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A formação da identidade colonial inglesa

Por:   •  3/5/2015  •  Resenha  •  1.362 Palavras (6 Páginas)  •  2.488 Visualizações

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Resenha

GREENE, Jack P. “Reformulando a identidade inglesa na América britânica colonial: adaptação cultural e experiência provincial na construção de identidades corporativas”. Almanack Braziliense, n° 4, novembro 2006, p. 05-36.

A formação da identidade colonial inglesa

        Nessa obra, Jack Greene revela as conclusões a que chegou, em seu estudo sobre as transformações de partes do território indígena americano em uma América Europeia. Para tanto, o autor lança mão de um olhar crítico e criterioso sobre a História das Américas e desafia os contornos da historiografia tradicional.

        Jack Greene inicia enfatizando a importância da emigração de pessoas para fora da Europa, que teve início na era moderna. As doenças disseminadas pelos europeus alteraram a paisagem humana no cenário indígena, e a ganância pelo ouro daqueles, tornaram esses subalternos obrigados a trabalharem nas lavouras, áreas de criação e de minas. Apesar de um pequeno número de imigrantes é inegável a importância da presença de tais imigrantes. A expansão comercial e o desenvolvimento industrial despontaram na segunda metade do século XIX, tornando a Europa a soberana política e econômica.

        Greene salienta a atenção dos historiadores no mundo Atlântico e afirma que sua especialidade se volta apenas a uma pequena parte da bacia atlântica, conhecida como “os primórdios da América Colonial”, termo por ele considerado um tanto quanto imperialista.

        Apesar do termo América colonial britânica, é sabido que nenhuma entidade é composta exclusivamente pelo povo da nação a qual está envolvido. O autor parte do pressuposto que deve haver um lugar para todos os povos envolvidos na transformação da América mas que sua visão não exime os vários anglo centrismos que frequentemente caracterizaram as versões do passado colonial da América e enfatiza as enormes diferenças de poder pertencentes aos primórdios do contexto colonial moderno, reforçando a necessidade do que os historiadores dos Annales chamavam de História Total.

        Vale ressaltar que o historicismo buscou dar ênfase na investigação histórica das entidades mais poderosas. Embora não declare isso diretamente, Greene faz uma clara menção e crítica a percepção histórica dos vencedores, como se somente esses fossem merecedores de uma investigação e ressalta que os literários, com seus estudos pós-coloniais, foram os mais responsáveis por elucidarem as profundas discrepâncias de poder inerentes aos contextos coloniais.

        Greene afirma que os colonizadores também desempenhavam a função de colonizados e que as repúblicas indígenas existiam paralelamente às repúblicas dos espanhóis. Na prática, havia um espaço de negociação de poder que muitos senhores consideravam aconselhável praticar.

        Conforme a leitura, podemos perceber a dificuldade de Greene em estabelecer uma identidade corporativa das colônias, que era seu desejo, em virtude da falta de interesse dos próprios historiadores em refletir sobre tais questões, o qual denominam “perfumaria”, preferindo os aspectos políticos, econômicos, intelectuais e sociais.

        Em seu trabalho de identificar uma identidade de quatro colônias britânicas, Greene observa muitas caraterísticas em comum entre elas, mas não a presença de um caráter identitário único.

        Dando prosseguimento à sua pesquisa, o autor identifica três fases na criação das identidades corporativas coloniais.

        Na primeira fase, a literatura se apegava nas delimitações do espaço físico que seriam utilizados pela colônia. Relatórios de viagem, obras históricas que por vezes alertavam dos perigos de se investir na colônia. Quanto mais tempo a colônia demorava a se desenvolver, mais tempo demorava essa fase.

        A segunda fase voltou-se para as mudanças sociais, econômicas, culturais e políticas promovidas pelos povoadores.

        No terceiro estágio, a ênfase se deu para a emergência da identidade da colônia e suas populações.

        Pensando a partir da teoria de grupo referencial, Greene estabelece os modelos normativo e comparativo. O normativo fornece padrões a partir dos quais as conquistas culturais podem ser mensuradas e os desenvolvimentos sociais avaliados. Já o comparativo, como o próprio nome diz, fornece informações de populações com costumes tidos como exóticos, grosseiros ou pouco civilizados.

        Quando o desejo de independência generalizou-se, a união entre as colônias era pouco mais que um meio para um fim. A identidade colonial compartilhada coexistia com as identidades provinciais. Curiosamente, quando os colonos abandonaram seu vínculo formal com a Grã-Bretanha, em vez de abrir mão de sua identidade britânica, eles a reafirmaram.

        A sucessão de governos fracos, submissos aos estados e bastante distante da vida das pessoas foi insuficiente para gerar uma identidade forte coletiva para desafiar as identidades dos diferentes estados.

        Greene afirma que o processo colonial não foi interrompido com a criação dos Estados Unidos. Ao invés, a expansão nacional representou uma verdadeira expansão colonial, sendo a maior parte da iniciativa nas mãos dos povoadores.

        O autor reconhece que a história americana poderia ser muito mais rica se fosse estabelecida através do reconhecimento da história individual de seus estados.

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