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Os Dilemas da região e da regionalização na geografia contemporânea

Por:   •  5/2/2018  •  Resenha  •  2.002 Palavras (9 Páginas)  •  357 Visualizações

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COSTA, Rogério Haesbeart da. Regional-Global: dilemas da região e da regionalização na geografia contemporânea. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 208 p

Na introdução, Rogério faz uma breve reflexão do conceito de região em sua vida acadêmica, desde seu bacharelado até o doutorado, discorrendo sobre como irá tratar esta categoria analítica da geografia no decorrer do livro, destacando a importância do conceito e as diversas formas que fora trabalhado por diversos autores, explicando também o porquê da escolha do termo Regional-Global como título deste livro, que é assumir a natureza regional, ao passo que é condicionado e condicionante nos processos globalizadores.

No primeiro capitulo do livro, é feito um levantamento histórico-bibliográfico, dos autores e geógrafos que trabalham com o conceito de região, buscando desde os filósofos gregos (Estrabão, Heródoto, Ptolomeu, entre outros) até os mais atuais, como Daivd Harvey, Milton Santos, entre outros. Apresenta, a trajetória toda do debate sobre região, o seu possível desaparecimento – tendo como motivo o processo de globalização, instigado pelo capitalismo – bem como, o seu “ressurgimento”, numa nova perspectiva geográfica...

Destaca o dilema entre a Geografia Geral ou sistemática e a Geografia Regional ou Tópica – para Varenius “Especial” – que é uma disputa entre dois núcleos epistemológicos (Nomotético e o Idiográfico), fundamentados na objetividade cientifica e no empirismo, respectivamente. A amplitude da discussão teórica do conceito de região é possível de ser observada não somente na ciência geográfica, mas como em diversos ramos das ciências, Heasbeart, apresenta uma vasta lista de teóricos que se propuseram a discutir o tema, e ainda sete significados de “região” segundo o dicionário Oxford, demonstrando assim, a polissemia existente. Pensar em região como “recortes” do espaço e do tempo, é pensar antes de tudo no processo de regionalização.

Retoma algumas raízes da geografia Tradicional, de forma sucinta, analisa Hettner ao falar de Hartshorne, que distinguem duas ciências corológicas: a astronomia e a geografia, esta última que tratava do ordenamento territorial, segundo Hettner. Depois apresenta-se a definição das “geografias” regional e geral, por Ptolomeu, diferindo-se a regional, por estar relacionada ao estudo dos lugares, e a geral da terra como todo. Segundo Hettner, três geógrafos tiveram importantes contribuições no debate sobre região, sendo eles: Paul Vidal de La Blache, Carl Sauer e Richard Hartshorne.

        Entre dois extremos de debates sobre região, Sauer defende um método morfológico e empírico, para a descrição da região. Contudo, Vidal de la Blache, é considerado o autor com mais versatilidade conceitual, sendo apontado uma releitura feita por Robic e Ozouf-Marignier(1995), sobre o pensamento vidaliano, apresentando nesta releitura três concepções de regiões: o primeiro, pautado num certo determinismo físico-natural; segundo, transição de região de bases naturais, para uma base meios humana; e a terceira, apresentando uma concepção mais econômica, implícita no através da construção da nodalidade. Evidencia, também que Vidal de La Blache, possuía um viés geopolítico em uma de suas obras, que fora enfatizada por Yves Lacoste.

        A ideia de morte e vida da região, é desde de seus primórdios presente nos estudos, como podemos constatar nesta obra, a região/regionalização possui uma trajetória de “morte” e “ressureições” que pode estar ligada a dinâmica de hegemonia da globalização e expansão capitalista, sendo mais um problema epistemológico do que um fato em si. Cita três momentos em que pode se constatar a “morte” conceitual da região: neopositivismo, marxismo e o “globalismo Moderno”, e em seguida delineia alguns motivos que direcionam também para a “ressureição”.

        Na visão neopositivista, em que ocorre a passagem da “diferenciação de áreas” para a “classificação de áreas”, ideia defendida por muitos teóricos desta corrente entre eles está Schaefer, que escreve um artigo se contrapondo à ideia de região Hartshorniana, reduzindo a região, à “tipos” ou “classes”, que segundo ele era clara a possibilidade de fazê-lo. Porém, muitos acreditam ser praticamente a morte da região quando se reduz de tal forma, a um instrumento metodológico, para a classificação tem-se então dois métodos, um indutivo (sintético) e outro dedutivo (analítico), ainda assim, a ressureição é se apresenta de certa forma no regionalismo funcional, na mesma corrente.

        A “morte e ressureição” na corrente marxista, perpassa pela crítica da geografia regional clássica francesa, Lacoste acusa Vidal de La Blache, pela formulação de um conceito obstáculo na geografia, em seu primeiro livro. Contudo, mais tarde, ao levar em consideração outro trabalho de la Blache, reconsidera sua crítica ao geografo francês. Enfatiza também, a ideia de homogeneização como um dos princípios para o “fim” da região, numa visão totalmente economicista, segundo o autor, pois, este fato não irá impedir que o pesquisador possa considerar a divisão social do trabalho um conceito de região. Heasbeart, destacou a importância de Gramisc, como um dos teóricos marxistas mais inovadores, afirmando que não se deve levar em consideração apenas o contexto político e econômico, mas também a questão simbólico-cultural.

        Outros marxistas tomaram outras leituras acerca do conceito de região, como Ann Markunsen, que admitiu um fenômeno regional, que optou por considerar apenas o regionalismo (luta social) e não a região como categoria de analise, e pela ambivalência existente nesta teoria, a região “ressuscita” novamente. No último modo de morte de região apresentado, o conceito de região é na verdade evolução da “morte” na concepção marxista, em que alguns teóricos enfatizam que a globalização faz parte do processo de “sociedade em rede”, uma dicotomia é o ponto de partida, fixação-fluidez e lentidão-rapidez.

        No “globalismo moderno”, surge uma nova perspectiva de que a regionalização possa ganhar novas formas de analise levando-se em conta outros fatores que estão ligados com o pensamento subjetivista. Daqui por diante, encontra-se algumas tentativas de ressureição do conceito de região das últimas décadas, com diversidades teórico-filosóficas, que são apresentadas no texto dividido em dois grupos, segundo o autor: “pós-estruturalismo”, não-representacional, ideia defendida por Nigel Thrift; e a teoria da (estrurtur)ação e materialismo histórico dialético. Surge aparece também a persctiva de “Biorregiões” e dos “ Estados-Regiões”.

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