Regional-Global: dilemas da região e da regionalização na geografia contemporânea - Região e regionalização: a trajetória de um debate

Texto: HAESBAERT, R. Regional-Global: dilemas da região e da regionalização na geografia contemporânea - Região e regionalização: a trajetória de um debate.

Num primeiro momento Rogerio Haesbaert, ressurge com discursões já abordadas em outros textos para embasar esse novo momento onde a questão regional está tão em foco devido à presença dos novos regionalismos e identidades regionais. É interessante observar a ordem cronológica das inúmeras aplicações da “Região” consequentemente variando seu conceito.

Na discussão sobre Região: conceito polissêmico é notório observar que as inúmeras definições do termo é um complicador para se entender seu real significado na Geografia, para provar isso o texto nos mostra a definição em um famoso dicionário e como seu conceito foi interpretado por alguns geógrafos renomados, vale ressaltar que no final o conceito de região estará sempre ligado a noção de porção de um território. A partir dessa discursão podemos observar a relação entre região como realidade empírica e como ferramenta de pesquisa, onde o território se torna o campo das práticas e a região o instrumento de pesquisa, isso está diretamente ligado ao significado do termo “região” que vem da raiz regere, que indica ‘comandar’.

Num segundo momento do texto, porém ainda no primeiro capítulo, vale atentar-se para a discussão sobre como esse conceito foi, em alguns períodos, extremamente valorizado para a compreensão do espaço geográfico e como também ele sofreu algumas desvalorizações, como por exemplo, Vidal de La Blache, que fundou o possibilismo, numa tentativa de opor a idéia de Friedrich Ratzel, que pregava o determinismo ambiental. Para Vidal, o conceito de região está associado às paisagens naturais, de forma que uma região existia no espaço independente da vontade humana, cabendo aos cientistas apenas identificá-las e expor suas características. Haesbaert mistura, assim, gregos, alemães, estadunidenses e franceses em diferentes momentos, em diferentes locais, com diferentes propostas. Todos, à sua maneira, são necessários para fomentar a discursão, ressaltando as particularidades que compreendem o conceito de região.

A morte e a vida da região, que é citada no texto, faz referência aos diversos acontecimentos que acabaram por declarar o fim do debate regional e da importância da região, ao mesmo tempo reacendeu a discussão novamente, como por exemplo, são tratadas as perspectivas neopositivista, onde a região era considerada como um instrumento metodológico e a marxista, onde alguns estudiosos atestam a morte da região sob o argumento de que o capitalismo homogeneizador transformaria o espaço geográfico mundial num espaço sem diferenciações, além de representar uma crítica a Geografia Regional clássica e o por último o que o autor denomina de globalismo pós-moderno que é dividido em pós-estruturalismo e perspectivas neomodernas.

Durante todo o texto é possível notar que há uma preocupação com o local e com o regional mesoescalar. Em sentido tradicional, a região é vista como posição intermediária entre grandes e pequenas escalas, mas também há a associação entre sociedade e natureza através das biorregiões. Também são revigorados os regionalismos pelos estudos de caráter de identidade, cultura e, em especial, econômico.

Quando afirmamos que a região é puramente como realidade empírica, implica dizer que a região está lá, como algo que estaria esperando por ser delimitado, e existe por si só, cabendo ao pesquisador apenas evidenciá-la, constatá-la, expressá-la. Por outro lado, um olhar radicalmente racionalista diria que a região é o resultado de estudos do pesquisador, algo particular e exclusivo dele próprio, independentemente da realidade material e, portanto, puro construto analítico.