

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