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Antropologia - caminhoneiros

Por:   •  29/4/2016  •  Projeto de pesquisa  •  2.110 Palavras (9 Páginas)  •  196 Visualizações

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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Instituto de Ciências Humanas e Sociais

Departamento de História e Relações Internacionais

Antropologia Social

Trajetórias e Memórias de Caminhoneiros

A realidade enfrentada pelos estradeiros

Yngrid Freitas – 2014260395

Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2015.

O presente trabalho tem por objetivo desconstruir esterotipos e mostrar suas trajetórias dentro do convívio familiar dos caminhoneiros, tentaremos compreender os valores que são designados à  eles dentro e fora de seu contexto social. A ausência familiar, solidão e os mais diversos obstáculos enfrentados por eles os tornam profissionais de grande valor e importancia, porém, de pouco valorização no país. Para que se tornasse possivel este trabalho, utilizei de entrevistas com caminhoneiros ativos e aposentados, minhas próprias experiências sendo eu filha de caminhoneiro, programa de televisão “siga bem caminhoneiro”, revista do caminhoneiro e artigos e dissertações.  

Introdução:

A necessidade de levar o sustento para suas familias os levam  a escolhas muitas vezes dificeis, muitos passam 15, 20, 30 dias ou mais, longe de suas famílias, em uma jornada de trabalho árdua. Muitos encontram forças no sentimento de amor pela profissão e família.

A cada dia os caminhoneiros enfretam constantes lutas, o preço pago por esses profissionais são de jornadas de trabalho excessivo, má alimentação e ainda abrem mão de suas vidas em sociedade, crescimento dos filhos e também do lazer. Tudo isto gera no trabalhador, que não recebe seu devido valor, doenças fisicas e psicologicas, uso de entorpecentes como ribite, para se manterem acordado durante as viajens. Em meio  a estes trabalhadores à sim aqueles que tem um comportamento desagradável, porém não podemos generalizar uma classe com a idéia de um caminhoneiro sem estudo, velho, barbudo, que não tem dinheiro, trai a mulher nas estradas da vida, abusa de crianças e adolescentes, isto já é algo ultrapassado. Pode se disser que muitos caminhoneiros andam bem arrumados, quando estão com suas famílias. Ainda mantêm-se dentro do possível permitido uma higiene, buscam completar seus estudos e estão conscientes das leis.

A crença em uma religião, ou divindade é uma das características presentes na vida desses profissionais que enfrentam todos os dias os desafios e as surpresas do trabalho e se apegam a estes momentos de fé para se tranquilizar. Notamos aspectos de solidão, amor, felicidade nas diversas frases colocadas nos para – choques dos caminhões.

O perigo de cada dia enfrentado pelos “moradores da boléia” é algo ainda preocupante, os inúmeros roubos a carga tornam a vida nas estradas muito difíceis, os caminhoneiros se protegem como podem, uns utilizam de armas outros andam em grupos para evitarem estas situações desagradáveis que põem suas vidas em risco. A vida na estrada é cheia de aventuras e desafios, alegria e tristeza. “Ser um caminhoneiro significa passar por dificuldade, viver longe da família e acima de tudo é ter histórias para contar”, ir e voltar de viagem na expectativa de chegar logo em casa e retornar as estradas sem saber se irá voltar.

  1. A família e o trabalho

A familia muitas vezes fica prejudicada pela longa jornada de trabalho. A trajetória que a vida os leva, é algo incrivel, pois mesmo passando longas horas fora de casa percebe se o orgulho dos filhos, significa que existe uma boa relação familiar dentro do possivel, o vasto conhecimento de lugares, pessoas os tornam únicos, “mapas cerebrais”. A forma como é passada suas histórias para seus filhos e netos nos mostram o amor pela profissão. Em minha trajetória como filha de um caminhoneiro guardei muitas memória boas e ruins, as viajens em familia, tornava aquele momento especial, não se via tristeza ou solidão, mas alegria, as longas viajens pareciam mais interessantes, muitas vezes me vi conversando no rádio px com caminhoneiros de vários lugares e culturas, era uma forma de passar o tempo. Lembro me dos dias que não pude viajar e meu pai chegava de viajem e no mesmo dia tinha que voltar para sua companheira de todos os dias e horas, a boléia, quando ia embora sempre cantavamos a música:  

“... Sentado na cabine do possante eu me preparo para mais uma jornada, esquento a máquina, me ajeito no volante, dou uma buzinada e para a turminha canto assim:Tchau tchau piquitita, tchau tchau, cuida bem da mamãe pra mim.Tchau tchau piquitita, tchau tchau, "Vou cuidar papaizinho, sim sim"   (A Piquitita - Duduca e Dalvan)

Segundo Michael Pollak a memória é uma operação coletiva dos acontecimentos e das interpretações do passado que se quer guardar na tentativa de reforçar sentimentos de pertencimentos sociais, assim como família, religião. Essas lembranças servem para nos manter em nossos respectivos lugares dentro da sociedade. Em minha entrevista com Ralmilia da Silveira Freitas, filha de um caminhoneiro, perguntei lhe como ela via o pai e como era sua relação familiar, bom ela me respondeu:

 “Sempre o vi como um cara que conseguia domar um monstro (Caminhão) e por isso sempre tive verdadeira admiração por ele,assim como tenho pelos meus irmãos,dirigir ônibus, Caminhões e Cavalo hidráulico é uma verdadeira arte e a relação familiar era boa na medida do possível, como ele tinha essa vida de estrada e via muita coisa,acho que existia uma cobrança maior em casa!”[1]

Em nossa conversa senti uma paixão na profissão do pai, e que mesmo com todas as dificuldades e cobranças ela o amava. Em suas palavras era nítido o orgulho e entusiasmo da mesma. “Eu, estou disposta sim a está profissão, vou seguir estes passos, porém estou buscando me aperfeiçoar como instrutora... para que ajude a manter essa profissão limpa! Cair na estrada é o meu sonho... e vou! Um futuro próximo!”

Muitos estudos dizem que caminhoneiros escolheram esta profissão pela falta de estudo, porém acredito que seja muito mais que isso, o entrevistado Raimundo afirma escolher essa profissão ainda pequeno, era seu sonho, quando lhe pergunto sobre a forma como é visto o profissional, ele humildemente me responde que a pessoa é aquilo que ela quer ser, ele quis não se envolver com as coisas que lhe eram oferecidos na estrada, e isso é uma decisão de cada um, e ainda afirma que sua vida melhorou muito depois que entrou para o evangelho.[2]

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