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Identidades e Políticas coloniais: guaranis, índios infiéis, portugueses e espanhóis no Rio da Prata

Por:   •  17/10/2015  •  Resenha  •  1.194 Palavras (5 Páginas)  •  605 Visualizações

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No texto a historiadora Elisa Frühauf Garcia apresenta o esquema de relacionamentos existentes entre os principais personagens da história da região do Rio da Prata: portugueses, índios (guaranis e minuanos) e os espanhóis. Apresenta-nos uma imagem do índio divulgada recentemente através de estudos e mudanças nas teorias, deixando de lado características a eles atribuídas de submisso, frágil cujo papel em nossa história foi renegado. Segundo Maria Regina Celestino de Almeida em Os Índios na História do Brasil, os índios passaram dos “bastidores” ao “palco” da história do Brasil. No texto demonstra a estratégia aplicada por eles para poder tirar proveito das rivalidades entre portugueses e espanhóis, e sobretudo sobreviver ao processo de colonização. Neste esquema de relacionamentos onde sempre se busca ganhar, transparece um sentimento de desconfiança frequente entre todos os envolvidos presentes neste processo.

Fundamentando-se em estudos sobre a presença espanhola na região do Rio da Prata, Elisa Frühauf Garcia nos informa que existia uma intensa separação entre índios e espanhóis, ou seja, os índios deveriam viver segredados dos espanhóis. Não significando que estes não eram utilizados pelos espanhóis quando melhor conviesse. Havia naquele momento a presença de índios amigos (aldeados) e os inimigos (não submetidos). Os índios aldeados eram utilizados para ajudar na defesa das missões contra os portugueses ou índios inimigos. Os índios amigos dividiam-se por território ocupado sendo os minuanos aliados aos portugueses e os guaranis aos espanhóis. E sendo assim, estes índios herdavam dos europeus a disputa por territórios. A autora cita que aos índios, colonos e funcionários da coroa servia muito manter o imaginário de que alguns grupos de índios eram violentos. Tratava-se de uma fraude que ajudava e muito. No caso dos funcionários da coroa servia para manter deu lugar em prol da segurança do lugar, os colonos utilizavam esta fama para justificar atos de violência praticados por eles mesmos e os índios alimentavam esta mentira para manter seus territórios livres do avanço dos europeus. Artifício que demonstrava a capacidade do índio em preservar seu espaço que desmistifica a imagem de quem se submete a tudo e a todos.

Mesmo com o afastamento e a intensa segurança nas missões, isso não impedia a visita de índios não submetidos aos seus parentes. Desta forma criou-se uma desconfiança de que os índios que ali estavam passavam informações sigilosas sobre as ações dos colonizadores. Existiam também missioneiros que se associavam aos índios infiéis, muitas vezes fugindo das missões com a intenção de trabalhar para si mesmo.

Uma característica muito explorada pela autora foi a dissimulação do indígena, já que seu comportamento variava conforme sua conveniência. E isto ficou claro com o Tratado de Madri que ao ser oficializado definindo os territórios e a quem pertencia, os missioneiros buscaram aliança com os minuanos para obstruir o caminho dos demarcadores das terras. Com isso os minuanos ganhariam recompensas em troca. Mesmo com esta aliança os missioneiros não confiavam nos minuanos e como justificativa disso, a autora cita um caso ocorrido com um líder minuano Moreira, ele foi ter com os missioneiros pedindo carne, tabaco e erva-mate com o motivo de utilizar estes produtos como moeda de troca com os portugueses afim de ludibria-los. A desconfiança dos missioneiros tinha fundamento já que os minuanos foram procurar os portugueses e através de conversação com Gomes Freire, chefe da demarcação da fronteira sul, ao serem indagados por que estavam se aliando aos missioneiros, Moreira justificou que faziam por medo de retaliação e também por que precisavam das mercadorias que ganhavam, porém se os lusitanos oferecessem um lugar seguro eles prontamente abandonariam a breve aliança com os missioneiros. Evocava que os minuanos e portugueses eram aliados de longa data e que por isso tinham a preferência. Na verdade, tratava-se de um jogo de palavras sabiamente utilizado pelo líder dos minuanos, o Moreira. Com a justificativa apresentada aos portugueses, Moreira isentou os minuanos de culpa dando a entender que só permitiu isso para preservar a vida de seus compatriotas. Depois de algum tempo, o Tratado de Madri foi anulado e com ele também o processo de demarcação das terras. Tudo ficou como era antes. No entanto, o contato dos missioneiros com os minuanos continuou sem mágoas.

Algumas décadas depois, o cacique minuano Bartolomeu enviou carta ao governador interino do Continente de São Pedro, Rafael Pinto Bandeira pedindo retornar a território português. Na carta ele informa

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