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A MISTURA RELIGIOSA COLONIAL. ASPECTOS QUE RESULTOU EM BRASIL.

Por:   •  2/3/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.457 Palavras (10 Páginas)  •  559 Visualizações

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A MISTURA RELIGIOSA COLONIAL. ASPECTOS QUE RESULTOU EM BRASIL.

Resumo a partir do texto cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu, de Luiz Mott.

O texto de Luiz Mott “Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu” é o quarto capítulo do livro “História da vida privada no Brasil (volume I)” que faz parte da coleção “História da vida privada no Brasil”, coleção esta que é dividida em quatro volumes, o primeiro deles trata das questões do cotidiano e os aspectos da vida privada durante os tempos de América Portuguesa. E tratando das questões do cotidiano e vida privada, dos costumes e hábitos, é de importância analisar as religiosidades do período. O texto de Luiz Mott possui essa finalidade; ele busca entender como eram manifestadas as religiões em um tempo, tempo este onde tudo se “misturava” no aprendizado do desconhecido e, tanto em questões de sentimentos, de vivência ou convivência. Acabava por a religião também fazer parte dessa grande mistura. Mott começa o seu trabalho tratando dos aspectos públicos e privados da religião, principalmente da católica; as manifestações religiosas em busca de se alcançar os privilégios do Reino dos Céus durante a América portuguesa estavam presentes de forma publica (a litugia), onde os fiéis eram participantes assíduos das cerimonias sacras e dos sacramentos, e também na privada (o comtemplatio), onde a fé era exercitada de forma individual, longe de multidões.

As reuniões públicas de exercício da fé tinham uma importância além de somente cuidar da alma, uma vez que elas serviam também como forma de controle social da igreja; durante o período correspondente a América Portuguesa, havia inúmeras obrigações que os fiéis cristãos deveriam cumprir que era ir a missa em todos os domingos, guardar todos os inúmeros dias santos, a indispensável frequência dos sacramentos, além da posse obrigatória da desobriga pascal, que nada mais era do que um atestado em que o portador havia comungado ao menos uma vez por conta da Pascoa da Ressureição.

Além das obrigações, todo bom católico deveria cultivar a vida espiritual não só seguindo os mandamentos e a obrigação pascal, deveria também ser fervoroso na fé dentro de suas casas, cumprindo vários ritos, fazendo sempre orações, preces, jaculatórias e atos de amor a Deus. Deveria também o católico, participar das cerimônias públicas que acontecessem tanto dentro como fora do templo, participar de procissões e das celebrações da Semana Santa, novenas, romarias, etc. Esses acontecimentos públicos eram a herança religiosa que a colônia receberá de Portugal, porém com ressalvas, uma vez que a colônia não poderia, por exemplo, ter celebrações ou rituais públicos ao ar livre devido muitas vezes por falta de condições do local, já que as ruas ou o que deveriam ser as praças não passavam apenas de lugares de poeira nos tempos de seca ou de lamaçal em tempos de chuva. Assim, as cerimônias de céu aberto na colônia não aconteciam ao ar livre, mas sim dentro dos templos. E na colônia havia um novo problema: as diferenças socioeconômicas eram distintas, diferente de Portugal; os cultos religiosos públicos era na Colônia, situação de desconforto, uma vez que a elite europeia procurava sempre manter distancia da gentalha de cor. Esse desconforto acabou por resultar em muitos da elite construindo próximos à suas casas, suas capelas ou oratórios particulares. Isto fazia com que os templos ficassem quase que vazios, já que cada um tinha seu local próprio para as rezas. Além dos templos vazios, a frequência com que se participava da vida religiosa coletiva na colônia também era diminuta em relação às praticas da Metrópole e isso resultava em uma população pouco preocupada com as praticas religiosas comunitárias, sendo que muitos colonos, por exemplo, passavam anos sem que vissem um sacerdote.

A oração, considerada o alicerce que sustentava a vida espiritual, era um ato comum ao amanhecer e ao se deitar, ou entre um sono e outro, quase sempre de suplica a Deus para que ele remediasse as necessidades daquele que pedia. Freiras, frades e os fervorosos cristãos pertencentes à alguma irmandade ou confraria rezavam as horas canônicas, onde o dia era dividido em oito principais horas iniciados à meia noite e terminados as oito da noite; se essas horas não fossem respeitas, pelo menos as três principais horas litúrgicas que eram as seis da manhã, ao meio-dia, às seis da tarde, horas estas que sempre estavam marcadas pelo badalar dos sinos afim de avisar que aquele momento era ideal para a prece. Nas casas o exercício da religiosidade privada era o lugar ideal, tanto que muitas delas eram “marcadas” pelas cruzes pregadas sobre as portas de entrada, pelos mastros de santos dos quais eram devotos e pela grande quantidade de imagens, quadros ou amuletos dos santos, todos estes distribuídos sobre algum altar particular dentro das casas, tornando o mesmo, um lugar sagrado. A vida privada na colônia, assim como era na metrópole estava cercada se simbolismos de fé, como forma até de fazê-los não se esquecer da presença de Deus e das preces devidas a ele. Muitas das orações feitas eram quase sempre decoradas; e eles se dedicavam em sabê-las uma vez que uma das provas pedidas pelo Santo Ofício da Santa Inquisição era que recitassem as orações e também os mandamentos da Lei de Deus e também os cinco da Lei da Igreja.

Nas casas eram comuns os oratórios, alguns pequenos, porém na casa de famílias mais abastadas um quarto inteiro dedicado aos santos não era raro. Além das imagens bentas de santos, algumas relíquias verdadeiras, além de alguns talismãs tolerados pela igreja também se encontravam nesses locais. Só que a presença desses objetos de devoção por vezes fazia os devotos fugirem das regras da Santa Igreja, alguns exercendo sem direito o papel de vigário, celebrando sua própria missa em sua capela particular, e outros se sentindo no direito de pregar castigos aos santos, caso esses não escutassem, ou então para agilizar o cumprimento de suas preces.

A oração não era completa por si só; a penitência lhe proporcionava a peça complementar que lhe faltava. O colono católico acreditava que sem obras a fé de nada valia, por isso a pratica de mortificações, o ato de flagelação em detrimento do corpo para se alcançar a purificação da alma acontecia tanto no âmbito publico, como no privado, tanto pelos colonos comuns, como também pelos religiosos. As praticas religiosas durante o período colonial estavam sempre ligadas à uma forte emoção e devoção, que muitas vezes de tão forte, se transformava em certa obcessão, marcada por infinitas praticas de orações à seus santos protetores,

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