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A dimensão retórica da historiografia - Durval Muniz

Por:   •  22/10/2019  •  Ensaio  •  1.213 Palavras (5 Páginas)  •  208 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

      GIOVANA RODRIGUES ALVES

ENSAIO DE TEXTO:

     A DIMENSÃO RETÓRICA DA HISTORIOGRAFIA

      Ensaio de texto apresentado à Profª Drª. Regina B. Guimarães Neto, da disciplina de Historiografia, do curso de História da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, como requisito parcial para a nota referente à 1 unidade.

Texto base: ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. A dimensão retórica da historiografia. Editora Contexto, São Paulo, 2009. pp. 223-249.

                Por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, [os artefatos ou as máquinas] por trás dos escritos aparentemente mais insípidos e as instituições aparentemente mais desligadas daqueles que as criaram, são os homens que a história quer capturar. Quem não conseguir isso será apenas, no máximo, um serviçal da erudição. Já o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça.[1]

A priori, é necessário partir do pressuposto de que não há uma entidade chamada “A história”, o que há é o historiador com a ferramenta história que busca através da interdisciplinaridade fundamentar suas teses através de fontes. Nesse processo deve-se haver uma regulação metódica através da dúvida, do questionamento às fontes, da contextualização, para chegar-se o mais próximo possível da “verdade”, que mais uma vez, nada mais é que uma certeza incerta.  

No livro “A escrita da história”[2], Michel de Certau aborda a ideia de que a história é escrita: é uma ação, uma narração e, portanto, o saber atual é limitado às sociedades que possuíam os meios de produção da escrita. Por exemplo, hoje conhece-se a história da chegada dos portugueses à Nova Terra pela perspectiva do colonizador, da expansão ultramarina mercantilista em detrimento dos nativos que já habitavam o território, mas dificilmente têm-se acesso a um conteúdo de narração do período que conte a chegada do homem branco nas terras indígenas escritas pelas mãos dos nativos, já que os detentores e difusores da escrita de forma alfabética eram os europeus que invadiram e impeliram sua cultura nos povos já existentes ali.

Nesse contexto, o lugar do historiador é exercer papel de crítica diante das dificuldades de compreender a história por meio de vestígios humanos no tempo. O autor de um texto sempre vai ser defensor de uma ideologia, um posicionamento sobre certo assunto, alterando, mesmo que imperceptivelmente a perspectiva de um fato, sendo esse o momento de atuação do historiador, que deve ter olhos e dúvidas para o autor, as personagens e os fatos. Sendo todos e cada um desses passíveis de diferentes perspectivas, somando e contradizendo uns aos outros, dependendo do autor das fontes.  

A história é repleta de fluxos e ondas de acontecimentos múltiplos e não necessariamente causais, e sim complementares, que se entrelaçam, atrapalham e criam novos resultados. Não é linear e muito mais complexa que uma classificação de fatores do passado como verídicos ou não. A história, como outros domínios da ciência, não é postulada. É preciso ser buscada, comprovada e é passível de mudança e análise. O poder do historiador é a significação ao longo das eras. Ele investiga através de uma operação intelectual, seguindo sinais que constroem uma “verdade”, dentro de um campo metodológico empírico. 

Ao analisar o papel dos historiadores na Antiguidade, por exemplo, é possível compreender que eles pretendiam prender a atenção do público por meio da descrição, encenação, criação de diálogos para tornar palpável, quase como em um teatro, os acontecimentos, ensinamentos e virtudes do passado. Não obstante, esses mesmos historiadores, majoritariamente, faziam parte de uma elite política, utilizando dos seus discursos para bajular aqueles que ocupavam cargos importantes na sociedade. Ademais, no Regime Moderno de historicidade, a escrita dos historiadores perdeu a função retórico-poética e passou a buscar afirmar um caráter realista, sendo tidos como testemunhos verdadeiros sobre os eventos. Nessa perspectiva corria-se o risco de confundir equivocadamente o documento, o evento e a História. O pensamento positivista, importante na afirmação da História como ciência, tornou-se obsoleto por não distinguir as narrativas dos momentos históricos em que foram feitos. Faltava o caráter crítico de análise dos diversos interesses ideológicos na historicidade.

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