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A poesia e o ensino de História

Por:   •  18/3/2016  •  Artigo  •  3.280 Palavras (14 Páginas)  •  245 Visualizações

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A poesia e o ensino de história

A palavra “História” tem origem na Grécia e significa investigação, seu surgimento nasce da necessidade que a humanidade teve de explicar a sua própria origem, a sua própria vida; logo ela é tão fundamental para a compreensão da origem humana quanto para a manutenção e reflexão de nossos próximos passos.

É através da história que o ser humano ganha consciência de seu papel enquanto ser social, enquanto ser transformador. Antagonicamente ao seu real significado, a história é utilizada como ferramenta ideológica e política para a fortificação do poder e para a conformação social.

No Brasil, a história como ferramenta conformativa-política se torna evidente com a instalação da mesma enquanto disciplina escolar que veio com a Independência, em 1822. O pensamento que regia o estímulo e a importância do ensino de história se baseava na formação do cidadão obediente às leis, amante da pátria e consciente da unidade nacional. Foi por esse motivo que existiu uma preocupação enorme com a difusão da educação escolar para todas as camadas da sociedade.

Essa característica do ensino da história se estende, direta ou indiretamente até os dias atuais. Com diversas mudanças e diversos tapa-olhos, é claro. Atualmente existe uma preocupação muito maior com uma história dinâmica, participativa e crítica. Mas crítica para quem? Percebe-se que apesar do discurso igualitário existente em torno da história escolar, não se existe em igual proporção a manutenção de uma igualdade crítica.

A hierarquia contínua do saber ainda se faz presente tanto nos níveis de educação quanto na função que cada pessoa representa. Esse fato se torna claro quando

observamos a dicotomia ainda existente na conceituação e atuação do ensino médio/ensino superior e do educador/educando.

Muitos professores acreditam que o conhecimento deve se restringir ao âmbito acadêmico, não acreditam que se possa produzir nos ensino fundamental e médio, se isolando cada vez mais em seus espaços formativos.

Voltamos à pergunta já feita anteriormente: como construir uma história cidadã numa cidade sem cidadãos? Certamente, não é isolando o rico conhecimento produzido nas Universidades em pequenas confrarias, que se contribuirá em alguma medida nessa direção. Isso implica que se deve dispor a um diálogo que não despreze o conhecimento acadêmico, mas que não o considere a quintessência da própria existência e esteja aberto a ouvir para além de falar. Em caso contrário, podemos ficar no interior de nossas cátedras, lançando anátemas contra os demais construtores da cultura histórica e lastimando o fato de não sermos ouvidos por um público mais amplo. Mas, como poderíamos fazê-lo se, muitas vezes, não estamos dispostos a isso? (PESSOA, 2012, p.156)

Um dos passos primordiais para o real avanço do ensino de história é o fim da segunda dicotomia citada entre educadores/educandos. Não existe a interação necessária entre educador e educando, pois este último não é visto como agente ativo no processo de educação.

A função atribuída ao estudante, independente da faixa etária, é apenas absorver, ou em termos reais, decorar conteúdo.

O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como processos de busca. (FREIRE, 2011, p.81)

Esse aspecto educacional desperta cada vez mais o sentimento de indiferença presente nos ambientes escolares. Por mais óbvio e simultaneamente surpreendedor que pareça, a última preocupação das escolas é com o estudante em si, não os ouvem, não se importam com suas angústias, suas dúvidas e problemas, assim como não se interessam por suas ideais nem pela capacidade criativa presente em cada criança, em cada adolescente.

Como consequência, os estudantes se fazem menos interessados, menos dedicados; têm em si um desprezo pelos educadores; não encontram na escola nenhum estímulo, nenhum sentido, isso não ocorre somente por conta do desinteresse dos estudantes; ocorre simplesmente porque a escola contemporânea não tem a característica libertadora que apresentam os livros, os artigos, e os conceitos.

É justamente o fato de funcionar fora da práxis, fora da busca, da interatividade, da igualdade e da compreensão mútua que gera a decadência na nossa educação contemporânea a qual Paulo (2011) designa como “educação bancária”,

Precisamente por não se enxergar o estudante como sujeito ativo no processo educacional é que o educador não consegue adaptar o conhecimento científico ao cotidiano dos estudantes. É por esse motivo que a educação se torna, por vezes, cansativa e monótona.

Falar da realidade como algo parado, estático, compartimentado e bem-comportado, quando não falar ou dissertar sobre algo completamente alheio à experiência existencial dos educandos, vem sendo, realmente, a suprema inquietação desta educação. A sua irrefreada ânsia. Nela, o educador aparece como seu indiscutível agente, como seu real sujeito, cuja tarefa indeclinável é “encher” os educandos dos conteúdos de narração. Conteúdos que são retalhos da realidade desconectados da totalidade em que se engendram e em cuja visão ganhariam significação. (FREIRE, 2011, p.79-80).

Esse modelo educacional não é pensado, proposto e praticado à toa, há muitos motivos que fazem com que a nossa educação seja bancária e o principal deles é que é perigoso pensar por si só.

Se a educação funcionasse de acordo com a sua real atribuição, a de despertar no ser humano seu senso crítico, certamente a desigualdade e os diversos problemas sociais seriam minimizados; pois quando o homem tem consciência de seu papel histórico, ele consequentemente se vê enquanto ser transformador e começa a conciliar seu conhecimento teórico com sua ação transformadora.

Obviamente, quem está no poder jamais vai querer despertar nos oprimidos o sentimento de revolta, de justiça e inconformação. É justamente em contrapartida a esse sistema que o educador que teoricamente tem a consciência da importância da educação como papel transformador deve perceber o estudante enquanto um ser tão capaz de melhorar o mundo quanto ele.

Cabe assim a quem “ensina” encontrar novos métodos e materiais de ensino para facilitar o processo de aprendizagem, se importando sempre

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