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A Construção do Mito e Herói Lula no período de seu governo (2003-2010)

Por:   •  29/1/2017  •  Relatório de pesquisa  •  5.552 Palavras (23 Páginas)  •  244 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Ícaro Costa Moreira

Janaiane Maciel Soares

Larissa Angélica Oliveira Silva

Letícia Cristina da Silva Costa

Lucas Fábio de Gois Parente Araujo

Matheus Coelho Inocêncio

A CONSTRUÇÃO DO MITO E HERÓI LULA DURANTE SEU PERÍODO DE GOVERNO (2003 – 2010)

FORTALEZA

2017

1) INTRODUÇÃO

Tendo como base a perspectiva de Fernando Seffner sobre a construção da imagem do herói e seus diversos significados, produzimos a nossa pesquisa com o intuito de abordar as formas de construção das figuras heróicas e sua relação com o ensino de história.

Através de tais aparatos, conseguimos escolher Luíz Inácio “Lula” da Silva como exemplo de um herói com a imagem que ainda passa por um processo de construção, analisando a produção de memória em torno de sua imagem na perspectiva de construção heroica entre 2002 e 2010. É importante salientar que quando falamos da memória de Lula nós falamos de uma memória que está em disputa e ainda por ser construída. Por se tratar de um fato histórico recente, esta é uma memória ainda efervescente, que espera os próximos acontecimentos para ser construída.

Para compreendermos como se deu a construção da imagem de Lula e como sua figura se moldou para que assim ele pudesse se tornar um candidato exaltado pelo povo, consultamos produções cinematográficas, peças publicitárias e discursos oficiais.

2) DESENVOLVIMENTO

Para entendermos a construção do imaginário que permite dar origem ao mito é necessário, inicialmente, fazermos um exercício de questionamento e levantarmos perguntas como “o que é um herói?” ou “qual a relação entre falar sobre heróis e falar sobre o ensino de história?”. A partir de disto, é possível iniciar uma discussão sobre suas implicações. Realizando este exercício, é possível notar que falar sobre heróis é falar também sobre o ensino de história e como os fatos são contados em sala de aula. Ora, para compreendermos os marcos nos tempos e analisar os mecanismos da sociedade, é preciso ver também quem são os sujeitos que participam de tal engrenagem. É a partir deste grupo, o de sujeitos, onde irão surgir os heróis. O fragmento de Mitos e Heróis: construção de imaginário, que foi utilizado como texto base para desenvolver as análises acerca do tema do trabalho, traz questões fundamentais para entendermos sobre mitos, heróis e ensino de história e foi de extrema importância para desenvolver a nossa pesquisa.

Após levantarmos as questões sugeridas anteriormente, o segundo passo é partirmos para as definições. Fernando Seffner fala sobre isso. Para explicar as definições ele usa como base o dicionário Aurélio que traz os significados para o verbete herói. Segundo a análise de Seffner, os conceitos de herói apresentados no dicionário possuem 4 eixos. O primeiro eixo fala de herói que é homem, ou seja, inclui somente o grupo de figura masculina. Fala-se também de praticar atos guerreiros, logo, o sujeito é dito herói porque os pratica. Em último lugar, o indivíduo é digno de heroísmo se realiza gestos que revelam sua bondade e generosidade, ou seja, pratica atos magnânimos. O segundo eixo revela uma definição mais includente, pois relaciona o herói à “pessoa que está no centro das atenções”. Desta maneira, podem-se acrescentar outros grupos como crianças e mulheres, ao contrário do primeiro eixo que traz um significado excludente. Ainda neste eixo, podemos ver outro sinal de ampliação do sentido de herói, pois fala de um sujeito que é o centro das atenções mas não especifica uma razão. Portanto, podemos notar que o indivíduo poderia chegar a grandeza de ser considerado um herói por qualquer motivo e que ele pode também fazer parte de qualquer grupo e estar em uma posição inferior nas classes sociais. O terceiro e o quarto eixo falam de um herói que é protagonista de uma obra literária ou um semideus. Analisando todos os diferentes significados, ficam claro que eles se dividem em duas categorias, os dois primeiros eixos se encaixam ao aspecto realista e os dois segundos se incluem em um aspecto ficcional ou mitológico.

A princípio, há a possibilidade de diferenciarmos o herói de carne e osso de um herói mitológico ou ficcional. Em alguns casos, é possível que consigamos apontar suas diferenças facilmente. No entanto, isto não é uma regra. Embora seja possível diferenciar os aspectos, Fernando Seffner nos diz que nem sempre conseguimos distinguir os heróis. É necessário partir para os exemplos para explicarmos essa questão. Hércules claramente representa um herói mitológico, assim como Ana Terra é um exemplo de heroína criada em uma obra literária. Para representar um herói histórico temos Tiradentes. Podemos facilmente encaixar esses três exemplos em categorias diferentes. No entanto, quando falamos da maneira como as suas respectivas narrativas são construídas, percebemos a dificuldade na distinção, como assim aponta Seffner. Como exemplo de tal complicação temos a figura de Tiradentes. O autor nos fala que “somos obrigados a reconhecer que o Tiradentes dos livros didáticos, de muitos paradidáticos e de muitos outros livros “para adultos”, é amplamente ficcional” (SEFFNER, 1998, p. 196). Ele chega a tal conclusão através da análise da imagem de Tiradentes. Seus traços semelhantes a Jesus Cristo, atos e palavras exagerados e dados construídos com palavras típicas de uma religião nos mostra que a narrativa acerca de Tiradentes foi enriquecida por elementos religiosos e, portanto, é considerada, além de histórica, mas também literária.

Essa proximidade entre ficção e história nos revela uma fronteira, onde temos a relação entre história e literatura. Durante o Renascimento, tais áreas eram campos próximos de conhecimento. “... na ausência de uma metodologia de trabalho do historiador, o “jeito” de contar a história era sempre como relato das aventuras dos povos, nações ou heróis.” (SEFFNER, 1998, p. 197). Desta maneira, para esta lacuna de aparatos havia uma saída, a narração da história em uma expressão similar à literatura. A partir do Iluminismo, o cenário se altera. Novas técnicas e teorias foram desenvolvidas. Surgiram escolas de pensamentos voltadas para as complexidades das relações sociais e descobertas de estruturas econômicas, políticas e ideológicas. Foi neste contexto onde a história começa a ser construída como uma disciplina isolada. Através de todos esses aprimoramentos da história, foi possível enquadrar historicamente a figura do herói. Deste modo, é possível evitar exageros como, por exemplo, que o herói fez tudo sozinho, pois é necessário reconhecer que há outros sujeitos que também participam da narrativa de um herói.

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