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A Fábula das Três Raças, ou o Problema do Racismo à Brasileira

Por:   •  2/5/2019  •  Resenha  •  658 Palavras (3 Páginas)  •  431 Visualizações

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DAMATTA, Roberto. Digressão: A Fábula das Três Raças, ou o Problema do Racismo à Brasileira. In: Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro, Rocco. 1987.

Gilderlane Reis Sousa Moreira[1] 

O autor discute o racismo no cenário brasileiro através da presente fábula com questões de ideologias sociais e valores. Numa realidade muito interna, apresentando o termo racismo à brasileira, Damatta observa sistematicamente as hierarquias sociais como algo concreto e cada um com lugar demarcado.

A partir de indagações que persistem desde a escola primária, onde foi criada uma errônea identidade ideológica, chega-se às raças formadoras do Brasil, a preguiça do índio, a melancolia do negro e a estupidez do branco lusitano, como fatores responsáveis pelo atraso econômico social, indigência cultural e autoritarismo político, ao mesmo tempo em que tece uma imagem do antropólogo social a partir do imaginário brasileiro, de  elementos que o caracteriza, e seu lugar de atuação.

A importância da fábula é afirmada pela junção cultural do popular e do erudito, por sua profundidade histórica. Demonstra sistematicamente como a miscigenação através do negro, branco e do índio - formadores da nossa identidade social - se deu de diferentes formas na construção da sociedade de outros países, inclusive nos Estados Unidos, onde era algo altamente localizado. No brasil, o sistema que originou o direito à exploração e escravização, hierarquizado e justificado na religião, assim como na própria Igreja Católica através da relação entre superiores e inferiores, iniciou com a colonização portuguesa, onde se exploravam pessoas e tudo o que existia ao seu redor, num interesse inteiramente comercial sustentado por essa fé e pelo império.

Portugal e Brasil durante essa relação sucessiva de dominador e dominado, representavam um tipo de hierarquia que o autor chama de hierarquia moderna. Ela era profundamente regida por leis nas quais cabiam até mesmo regras sobre a igualdade das formas nominais de tratamento, ratificando que os direitos e deveres não eram iguais para todos, pois as próprias leis encarregavam-se de dar nome e lugar a cada pessoa, formando um esquema de categorias sociais. Isso se tornou o pilar da sustentação da ideologia em questão.

A independência também exerceu o seu papel significativo nesse contexto ideológico, pois provocou uma reorganização estrutural hierárquica. O Movimento Abolicionista e a Proclamação da República configuram o marco histórico da crise que abalou tal estrutura. Surge uma ideologia complexa, dada através do racismo originado no século XVIII, durante a Revolução Francesa, e se intensificou no século XIX, onde era marcante a opinião determinista contrária a miscigenação devido a traços biológicos intrínsecos. A raça branca era considerada dominante e superior frente as demais que eram tidas como intermediárias. Essa consideração foi esquematizada por Gobineau. Matta pontua que não foram discutidas todas as formas de determinismos raciais, mas ainda assim, foram ainda mais debatidos que o determinismo geográfico, e que o racismo predominante nesse esquema gradativo citado anteriormente, abria a discussão das dinâmicas sociais em sua profunda desigualdade, diferenciando-as da americana.

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