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A Fotografia Como Conteúdo em Sala de Aula

Por:   •  21/4/2015  •  Artigo  •  3.069 Palavras (13 Páginas)  •  184 Visualizações

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 Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP[pic 2]

Campus de Jacarezinho                                 

Curso de Licenciatura em História - 2º Ano: 2014

Disciplina: Metodologia do Ensino em História

Docente: Professora Taíse F. C. Nishikawa

DO MICRO AO MACRO:

APRENDIZADO ABRANGENTE ATRAVÉS DA FOTO

Eduardo Marinho Bueno

RESUMO

O objetivo é mostrar como a fotografia, além de ser uma fonte histórica amplamente utilizada pelo historiador em trabalhos acadêmicos, é um material importante no desenvolvimento de uma aula, da mesma maneira que os documentos históricos mais “tradicionais” podem servir como conteúdo. Foi feita a análise de uma foto de 1888 e, a partir dela, avaliar os conceitos de progresso e “desbravamento” no Brasil no fim do século XIX até 1930 abordando o no Norte Pioneiro do Paraná, mais especificamente a cidade de Jacarezinho.

1. DOCUMENTO COMO CONTEÚDO

        Já faz algum tempo que o ensino de história vem sofrendo mudanças de modo que a forma tradicional, baseada na simples memorização textual, seja gradativamente substituída por didáticas mais eficazes, mais objetivas quanto a necessidade produzir a verdadeira consciência histórica. Entre os diversos recursos utilizados, o uso do conhecimento prévio mostra-se eficiente na tarefa de facilitar o entendimento do conteúdo. Tornou-se a ligação necessária para a compreensão os novos conceitos apresentados mediante a conciliação das “visões”, quando esta nova forma de avaliar a realidade é devidamente assimilada, Quando devidamente assimilada,  a nova forma de  avaliar favorece  o raciocínio e a análise crítica,  amplia

sensivelmente as interpretações, possibilitando o avanço a conteúdos mais complexos.        

As fontes históricas, além de base para os historiadores na produção de obras historiográficas, são um material eficiente como conteúdo de aula, pois possibilita, mais facilmente, a relação entre estes conceitos prévios com os novos. Existe uma variedade dela disponíveis, documentações escritas são equivocadamente consideradas, pela antiga tradição historicista, as mais confiáveis, entretanto existem outras fontes como fotos, filmes, gravações, construções, etc.[1]  Todas elas revelam, em maior ou menor qualidade ou quantidade, informações que podem ser importantes se considerarmos o contexto de sua produção. Na apresentação de qualquer uma delas, deve-se manter olhar criterioso, fazer um destrinchamento, uma identificação coerente da fonte, “um trabalho que passa por várias fases e, pode ser considerado, um primeiro olhar crítico sobre o documento”. [2]

Ao lançar a problematização, aliada à historiografia e ao trabalho com documentos, permite-se ao aluno a compreensão da construção do conhecimento histórico. Problematizar o conhecimento histórico:

 “...significa partir do pressuposto de que ensinar história é construir um diálogo entre o presente e o passado, e não reproduzir conhecimentos neutros e acabados sobre fatos que ocorreram em outras sociedades e outras épocas”.[3]

        Se a fonte usada tiver alguma identificação, uma maior proximidade com as relações históricas predominantemente locais, melhor fica o processo de aprendizagem, pois mesmo que indiretamente, torna analise mais interessante pela situação mais presente dos acontecimentos. Isto acontece quando no uso de uma foto dos avós, da certidão de batismo de algum descendente o do filme ou documentário antigo da cidade. Estudar a região em que se encontra, tornam as possibilidades dessas identificações maiores se compararmos a mesmas chances que se poderia ter, por causa distância cultural, territorial e temporal, utilizando a História da Grécia Antiga.

2. CONFUSÕES ANACRÔNICAS NA ANÁLISE DE UMA FOTOGRAFIA

Para uma aula na qual o conteúdo possa despertar maior interesse, a fotografia tem melhores atrativos por ser a imagem, de uma forma geral, mais contundente, de melhor aceitação por assim dizer. As relações de afinidades mencionadas são facilitadas, principalmente no trabalho em grupo.

O uso da fotografia na sociedade se tornou um dos fundamentos de nossa produção cultural, um dos mais usados e populares registros. Neste início de século é amplamente veiculado nos meios de comunicação, dentre elas a mais globalizada de todas, a internet onde é altamente banalizada. Seu uso excessivo só veio complicar o entendimento, de um aluno e da maioria em geral, da “leitura” correta da foto dentro do contexto histórico em que foi produzida. Todas as fotos, de todas as épocas, sem exceção, levam implicitamente informações de seu período, marcas indeléveis da cultura em que foi feita. Por esse motivo que não podem ser relacionadas com os conceitos que temos dos objetivos representativos modernos como os selfies, por exemplo, embora até mesmo os selfies tem suas representações e devem ser seriamente consideradas. Mas em consequência da produção doentia causada pela facilidade de acessar a tecnologia para produzi-las, seus significados passam despercebidos.

Quando se analisa uma produção fotográfica do século XIX, deve-se deixar claro que fotografar era algo que somente fotógrafos faziam, a máquina fotográfica era um equipamento caro, as revelações eram rudimentares e complicadas. Não existia a mesma facilidade de hoje onde a digitalização e armazenamento das imagens são quase ilimitados. Com a facilidade em registrar uma quantidade que chega a milhares de poses, não há a preocupação de se pensar e estudar criteriosamente a fundo o momento de tira-las, cria-se a ilusão de falta intencionalidade e aleatoriedade, típico das sensações e pensamento modernos. O mesmo ocorre ao interessado, mas não preparado, que queira analisar a produção fotográfica de outro século em que, com tantas limitações técnicas, fica óbvio que não se fazia uma fotografia sem antes ter uma intenção bem deliberada.

Para Kossoy são necessários três elementos para realização da foto, o assunto, o fotógrafo e a tecnologia. Vamos, neste caso, considerar a produção do fotógrafo ao defini-lo como filtro cultural:

“...a preocupação na organização visual dos detalhes que compõem o assunto, bem como a exploração dos recursos oferecidos pela tecnologia: todos são fatores que influirão decisivamente no resultado final e configuram a atuação do fotógrafo enquanto filtro cultural.[4]

        Não podemos simplesmente vê-la por ela só, um registro inerte de um momento no tempo. Quem, quando, onde e porque todos estes fatores influenciam em sua “construção”, as significações presentes estão enrustidas. Por isso, uma única foto já é um material com certa complexidade no desenvolvimento de uma aula. Circe Bitencourt considera o uso de uma série de fotos recomendável apenas para historiadores, mas não aconselhável em uma proposta pedagógica[5].

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